São Pedro da Silva: O Velho e a Galdrapa voltam a animar a Festa de Santa Luzia
No Domingo, dia 14 de dezembro, iniciam-se no concelho de Miranda do Douro, as Festas de Solstício de Inverno, com a Festa de Santa Luzia ou do Velho e a Galdrapa, em São Pedro da Silva, antigas tradições relacionadas com o ciclo da natureza e momentos de socialização nas comunidades rurais.

A primeira Festa de Solstício de Inverno no concelho de Miranda do Douro, é a Festa de Santa Luzia ou do Velho e a Galdrapa, uma festividade organizada pela freguesia de São Pedro da Silva, que começa com a celebração religiosa (no Domingo, dia 14 de dezembro, às 10 horas da manhã), seguida do peditório pelas ruas da aldeia, que é feito por duas personagens mascaradas, o Velho e a Galdrapa.
“É um ritual de visita, de ir de casa em casa, de celebração comunitária. Esta festa está também relacionada com o ciclo solsticial, isto é, com o tempo circular da natureza. Com a chegada do inverno, celebra-se o fim das colheitas, das vindimas, da apanha da castanha e da azeitona. Depois da azáfama e satisfação pelas colheitas segue-se a festa, com a prova do vinho novo e a matança do porco. Com o frio do inverno, antigamente, os trabalhos eram dentro de casa, com a fiação da lã e a preparação dos instrumentos de trabalho para o novo ano agrícola, que voltará a iniciar-se na primavera”, explica o etnógrafo, Mário Correia.
Em São Pedro da Silva, a festa em honra de Santa Luzia prossegue com um almoço convívio (13h30) e uma tarde recreativa animada com a atuação do Grupo Etnográfico Terra de Miranda, às 15h00.
De 27 a 29 de dezembro, é a vez da aldeia de Constantim, celebrar a Festa de São João Evangelista ou Fiesta dos Moços.
À semelhança do que acontece em São Pedro da Silva, também na localidade raiana de Constantim, uma das atrações da festa é o peditório pela aldeia feito pelas “figuras” do Carocho e da Velha, acompanhados pela música dos gaiteiros e as danças dos pauliteiros locais.
“Nesta ronda pela aldeia, o Carocho e a Velha convidam os residentes para a festa e recolhem a esmola, em dinheiro ou espécie (como peças fumeiro, que chegam a ser roubadas pelos mascarados)”, descreve.
Finalmente, a 1 de janeiro de 2026, em Vila Chã da Braciosa celebra-se a Festa do Menino – Fiesta De L Menino. Também nesta aldeia das arribas do Douro, o peditório para a festa decorre ao som da música da gaita-de-foles, das danças dos pauliteiros e das saudações aos moradores pelos mascarados a “Velha, o Bailador e a Bailadeira”.
“Nesta festividade, a missa solene acontece por volta do meio-dia e conta com a participação das figuras e do gaiteiro. Segue-se o arraial, com o acender da fogueira no largo da igreja e o bailarico pela noite dentro, enquanto os figurantes continuam a pedir a «esmola» a quem aparece na Festa do Menino”, indica.
Com o propósito de preservar estas três Festividades de Solstício de Inverno, o município de Miranda do Douro pretende inscrevê-las no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial. Na perspectiva do etnógrafo, Mário Correia, as festas de solstício de inverno do concelho de Miranda do Douro têm muito potencial, mas dependem da sua preservação e vivência pelas comunidades.
“O despovoamento das aldeias é uma séria ameaça à continuidade destas tradições. No entanto, o município de Miranda do Douro está seriamente empenhado em preservar estas antigas tradições, que estão relacionados com o ciclo da natureza.”, explicou o etnógrafo.

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