XXXII Domingo do Tempo Comum
O Amor não se impõe
Sab 6, 12-16 / Slm 62 (63), 2-8 / 1 Tess 4, 13-18 ou 4, 13-14 / Mt 25, 1-13
Quando escutamos a parábola das dez virgens, rapidamente um pensamento assoma: como pode Jesus sancionar este comportamento? Há dez virgens que esperam pelo noivo. Cinco têm azeite suficiente para manter as lâmpadas acesas toda a noite e cinco não foram tão cautelosas. Estas tiveram de sair a meio da noite à procura de azeite, pois as que tinham azeite recusaram-se a partilhar.
Como pode o Senhor aceitar que alguém se recuse a partilhar o que tem? Não devemos dar do que nos faz falta, como Jesus nos pede quando aponta o exemplo da viúva no templo?
O noivo da parábola não é injusto. Através das virgens imprudentes, Jesus chama a nossa atenção para uma das verdades essenciais da sua vinda: Deus não se impõe. É necessário percorrer o caminho do seu seguimento para encher as lâmpadas com o azeite do amor oferecido. Deus é todo-poderoso em amor, pelo que só pode o que o amor pode. E o amor não se impõe: é oferecido e necessita de ser acolhido para que seja vivido.
Se, na nossa espera de Deus, não oferecemos o combustível do amor, como pode Ele entrar na nossa casa? Na primeira leitura, o autor do livro da Sabedoria diz-nos que a Sabedoria – que desde os primeiros cristãos identificamos como referência a Cristo – se deixa encontrar por quem a procura, que se mostra aos que a amam, que se dá a conhecer aos que a desejam. Urge então procurar, amar, desejar o bem, a verdade, a beleza, para que eles venham, entrem na casa e festejem connosco.
A salvação é-nos oferecida, é uma graça. Contudo, para a acolher e viver dela, há que percorrer o caminho do seguimento de Jesus. E é nesse caminho do seguimento de Jesus que as nossas lâmpadas se enchem de azeite, vivendo não a perfeição, mas a confiança na salvação de Deus, pela sua misericórdia, entre os nossos tropeços.