Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Jesus
A Eucaristia é fazedora de santos
Ex 24, 3-8 / Slm 115 (116), 12-13.15.16bc.17-18 / Hebr 9, 11-15 / Mc 14, 12-16.22-26
Quando nos comparamos às primeiras comunidades, facilmente questionamos a nossa vivência da fé. Onde está toda aquela vida, sentido de missão, entrega mútua? Onde está o carisma e aquele fervor próprio dos cristãos? Quando nos comparamos com as descrições que chegaram até nós do Cristianismo primitivo, sentimo-nos pobres.
Contudo, aquilo que Jesus nos pediu mais insistentemente que fizéssemos continua a marcar as comunidades: a Eucaristia. O pedido de Jesus «fazei isto em memória de mim» não ficou esquecido. E isso deveria maravilhar-nos! Durante dois mil anos, nós nunca deixámos de celebrar este mistério da presença do Senhor no seu Corpo e Sangue.
Posso antever várias reservas: será que temos consciência do que fazemos? Desvirtuamos o que então se celebrava? Enchemos de solenidades e gestos vazios o que era simples? Despimos de símbolo o sacramento da Eucaristia que a Tradição se encarregou de nos entregar? Todas estas perguntas são válidas e pertinentes e, contudo, neste dia, gostava que concentrássemos o coração numa só oração de ação de graças: obrigado, Senhor, por mantermos vivo o teu pedido.
Na pluralidade de ritos católicos, nas mais diversas línguas, continuamos a celebrar o mistério da paixão, morte e ressurreição do Senhor até que Ele venha. Reconhecemo-nos pobres de Deus, sedentos de amor, entregando os nossos bens – e a nossa vida com eles –, frutos do dom de Deus e do nosso trabalho, para que sejam consagrados, alimentando-nos do mesmo pão partido, agora Corpo de Cristo, e bebendo do vinho da alegria do encontro, agora Sangue que dá vida, meras migalhas que contêm dentro de si, todo inteiro, aquele que é demasiado grande para caber no Universo.
A Eucaristia é fazedora de santos. Entremos nela de coração aberto, para que a comunhão do Corpo e do Sangue de Cristo nos guie até aos irmãos.