A aldeia de Cércio, no concelho de Miranda do Douro, celebra este sábado, dia 8 de fevereiro, a festa em honra de São Brás, uma festividade que começa com o peditório animado pelas danças dos pauliteiros locais, tem o momento central com a celebração da eucaristia e encerra com o baile animado pelo grupo Unos.
Na localidade de Cércio, a festa começa com o peditório matinal, animado pelo grupo de pauliteiros locais.
A celebração da eucaristia em honra de São Brás, está agendada para as 14h30.
Durante a tarde, com a tradição do acender da fogueira ocorre a entrega da festa à nova mordomia.
Em Cércio, a festa dedicada a São Brás encerra com a animação musical dos do grupo UNOS e do DJ Jorge Barroso.
São Brás
São Brás viveu entre os séculos III e IV e exerceu a profissão de médico.
O culto a São Brás foi trazido para a Europa e tornou-se um dos santos mais populares da Idade Média, muito provavelmente por ter sido médico e por lhe terem sido atribuídas muitas curas miraculosas.
São Brás é considerado protetor da garganta e patrono dos médicos otorrinolaringologistas.
Agricultura: Reprogramação do PEPAC aumenta rendimento dos agricultores
A Comissão Europeia aprovou a reprogramação do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), que vai permitir aumentar o valor médio do apoio ao rendimento base dos agricultores em 50%, anunciou o Ministério da Agricultura.
“Esta reprogramação vai permitir aumentar o valor médio do apoio ao rendimento base dos agricultores portugueses em mais de 50%, dos 82 euros por hectare – inicialmente previstos – para 126 euros por hectare, já a partir do Pedido Único de 2025”, indicou o Ministério da Agricultura.
A terceira reprogramação PEPAC para 2023-2027 recebeu ‘luz verde’ non dia 4 de fevereiro.
De acordo com o executivo, esta reprogramação vai também promover uma maior flexibilidade, ao disponibilizar 50 milhões de euros para a criação de instrumentos financeiros, que vão mobilizar cerca de 500 milhões de euros de investimento.
Entre 17 de fevereiro e 15 de maio decorre o período de apresentação do Pedido Único (PU), referente à campanha de 2025.
O PU abrange os pagamentos diretos, os apoios associados, ecorregimes, desenvolvimento rural, pagamentos da rede natura, a manutenção da atividade agrícola em zonas desfavorecidas e as medidas florestais.
Citado na mesma nota, o ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, defendeu que, com estas medidas, a implementação da PAC será mais equilibrada, com maior rendimento para os agricultores.
Esta vai ainda promover “a renovação geracional, assegurando o aproveitamento completo dos recursos disponíveis sem perder um único cêntimo”.
O Governo precisou, no documento da reprogramação, que o principal objetivo prende-se com o reforço da resiliência do solo com utilização agrícola, florestal e agroflorestal, “respondendo a alterações de contexto económico e de políticas europeias e corrigindo opções disruptivas anteriores”.
Conforme apontou, a instabilidade dos mercados tem causado o adiamento da execução de investimentos, verificando-se um desfasamento temporal dos instrumentos de apoio, nomeadamente do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) e do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Por outro lado, a inflação diminuiu o valor dos apoios da PAC e levou a uma diminuição do rendimento, o que coloca em causa “uma parte importante da superfície agroflorestal”.
Vimioso: Curso em “Armadilhagem fotográfica” com 25 formandos
Em Vimioso, termina a 6 de fevereiro, o curso em “Armadilhagem fotográfica para estudos de ecologia e monitorização da fauna silvestre”, uma iniciativa que nesta sexta edição contou com a participação de 25 formandos, vindos de várias regiões de Portugal, Espanha, Itália, Brasil e Argentina.
A professora universitária, Patrícia Mateo Tomás, foi uma das formadoras do curso que decorreu em Vimioso.
O curso denominado “Uso e Potencialidades da Armadilhagem Fotográfica em Estudos de Ecologia e Monitorização de Fauna Silvestre” decorreu de 3 a 6 de fevereiro, no Parque Ibérico de Natureza e Aventura (PINTA), em Vimioso e foi organizado pela Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural.
O biólogo da Palombar, João Santos, explicou que esta formação destina-se a alunos de licenciatura, mestrado, doutoramento em biologia e áreas afins, assim como a técnicos de monitorização e gestores de fauna silvestre.
“Aproveitámos a pausa letiva no ensino superior, entre o primeiro e segundo semestre, para ministrar o curso, que tem como principal objetivo dotar os participantes de conhecimentos técnicos e científicos sobre o uso da armadilhagem fotográfica como ferramenta de estudo e monitorização de populações de fauna silvestre, em particular mamíferos e aves”, começou por dizer.
O primeiro dia de formação em sala, foi orientado pelo professor Pablo Palência, tendo os participantes adquirido conhecimentos sobre o que é a técnica da armadilhagem fotográfica, os equipamentos utilizados e as normas a adoptar na sua utilização.
Nos dias 4 e 5 de fevereiro, sob a orientação dos formadores espanhóis, Pelayo Acevedo e Patrícia Mateo Tomás, foram analisados em estudo, os dados recolhidos através da armadilhagem fotográfica.
De acordo com a professora universitária, Patrícia Mateo Tomás, a técnica da armadilhagem fotográfica tem múltiplas utilidades, quer na ecologia, quer na conservação e gestão das espécies.
“Ao longo do curso, mostramos aos formandos as potencialidades desta técnica, desde a analise ecológica descritiva até aos crimes ambientais”, informou.
Questionada sobre a existência de lobos no norte de Portugal, a investigadora da universidade de Oviedo (Espanha), disse que a coexistência desta espécie com as populações nunca foi pacífica, mas atualmente há políticas que asseguram a compensação de danos.
“Com um trabalho baseado na ciência, isto é, no conhecimento do comportamento do lobo ibérico, penso que é possível a coexistência da espécie com atividades como a criação de gado. Quando acontecem conflitos e problemas, também há medidas preventivas e mecanismos de compensação de danos e prejuízos”, disse.
A formação "Uso e Potencialidades da Armadilhagem Fotográfica em Estudos de Ecologia e Monitorização de Fauna Silvestre” termina esta quinta-feira, dia 6 de fevereiro, numa jornada em que está programada uma saída de campo, para a aldeia de Uva.
Nesta localidade do concelho de Vimioso, os formandos vão conhecer o trabalho desenvolvido pela Palombar - Conservação da Natureza e do Património Rural.
Entre os formandos, Luana Teles, com formação em zoologia, veio do Algarve até Vimioso, para participar no curso em “Uso e Potencialidades da Armadilhagem Fotográfica em Estudos de Ecologia e Monitorização de Fauna Silvestre”.
“Aproveitei o estágio que estou a realizar na Palombar, para frequentar o curso, dado que a técnica da fotoarmadilhagem é muito importante no trabalho de conservação da biodiversidade e no conhecimento do comportamento dos animais”, justificou.
Por sua vez, Óscar Gomez, veio de Madrid (Espanha), onde é vigilante florestal, para adquirir mais conhecimentos na utilização das câmaras fotográficas.
“Decidi participar neste curso para otimizar o trabalho na vigilância da floresta e na gestão da fauna, em Madrid. Outra razão são os delitos e infrações ambientais, que temos que reportar e esta técnica da armadilhagem fotográfica é muito útil no combate e dissuasão de crimes”, justificou.
O curso foi organizado em parceria com o Instituto de Investigación en Recursos Cinegéticos – Universidad de Castilla-La Mancha (IREC, CSIC-UCLM-JCCM) e o Instituto Mixto de Investigación en Biodiversidad – Universidad de Oviedo (IMIB, UO-CSIC-PA), de Espanha.
A formação contou com o apoio da Câmara Municipal de Vimioso, Vales de Vimioso e PINTA – Parque Ibérico de Natureza e Aventura de Vimioso.
Ambiente: ICNF cria novo incentivo para cabras sapadoras
O Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) está a preparar uma nova medida, para apoiar o pastoreio de cabras, no âmbito da prevenção de incêndios, depois do anterior apoio ter ficado aquém das expectativas.
Os concursos para apoiar as chamadas cabras sapadoras – rebanhos de ovelhas e cabras que asseguram a limpeza de terrenos – surgiram após os grandes incêndios de 2017, mas a sua procura ficou muito aquém do esperado, com as candidaturas aprovadas a totalizarem cerca de 800 mil euros, quando havia um total de dez milhões de euros disponíveis nos três avisos lançados entre 2018 e 2019.
A fraca procura de candidatos levou a uma reflexão dentro do ICNF, que concluiu que “o valor financiado por hectare de pastoreio era baixo, tendo em conta a exigência que uma atividade de pastoreio acarreta”, afirmou à agência Lusa a instituição, em resposta escrita.
Segundo o ICNF, também terá contribuído a “inexistência de uma medida financiadora que permitisse ao pastor obter assistência técnica para a submissão de candidaturas e pedidos de pagamento”.
Com a execução das candidaturas dos três avisos anteriores terminada (a última a 31 de dezembro de 2024), o ICNF está agora a elaborar “uma medida que visa apostar na prevenção dos incêndios rurais”, com recurso, “designadamente, ao pastoreio”, disse.
De acordo com o ICNF, esta nova medida deverá ser lançada ainda este ano.
Os três avisos lançados no passado permitiram apoiar 48 rebanhos de cabras e ovelhas, com 10.033 efetivos aprovados, dos quais cerca de sete mil eram caprinos.
Dos 48 rebanhos, quatro são geridos por entidades públicas, estando a maioria concentrados nas regiões Centro (15) e Norte (21).
Nas candidaturas aprovadas, ficou contratualizada a limpeza de um total de 3.346 hectares por estes rebanhos ao longo de cinco anos, disse.
Nos três avisos de candidaturas, registaram-se ainda 13 desistências, afirmou o ICNF.
Bragança-Miranda: Bodas de ouro sacerdotais de Adelino Paes
No Domingo, dia 9 de janeiro, a Diocese de Bragança-Miranda celebra o 50º aniversário da ordenação sacerdotal do monsenhor Adelino Fernando Paes, vigário-geral diocesano, natural de Picote, no concelho de Miranda do Douro.
“A Diocese vai comemorar a data, na Catedral de Bragança, com um conjunto de iniciativas para as quais convida todos os fiéis, clero e agentes pastorais”, informa uma nota enviada à Agência ECCLESIA.
O programa inclui um momento evocativo às 16h30, seguido de uma Eucaristia, às 18h00, presidida pelo bispo D. Nuno Almeida; após a celebração eucarística é servido um porto de honra, na cripta.
Natural de Picote (Mirando do Douro), monsenhor Adelino Paes, de 78 anos, frequentou os Seminários de Vinhais, Bragança, Conciliar de Braga, e Olivais (Lisboa), formou-se em Teologia Sistemática pela Universidade Católica Portuguesa, e em Teologia Pastoral pelo Instituto Superior de Pastoral, em Madrid.
Em 1975, é ordenado presbítero, por D. Manuel de Jesus Pereira, tendo sido docente e pároco em Bragança (Santos Mártires, Santo Condestável, vicariato de S. Tiago, Castro de Avelãs, Formil, Castanheira e Gostei).
Além disso, o cónego do Cabido da Catedral constitui em 2011, com o tio, cónego Aníbal Folgado, a Fundação Betânia – Centro de Apostólico de Acolhimento e Formação, da qual é presidente.
“Em 2015 foi nomeado capelão do Papa Francisco tendo-lhe sido atribuído o título de Monsenhor”, indica a diocese.
O monsenhor Adelino Fernando Paes exerceu vários cargos pastorais na diocese e desempenhou o cargo de administrador, entre fevereiro de 2022 e junho de 2023. Atualmente, é vigário-geral e presidente do Instituto diocesano do clero.
O antigo líder do PSD, Luís Marques Mendes, apresenta a 6 de fevereiro a sua candidatura a Presidente da República, numa sessão em Fafe, a sua terra-natal, para a qual não foram feitos convites a figurais nacionais do PSD.
A sessão de apresentação está marcada para as 18:00, no auditório do lar da Santa Casa da Misericórdia de Fafe, a que foi atribuído o nome do seu pai, António Marques Mendes, fundador do PSD no distrito e ex-deputado na Assembleia da República e no Parlamento Europeu.
Para esta apresentação inaugural, o candidato disse não ter feito convites a ninguém, à exceção do presidente da Câmara de Fafe, ficando para futuras sessões a presença de figuras nacionais do PSD, partido que liderou entre 2005 e 2007.
Caberá ao presidente da Câmara de Fafe, Antero Barbosa, eleito e recandidato às próximas autárquicas pelo PS, fazer uma intervenção de saudação, antes do discurso de fundo do candidato a Belém.
No seu último comentário televisivo na SIC, Luís Marques Mendes justificou a sua candidatura presidencial por entender, depois de uma reflexão pessoal e de “ouvir muita gente”, que podia ser útil ao país e elegeu três grandes causas: ambição, estabilidade e ética.
“Nós não podemos passar a vida em crises políticas, nós não podemos passar a vida em dissoluções e eleições antecipadas”, considerou, defendendo que para tal “é preciso ter alguma capacidade de fazer pontes”.
Por outro lado, prometeu “introduzir com muito mais força” o tema da ética na vida política, referindo que tomou decisões difíceis neste domínio quando liderou o PSD, entre 2005 e 2007, com as quais dentro do partido “quase ninguém concordou”.
“Hoje é preciso ir muito mais longe, mas muito mais longe. Uma parte grande dos portugueses está um bocadinho farta dos políticos, da classe política. Isto não é bom em termos de democracia. Não se resolve com populismo. Resolve-se é a fazer um maior apelo à ética e aprofundar e desenvolver um conjunto de decisões para que as pessoas voltem a confiar”, sustentou.
Segundo Marques Mendes, a par destas duas causas, Portugal precisa de ambição, porque é “um país de um modo geral conformado, resignado, parece que até deprimido, parece que acomodado”, o que se propõe combater se for eleito chefe de Estado.
“É uma doença que temos esta de pouca ambição”, comparou.
Luís Marques Mendes, 67 anos e militante do PSD desde os 16 anos, já foi deputado, secretário de Estado, ministro em quatro governos e líder dos sociais-democratas entre 2005 e 2007.
Atualmente, é advogado e conselheiro de Estado escolhido pelo atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente da República já anunciou que tenciona marcar as presidenciais para 25 de janeiro de 2026, calhando uma eventual segunda volta a 15 de fevereiro, três semanas depois.
Luís Marques Mendes irá fazer a apresentação da sua candidatura com quase um ano de antecedência – na véspera da data escolhida pelo anterior chefe de Estado Jorge Sampaio, que se apresentou como candidato em 7 de fevereiro de 1995.
Com os propósitos de diversificar a oferta desportiva e proporcionar a prática do voleibol às jovens mirandeses, o Clube Desportivo de Miranda do Douro (CDMD) formou um equipa feminina de voleibol, que na época 2024/2025 compete no campeonato regional de voleibol juvenis feminino.
Os treinos da equipa feminina de voleibol realizam-se às segundas-feiras e aos sábados.
O presidente do Clube Desportivo de Miranda do Douro (CDMD), Nuno Martins, relembrou que a missão do clube, fundado a 31 de agosto de 2022, é dar aos jovens mirandeses a oportunidade de praticar desporto, em várias modalidades.
“Começámos com o futsal, constituindo a equipa de séniores e formámos as camadas jovens, entre as quais os júniores e as equipas femininas de petizes e traquinas. Seguiu-se a formação da equipa de atletismo. E nesta época de 2024/2025, dado o interesse de algumas jovens pela modalidade, avançámos para a constituição de uma equipa feminina de voleibol”, disse.
Nesta época desportiva, as jovens mirandesas competiram, pela primeira vez, no campeonato regional de voleibol juvenis feminino. O treinador da equipa do CDMD, Rui Bastos, justificou a aposta nesta modalidade dado o gosto das jovens mirandesas pelo desporto e em particular, pelo voleibol.
“A equipa é formada por 10 jogadoras. Neste primeiro ano competimos com clubes como o Valpaços, o Bragança, o Vila Real e o Chaves. Dada a nossa localização geográfica, a logística e as deslocações para os jogos noutras localidades da região de Trás-os-Montes são o maior encargo para o clube e para o município de Miranda do Douro, pelo que agradecemos o apoio recebido”, disse.
Sobre a evolução da equipa, o técnico Rui Bastos, afirmou que as jovens jogadoras estão a aperfeiçoar a técnica e a capacidade física, dado que o voleibol é uma modalidade que exige força e elasticidade.
“Os treinos de voleibol realizam-se às segundas-feiras, às 17h30, no pavilhão da Escola Secundária de Miranda do Douro. Aos sábados, os treinos decorrem no pavilhão multiusos de Miranda do Douro. Já os jogos são disputados, habitualmente, aos Domingos”, indicou.
A jovem Patrícia Miranda, de 16 anos, é uma das praticantes de voleibol no Clube Desportivo de Miranda do Douro (CMDM). Questionada sobre o que a motivou a fazer parte da equipa, a jovem mirandesa respondeu que gosta que praticar várias modalidades desportivas.
“Em Miranda do Douro já praticávamos o gira vólei e quando surgiu a oportunidade de praticar o voleibol decidi inscrever-me na equipa. O que mais aprecio nesta modalidade é o jogo de equipa e a ligação que se cria entre as várias jogadoras. Mesmo fora de campo, criámos uma grande amizade entre nós”, disse.
Por sua vez, a companheira de equipa, Matilde Alves, também com 16 anos, referiu neste primeiro ano está a descobrir o voleibol e por isso encara a experiência como uma aprendizagem e não tanto como uma competição.
“Com os treinos e os jogos estamos a aperfeiçoar as técnicas do voleibol, nomeadamente na receção, passe, bloqueio e remate. Outros aspetos que também queremos melhorar são a concentração e os nossos posicionamentos dentro do campo de jogo. Para evoluirmos individualmente e como equipa também é importante escutar as apreciações do nosso treinador”, disse.
Sobre a primeira participação no campeonato regional de juvenis, ambas as jogadoras do CDMD afirmaram que “está a ser uma aprendizagem, para no futuro fazerem muito melhor”.
O Vaticano divulgou um novo documento sobre o desenvolvimento da inteligência artificial (IA), alertando para os riscos destes sistemas e da concentração de recursos num conjunto de empresas “poderosas”.
“O facto de a propriedade das principais aplicações de Inteligência Artificial (IA) estar concentrado nas mãos de algumas empresas poderosas suscita preocupações éticas significativas”, refere a nota ‘Antiqua et nova’ (antiga e nova), sobre a relação entre a IA e inteligência humana.
O texto é assinado pelos cardeais D. Víctor Fernández, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, e D. José Tolentino Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação.
A reflexão adverte que nenhum indivíduo “consegue ter uma supervisão completa dos vastos e complexos conjuntos de dados utilizados para a computação”.
“Esta falta de responsabilidade bem definida gera o risco de a IA poder ser manipulada para benefício pessoal ou empresarial, ou para orientar a opinião pública para os interesses de um sector”, pode ler-se no documento, enviado aos jornalistas.
Ao longo de 35 páginas, preenchidas por duas centenas de citações (214 notas), o novo texto aborda as questões antropológicas e éticas levantadas pela IA, assumindo “preocupações sobre a sua possível influência na crescente crise da verdade no debate público”.
Os colaboradores do Papa sublinham que a IA deve ser utilizada para “promover a dignidade humana e o bem comum, e não para substituir ou degradar a pessoa humana”.
O texto assume preocupações perante “problemas substanciais de responsabilidade ética e de segurança, com repercussões mais vastas na sociedade em geral”.
A relação entre IA e o mundo do trabalho é vista como “fonte de enormes oportunidades, mas também de riscos profundos”.
“Embora a IA prometa aumentar a produtividade ao assumir tarefas comuns, os trabalhadores são muitas vezes forçados a adaptar-se à velocidade e às exigências das máquinas, em vez de as máquinas serem concebidas para ajudar aqueles que trabalham”, indica o Vaticano.
A nota conjunta rejeita a ideia de uma “humanidade escravizada pela eficiência”, alertando para as “implicações antropológicas e éticas” do desenvolvimento tecnológico.
A humanidade arrisca-se a criar um substituto de Deus. Em última análise, não é a IA que é deificada e adorada, mas o ser humano, que se torna, assim, escravo do seu próprio trabalho”.
O documento aborda questões específicas, como o impacto da IA na sociedade, na educação, no trabalho, na saúde, na guerra e na espiritualidade.
“Embora a IA processe e simule certas expressões de inteligência, permanece fundamentalmente confinada a um domínio lógico-matemático, o que lhe impõe certas limitações inerentes”, indica o Vaticano.
A reflexão sublinha a centralidade da “dignidade humana”, considerando importante que a” pessoa que toma decisões com base na IA seja responsabilizada por elas e que seja possível justificar a utilização IA em todas as fases do processo”.
Pedindo algoritmos “fiáveis”, os responsáveis da Santa Sé apontam o “elevado grau de subalternidade em relação à tecnologia que caracteriza a sociedade contemporânea”.
A nota alerta para a “antropomorfização da IA” e defende que nenhuma aplicação é “capaz de sentir verdadeiramente empatia”.
Num mundo cada vez mais individualista, há quem se tenha virado para a IA em busca de relações humanas profundas, de simples companheirismo ou mesmo de laços emocionais”.
O texto reflete ainda sobre o campo da educação, falando numa “relação indispensável entre professor e aluno”, particularmente perante uma “cultura largamente digitalizada”
“A utilização extensiva da IA na educação poderia levar a uma maior dependência dos estudantes em relação à tecnologia”, indicam os responsáveis da Cúria Romana.
É necessário que os utilizadores todas as idades, mas sobretudo os jovens, desenvolvam uma capacidade de discernimento na utilização dos dados e conteúdos recolhidos na Internet ou produzidos por sistemas de inteligência artificial”.
O Vaticano dedica uma reflexão particular para os fenómenos de desinformação e o chamado “deepfake”, recordando que “os atuais programas de IA podem fornecer informações distorcidas ou fabricadas”. “Este tipo de engano generalizado não é um problema menor: atinge coração da humanidade, demolindo a confiança fundamental sobre a qual as sociedades são construídas”, lamenta a nota.
O documento adverte também contra mecanismos de controlo social e violação da privacidade, advogando maior respeito pelos dados pessoais. “Não há justificação para a sua utilização para fins de controlo para exploração, para restringir a liberdade das pessoas ou para beneficiar uns poucos à custa de muitos”, pode ler-se.
O texto identifica potenciais “avanços” no combate às alterações climáticas, com a ajuda da IA, mas recorda o “pesado impacto que estas tecnologias têm no ambiente”.
Citando o discurso do Papa na sessão do G7 sobre inteligência artificial em Borgo Egnazia (Itália), a 14 de junho de 2024, a nota observa que os sistemas de armas autónomas letais, capazes de identificar e atingir alvos sem intervenção humana direta, são “um sério motivo de preocupação ética”.
“Como a distância entre as máquinas capazes de matar com precisão e de forma autónoma e outras capazes de destruição maciça é curta, alguns investigadores que trabalham no domínio da IA manifestaram a preocupação de que essa tecnologia represente um ‘risco existencial’, sendo capaz de agir de formas que podem ameaçar a sobrevivência da humanidade”, alerta o Vaticano.
A nota reflete sobre a relação da humanidade com Deus, indicando que “à medida que a sociedade se afasta da ligação com o transcendente, alguns são tentados a recorrer à IA em busca de sentido ou de realização”.
O texto foi aprovado pelo Papa, numa audiência concedida aos responsáveis dos dicastérios para a Doutrina da Fé e da Cultura e Educação, a 14 de janeiro, sendo publicado, simbolicamente, esta terça-feira, dia em que o calendário litúrgico celebra São Tomás de Aquino, doutor da Igreja.
Sociedade: Aumento da mortalidade coincide com frio extremo
Em Portugal, o aumento de 11,8% da mortalidade registado em janeiro, coincidiu com os períodos de frio extremo e a epidemia de gripe, que podem levar à descompensação de doenças crónicas, justificou a Direção-Geral da Saúde (DGS).
“A análise preliminar das causas de morte aponta para um aumento da mortalidade por doenças do sistema respiratório e circulatório”, adiantou a DGS, salientando ser ainda prematuro atribuir uma explicação detalhada do fenómeno de mortalidade nesta época.
Entre 30 de dezembro de 2024 e 26 de janeiro, a DGS estima que se verificou um total de 1.191 óbitos em excesso, correspondendo a um aumento relativo de 11,8% face ao número de mortes esperado no país nesse período.
Os dados indicam ainda que o excesso de mortalidade registado em janeiro deste ano (1.191 mortes) é quase três vezes inferior ao registado na quarta semana de janeiro de 2024 (3.290).
A DGS admite essa redução da mortalidade por todas as causas pode estar relacionada com a menor agressividade do vírus influenza que circula em Portugal, com o efeito chamado `harvesting effect´ resultante da elevada mortalidade no ano passado ou ainda com a vacinação de alta dose nos idosos com 85 ou mais anos que foi ministrada pela primeira vez.
Aproximadamente 90% das mortes em excesso ocorreu na faixa etária dos idosos com 75 ou mais anos, com 1.044 óbitos a mais face ao esperado, correspondendo a um excesso relativo de 14,3%.
No que respeita às mulheres, os dados da direção geral indicam 920 óbitos em excesso nas primeiras quatro semanas do ano, o que significa uma mortalidade por todas causas com valores acima do esperado na ordem dos 14,8%.
Na primeira semana de janeiro registaram-se 319 mortes em excesso, na segunda 428, na terceira 137 e na quarta 307.
Segundo a DGS, este período de excesso de mortalidade foi coincidente com a epidemia de gripe sazonal, que se iniciou na semana de 09 a 15 de dezembro de 2024, e com períodos de frio extremo, com uma temperatura mínima semanal de 2,9ºC a partir de meio de dezembro e entre os 4,3ºC e os 4,7ºC nas semanas seguintes.
Este é um “fator reconhecidamente associado à descompensação de doenças crónicas”, adianta a direção-geral liderada por Rita Sá Machado, que mantém uma monitorização contínua da mortalidade em Portugal, com atualizações regulares através do relatório semanal da resposta sazonal em saúde.
O último boletim do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA) sobre a vigilância epidemiológica dos vírus respiratórios, divulgado na quinta-feira, refere que Portugal regista uma atividade gripal epidémica já com tendência estável, mas continuando a ser registado um aumento de casos de gripe do tipo A.
Saúde: Linha SNS 24 atendeu mais de 500 mil chamadas em janeiro
No mês de janeiro, a Linha do Serviço Nacional de Saúde (SNS 24) atingiu um novo máximo, com mais de 500 mil chamadas atendidas, indicou a presidente do Conselho de Administração dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS).
De acordo com a presidente do Conselho de Administração, Sandra Cavaca, o recurso à linha SNS 24 tem sido crescente e em janeiro foi atingido um novo máximo com mais de 500 mil chamadas atendidas.
Em reposta à deputada socialista Susana Correia, que se manifestou preocupada com o impacto da linha na melhoria da prestação de cuidados de saúde, Sandra Cavaca recordou que em 2024 foram atendidas 3,5 milhões de chamadas, com um tempo médio de espera de três minutos.
O “crescimento significativo” face a 2023 foi possível devido ao reforço da capacidade de resposta que, segundo a responsável, quase duplicou, mas Sandra Cavaca reconhece que existem “situações pontuais” que impactam os tempos de espera.
Pela altura do Natal, entre os dias 23 e 27 de dezembro, por exemplo, foram atendidas mais de 91 mil chamadas, registando-se um aumento de 131% face ao mesmo período do ano anterior, e apesar do reforço do número de profissionais, o tempo médio de espera rondou os nove minutos, sendo que 72% das chamadas tiveram resposta em até 15 minutos.
Entre os dias 30 de dezembro e 03 de janeiro, a linha SNS 24 atendeu 96 mil chamadas, mais 112% em relação ao período homólogo de 2023, com um tempo médio de resposta de 11 minutos.
“O SPMS não se revê nestes resultados, não é o que nos satisfaz, mas é para resolver estas situações que trabalhamos em parceria com o nosso operador para melhorar estes tempos e chegarmos à satisfação que tínhamos noutros tempos”, referiu.
Além da linha SNS 24, Sandra Cavaca referiu que mais de 94 mil mulheres foram triadas na Linha SNS Grávida, uma derivação da Linha SNS 24 (808 24 24 24) que entrou em funcionamento em 01 junho, sendo que cerca de 9.300 ficaram em autocuidados e mais de 16 mil foram encaminhadas para os cuidados de saúde primários.
A presidente do Conselho de Administração fez também um balanço do projeto-piloto “Ligue Antes, Salve Vidas”, que possibilitou o agendamento de 340 mil consultas nos cuidados primários, uma média de 500 agendamentos por dia.
Questionada sobre erros no encaminhamento de doentes, como o caso ocorrido no final do ano passado em Torres Vedras de uma criança encaminhada para uma urgência que estava fechada, Sandra Cavaca reconheceu falhas na comunicação dos horários das unidades locais de saúde.
De acordo com as conclusões do relatório preliminar da auditoria interna ordenada na altura, os horários de funcionamento estavam mal carregados no portal que serve de referência para o encaminhamento.
“Infelizmente, houve um erro humano e não foi detetado a tempo”, assumiu, sublinhando que os serviços partilhados têm contactado os conselhos de administração das unidades de saúde para apelar à atualização dos horários, sobretudo na altura de feriados e festividades.