Ambiente: Projeto ibérico de cabras sapadoras não foi implementado
O projeto transfronteiriço apresentado há uma década, que previa a introdução de 150 mil cabras sapadoras na zona raiana, não foi implementado por falta de apoios comunitários e dos governos ibéricos, informou o Agrupamento Europeu de Cooperação Transfronteiriça (AECT) Duero – Douro.
O “Self Prevention” foi desenvolvido pelo Agrupamento Europeu de Cooperação Transfronteiriça (AECT) Duero – Douro e visava a prevenção de incêndios com recurso à introdução de 150 mil cabras para a limpeza das matas, promovendo ainda o “desenvolvimento económico e rural” das zonas raianas dos distritos da Guarda, Bragança, e das províncias espanholas de Zamora e Salamanca.
O projeto tinha um orçamento previsto de 88 milhões de euros.
Em declarações, o diretor geral do AECT Duero – Douro, José Luís Pascoal, disse que o projeto só não avançou por falta de financiamento dos governos de Portugal e Espanha e da União Europeia, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).
“O projeto [Self Prevention] só não seguiu em frente por falta de financiamento dos governos de Espanha e Portugal e da União Europeia, apesar de os dois governos ibéricos terem visto potencial neste projeto”, concretizou o responsável.
O programa transfronteiriço contemplava a criação de uma empresa, com capitais públicos e privados, que ficaria responsável pela distribuição dos efetivos caprinos e pela criação de equipamentos que sustentassem a rentabilidade económica do projeto, que tinha a sua conclusão prevista para 2016.
Para o efeito chegou a ser constituída uma Sociedade Gestora de Participações com 51 por cento de capital público e 49 por cento privado com um ” investimento total de 88 milhões de euros”.
“Os governos português e espanhol na altura comprometeram-se, verbalmente, no início do projeto em 2011, a assegurar o financiamento 50 por cento do seu valor”, frisou o diretor geral do AECT – Duero – Douro
Para além do investimento global que previa um investimento de 88 milhões de euros, estava prevista a criação de 700 postos de trabalho diretos.
“Tratava-se de um projeto de grande envergadura, mas não teve o financiamento necessário por parte de Espanha e Portugal, apesar de várias reuniões de trabalho tidas em Bruxelas, para a apresentação do ‘Self Prevention’”, confirmou Pascual.
Com base da iniciativa, estava ainda prevista a construção de 11 queijarias, uma unidade de transformação de leite, dois matadouros para abate dos animais (um em Portugal e outro em Espanha), seis lojas, uma plataforma logística para distribuição e comercialização de carnes e derivados de caprino e uma fábrica de rações, entre outros equipamentos.
“Este projeto transfronteiriço reunia todas as condições para ser um importante instrumento para a criação de riqueza e ajudaria a travar os incêndios florestais. Não há outra forma de prevenir os danos provocados pelo fogo nos montes ibéricos”, reiterou o diretor geral do AECT Duero -Douro.
Esteve ainda previsto um investimento para Palaçoulo, no concelho de Miranda do Douro, no distrito de Bragança, e a instalação de uma outra exploração e que deveria começar a funcionar no primeiro semestre de 2012, o que nunca aconteceu.
Passada uma década sobre a apresentação de um projeto que ficou pelas intenções, o AECT Duero- Douro garante que está à disposição dos governos ibéricos e da União Europeia para continuar o “Self Prevention”, tido como “imperioso” para o território fronteiriço que estender pelos distritos de Bragança e da Guarda, do lado Português. Já do lado espanhol contempla as áreas das províncias de Zamora e Salamanca.
O AECT Duero-Douro foi criado em 2009 com cerca de duas centenas de entidades associadas e desde então tem vindo a desenvolver várias iniciativas no território transfronteiriço das províncias de Salamanca e Zamora no lado de Espanha e nas regiões portuguesas de Trás-os-Montes, Douro e Beira Interior Norte do lado português.
O seu principal objetivo é o de impulsionar o desenvolvimento rural através de diferentes projetos europeus de cooperação transfronteiriça.
Fonte: Lusa