Portugal/ Espanha: Programa bilateral quer “revitalizar e recuperar” aldeias na fronteira
Na cimeira ibérica que se inicia a 14 de março, em Lanzarote, nas ilhas Canárias, Portugal e Espanha avançam com um projeto comum para “revitalizar e recuperar” aldeias na fronteira, informou a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa.
“A ideia é revitalizar, recuperar vida nestas aldeias, algumas que estão praticamente abandonadas e outras que perderam grande parte da sua população e da sua atividade”, afirmou Ana Abrunhosa.
Segundo a ministra, o objetivo do programa é “trazer investimento empresarial, inovador e competitivo, para estas aldeias”, “projetos inovadores que criem emprego”, e levar para esses locais atividades “que normalmente é mais habitual ver noutras geografias”.
Ana Abrunhosa defendeu que o crescimento do teletrabalho, por exemplo, criou oportunidades de ter nestas aldeias “atividade económica que normalmente elas não teriam”, mas é preciso criar “as condições tecnológicas” e outras para isso se concretizar e estes puderem ser “territórios competitivos para além da agricultura, da pecuária ou da agroindústria”, numa “diversificação da base económica e social” tradicional.
Essas condições passam por novas infraestruturas de telecomunicações, pela garantia de ligações a pequenos centros urbanos ou pela recuperação de património, segundo explicou a ministra da Coesão Territorial.
Está em causa “revitalizar casas para as pessoas viveram” e “património para empresas se instalarem, para espaços de ‘coworking’, para empresas ou associações darem formação ” ou “recuperar património para projetos culturais entre ambas as fronteiras”, afirmou.
A ministra insistiu em que se trata de “revitalizar património, mas o património que é necessário para atrair nova atividade económica”, valorizando o potencial de cada território, “mas agora com mais conhecimento e com tecnologia”.
Tanto Portugal como Espanha já identificaram várias aldeias para este programa, disse a ministra, que acrescentou que o financiamento passará também por fundos europeus.
Os projetos serão diferentes para cada aldeia, porque se trata de valorizar as potencialidades de cada local, para “reter e captar talento nestes territórios que hoje estão a ser muito procurados, não só pelos nómadas digitais, mas por outras empresas que consideram estes territórios mais atrativos para desenvolverem as suas atividades”, segundo a ministra da Coesão Territorial.
Ana Abrunhosa acrescentou que “são projetos que não podem envolver só os municípios” e contarão com uma “multiplicidade de parceiros”.
Na cimeira deste ano, que se inicia a 14 de março, em Lanzarote, e dentro da mesma estratégia transfronteiriça, Portugal e Espanha vão ainda assinar um acordo para criar o “campus rural transfronteiriço”, que permitirá a estudantes do ensino superior dos dois países fazer estágios e trabalhos de investigação em territórios rurais e despovoados.
Segundo Ana Abrunhosa, neste caso, o objetivo é que os estudantes “conheçam melhor essas realidades”, sendo esta uma forma de “lutar contra preconceitos e perceções erradas sobre os territórios do interior e transfronteiriços”, mas que também se estudem essas zonas e regiões com trabalhos académicos.
A 34.ª cimeira entre Portugal e Espanha decorre nos dias 14 e 15 de março, em Lanzarote, no arquipélago espanhol das Canárias.
Desde que foi anunciada em 2020, a Estratégia Comum de Desenvolvimento Transfronteiriço de Portugal e Espanha tem sido protagonista dos acordos saídos das cimeiras bilaterais.
A estratégia abrange 1.551 freguesias, cerca de metade das freguesias portuguesas, e abarca uma área correspondente a 62% do território nacional.
Do lado espanhol, inclui 1.231 municípios, correspondentes a 17% da superfície de Espanha.
Portugal e Espanha partilham a maior fronteira terrestre da União Europeia, um território marcado, na sua maioria, pelo despovoamento.
Fonte: Lusa