Avelanoso: A castanha e a feira distinguem-se pela qualidade
A VIII Feira da Castanha e dos Produtos da Terra, que decorreu em Avelanoso, no fim-de-semana de 28 e 29 de outubro, não obstante a chuva registou a afluência de muito público, confirmando assim que esta localidade do concelho de Vimioso é cada vez mais uma referência na produção, qualidade e comercialização de castanha.
Na manhã de sábado, dia 28 de outubro, a oitava edição da feira da castanha iniciou-se com a já tradicional montaria ao javali, que este ano reuniu oito matilhas de cães e 155 caçadores, muitos deles vindos de outras regiões do país.
Entre estes caçadores estava o casal, Sandra Peixe e o companheiro, Leonel Pires, naturais de São Martinho do Peso e de Algoso, respetivamente. Quando questionados sobre o que os motivou a participar na montaria ao javali, responderam que gostam muito da natureza, do convívio entre os caçadores e encaram a caça como uma atividade desportiva e de lazer.
“As montarias ao javali são um bom exemplo de como é possível atrair pessoas de outras regiões do país para a nossa região e assim dinamizar a economia local. Pelo que vejo, estes caçadores que compram os produtos locais são também os melhores promotores da nossa região junto dos familiares e amigos”, disse a jovem caçadora.
Por sua vez, o veterano caçador, Rui Freixo, que veio de Baião, no distrito do Porto, com um grupo de amigos para participar na montaria ao javali, em Avelanoso, destacou as condições excecionais da região transmontana para a prática da caça.
“Há 40 anos que temos o gosto em caçar na região de Trás-os-Montes, seja à caça ao javali, como também à caça-menor do coelho-bravo e da perdiz. Nestas viagens a Trás-os-Montes aproveitamos sempre para adquirir alguns produtos locais, como é o caso da castanha”, disse.
Do lado dos 33 produtores presentes na VIII Feira da Castanha e dos Produtos da Terra, Mafalda Gonçalves, cuja família costuma colher entre seis a sete toneladas de castanha por ano, informou que campanha iniciou-se no final de outubro e as perspectivas não são as melhores.
“Este ano há uma acentuada redução de castanha e para agravar a situação verificámos que muitas têm bicho. Por isso, nesta campanha prevemos colher apenas dois mil quilos de castanhas. Esta quebra na colheita deve-se às alterações climáticas, sobretudo o excesso de calor fora de tempo, o que não permitiu desenvolver inteiramente as castanhas nos ouriços”, explicou.
Para além da castanha, na feira em Avelanoso, a família Gonçalves comercializou outros produtos locais, como são a noz, amêndoa, avelã, mel, goji, e as tradicionais cascas de feijão.
Para a população de Avelanoso, a chegada de tantos visitantes no decorrer do fim-de-semana de 28 e 29 de outubro foi uma alegria e uma oportunidade de convívio.
“Ano após ano, a feira da castanha de Avelanoso consegue atrair a vinda de muitas pessoas, seja para participar a montaria, para comprar produtos na feira, ou para assistir aos concertos musicais e participar noutras atividades”, informou, Filipe Canedo.
“Avelanoso tem uma floresta diversificada, com carvalhos, freixos, pinheiros e soutos, o que é propício para o surgimento de uma grande variedade de cogumelos silvestres. Na manhã de Domingo, foram recolhidas várias espécies comestíveis e não comestíveis, para que as pessoas estejam bem informadas sobre aquelas que podem apanhar”, informou.
O especialista em micologia informou ainda que com esta atividade, pretende-se ensinar o público a apanhar corretamente os cogumelos silvestres.
“Para a apanha há que utilizar uma cesta e uma faca para cortar os cogumelos pela base do caule, de modo a mão destruir o solo”, indicou.
Outra pessoa natural de Avelanoso, Manuel Afonso, vive e trabalha em Lisboa. Tirou quatro dias de férias para ajudar a família a apanhar castanhas e para participar na VIII Feira da Castanha e dos Produtos da Terra.
“Já é uma tradição tirar férias nesta altura do ano, para apanhar as castanhas, para participar na Feira da Castanha e dos Produtos da Terra e celebrar o Dia de Todos os Santos! O mais difícil na apanha das castanhas é andar todo o dia curvado para o chão. Sobre a feira, vejo que o evento está a crescer e já é uma marca na região”, disse.
Para o sucesso deste evento, o vice-presidente da Câmara Municipal de Vimioso, António Santos, destacou o empreendedorismo da junta de freguesia de Avelanoso.
“Graças ao conhecimento e ao dinamismo do presidente da freguesia, Fernando Rodilhão, esta feira dedicada à castanha é uma referência no planalto mirandês. A feira da castanha de Avelanoso é mais um evento bem sucedido, pois consegue cumprir o objetivo de revitalizar esta freguesia do concelho de Vimioso”, disse.
Foi o que descobriu o espanhol, Juan Miguel, vindo de Valladolid, ao ficar impressionado com as chegas de touros, que decorreram na tarde de Domingo, em Avelanoso.
“Viemos visitar esta região e em Avelanoso fiquei maravilhado com a tradição das lutas de touros mirandeses. Nunca tinha visto nada semelhante, entre animais tão grandes!”, disse.
Sobre a VIII Feira da Castanha e dos Produtos da Terra, o visitante espanhol que veio acompanhado da esposa e de um casal de amigos, afirmou que é um apreciador destes eventos locais, onde é possível conhecer os produtos e as tradições de cada localidade.
Outra tradição na VIII Feira da Castanha e dos Produtos da Terra, em Avelanoso, foi o magusto de castanhas assadas, que encerrou o certame e deliciou as crianças e os adultos. No decorrer do magusto, o presidente da freguesia local, Fernando Rodilhão, expressou a sua alegria pela consolidação deste certame, que todos os anos traz milhares de pessoas à localidade.
“Este ano, a feira da castanha decorreu com chuva e mesmo assim as pessoas não deixaram de vir a Avelanoso. Isso demontra bem o patamar a que chegou o certame. Ano após ano, regista-se um aumento no número de visitantes e nós queremos corresponder com o aumento da qualidade. A tenda dos expositores e concertos, por exemplo, tem maior altitude para proporcionar uma melhor sonorização acústica no interior”, disse.
Com o objetivo da oferecer qualidade ao público, Fernando Rodilhão, acrescentou que a organização da Feira da Castanha e dos Produtos da Terra também apostou na restauração.
“Este ano, ao longo dos dois dias da feira disponibilizámos o serviço de restaurante e ao todo foram servidas cerca de 1000 refeições. Pelas críticas, todas as pessoas ficaram deliciadas com as refeições e muito agradadas com o serviço apresentado”, disse.
Anualmente, a Feira da Castanha e dos Produtos da Terra, em Avelanoso, coincide com a época da apanha da castanha e é uma iniciativa organizada pela União de Freguesias de Vale de Frades e Avelanoso, que conta com o apoio do município de Vimioso.
HA