A apanha da azeitona já não é o que era
Portugal é um dos maiores produtores mundiais de azeite. De acordo, com o presidente da Sendinense – Cooperativa Olivícola, a colheita deste ano é abundante e de boa qualidade. Tradicionalmente, a apanha da azeitona era um motivo de reunião familiar, mas o atual modo de vida e a mecanização da agricultura estão a alterar a tradição.
José António Rodrigues é o presidente da cooperativa olivícola, em Sendim, que congrega cerca de 500 olivicultores da região, alguns deles são os vizinhos espanhóis da região fronteiriça. Este ano, com a chuva que caiu em setembro a azeitona está bem “criada” e há muita quantidade, diz o presidente da cooperativa, que também é olivicultor.
Os cuidados com o olival
O olival sendo uma cultura permanente, ao longo do ano, precisa de cuidados. E os mais importantes são a limpeza e a adubação. Tal como outras árvores, como as macieiras ou as pereiras, também as oliveiras precisam ser podadas todos os anos. Relativamente à lavragem dos olivais, José António Rodrigues, diz que há engenheiros agrícolas que defendem que os olivais não precisam de ser lavrados. E na região de Sendim, concretamente nos olivais situados nas arribas do Douro, aí não há possibilidade de lavrar, dada a inclinação do terreno. Hoje em dia, estão-se a plantar muitos olivais novos, em terrenos planos e cumprindo as normas de distanciamento entre as árvores, para permitir a apanha mecânica da azeitona.
A apanha da azeitona
A tradição familiar da apanha da azeitona está a mudar. Se antigamente, esta tarefa agrícola era um motivo para juntar as famílias, hoje em dia, só pontualmente, é que as famílias esperam pela chegada dos seus membros para realizaram em conjunto a apanha da azeitona. Por exemplo, aos fins-de-semana. No entanto, para a maioria das famílias esta reunião familiar torna-se impossível, pois uns vivem no estrangeiros ou noutras regiões do país. A estas dificuldades sobrepõe-se também a atual pandemia, que veio colocar restrições à mobilidade e é um outro impedimento à reunião familiar, para a apanha da azeitona.
Também as técnicas da apanha da azeitona continuam a evoluir. Se é verdade que ainda há pessoas que continuam a realizar esta tarefa agrícola com o sistema tradicional, isto é, com as varas e as lonas estendidas no chão das oliveiras. Também se vê, cada vez mais, o recurso à mecanização, como o uso do varejador mecânico, em vez das varas tradicionais. A outra técnica cada vez mais utilizada pelos olivicultores é o sistema do tolde adaptado ao trator. Seja qual for a técnica utilizada, o trabalho da apanha da azeitona nestes dias curtos, de outono, inicia-se bem cedo, às 8h00 da manhã, as pessoas já estão nos olivais. Após o trabalho da manhã, fazem uma pausa para o almoço. E depois o trabalho prolonga-se até o anoitecer. Após a apanha da azeitona, muitos dos olivicultores de Sendim, Bemposta, Travanca e várias outras aldeias circundantes, levam a sua colheita para cooperativa, onde se transforma a azeitona em azeite. Para preservar a qualidade do azeite também é importante, que não se coloque a azeitona em recipientes que fermentem a azeitona, tais como as tradicionais sacas. De acordo com o presidente da cooperativa olivícola de Sendim, a melhor prática é mesmo apanhar a azeitona e encaminhá-la de imediato para a cooperativa ou lagar.
A vantagem de ser associado na cooperativa
Ser sócio ou associado de uma cooperativa, como a Sendinense – Cooperativa Olivícola, têm vários benefícios. Em primeiro lugar, aquando da entrega da azeitona, os associados da cooperativa têm prioridade relativamente aos não sócios. O custo de produção do azeite também é inferior. E os sócios da cooperativa olivícola, também beneficiam de uma maior facilidade em comercializar o seu azeite. Finalmente, a pertença à cooperativa permite aos olivicultores aceder a apoios e incentivos na plantação de novos olivais.
A comercialização do azeite
José António Rodrigues, presidente da cooperativa e também ele olivicultor, diz que anualmente, a sua colheita de azeitona produz entre 500 a 600 litros de azeite. Sendo proprietário de um restaurante, diz que muito do seu azeite se destina à restauração. A maior parte dos associados da Sendinense – Cooperativa Olivícola entrega o azeite à cooperativa, a qual é responsável pela sua comercialização. Tal como outros produtos da região, também o azeite enfrenta dificuldades de comercialização e de escoamento. Ainda assim, a cooperativa olivícola de Sendim consegue comercializar o azeite. sobretudo para o setor da restauração, nomeadamente para restaurantes no Porto, e para os lares de idosos.
Um azeite de qualidade
Segundo, o presidente da Sendinense – Cooperativa Olivícola, o azeite “Arribas em Flor” é de muito boa qualidade. A variedade da azeitona predominante na região é a “negrinha”, que produz, de acordo com o responsável olivícola, um azeite fino e com uma acidez muito baixa. O azeite “Arribas em Flor”, está à venda, em garrafão ou garrafa, e pode ser adquirido na cooperativa olivícola, em Sendim.
HA