JMJ 2023: Papa destacou vocação «universal» de Portugal
Na sua chegada a Lisboa, o Papa destacou a vocação “universal” de Portugal, num discurso em que evocou várias referências da cultura e da história lusitana.
A intervenção citou vários autores portugueses, como Camões, Pessoa, Amália, Sophia, Saramago e Daniel Faria, lendo passagens em português, no discurso em italiano, sublinhadas pelas salvas das centenas de pessoas presentes.
O Papa evocou a relação histórica de Portugal com o oceano, refletindo sobre “os imensos espaços da alma e sobre o sentido da vida no mundo”.
“Com efeito, o oceano não liga apenas povos e países, mas também terras e continentes; por isso Lisboa, cidade do oceano, lembra a importância do conjunto, a importância de conceber as fronteiras, não como limites que separam, mas como zonas de contacto”, sustentou.
“As grandes questões hoje, como sabemos, são globais e já muitas vezes tivemos de fazer experiência da ineficácia da nossa resposta às mesmas, precisamente porque o mundo, diante de problemas comuns, se mantém dividido ou pelo menos não suficientemente unido, incapaz de enfrentar juntos aquilo que nos põe em crise a todos”.
Francisco elogiou o “sentido de vizinhança e solidariedade” que se vive em Portugal, apelando a construir a fraternidade e a “cultivar o sentido da comunidade”, perante uma globalização que tem falhado em aproximar as pessoas.
“Como é bom voltar a descobrir-nos irmãos e irmãs, trabalhar pelo bem comum, deixando para trás contrastes e diferenças de visão! Também aqui servem de exemplo os jovens que nos levam, com o seu grito de paz e ânsia de vida, a derrubar as rígidas divisórias de pertença erguidas em nome de opiniões e crenças diversas”, declarou.
O Papa destacou a experiência da ‘Missão País’, com jovens universitários católicos, que leva “milhares de jovens a viver no espírito do Evangelho experiências de solidariedade missionária em zonas periféricas, sobretudo nas aldeias do interior, indo ao encontro de muitos idosos sozinhos”.
“Quero agradecer e encorajar a tantos que, na sociedade portuguesa, se preocupam com os outros, nomeadamente a Igreja, e que fazem tanto bem mesmo longe dos holofotes. Sintamo-nos chamados, todos juntos fraternalmente, a dar esperança ao mundo em que vivemos e a este magnífico país. Deus abençoe Portugal”, concluiu.
Depois do encontro, Francisco almoçou, em privado, na Nunciatura Apostólica, onde recebeu pelas 16h30 o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva; 15 minutos depois, reuniu-se com o primeiro-ministro português, António Costa.
A segunda cerimónia pública do dia foi a recitação da oração de Vésperas, pelas 17h30, no Mosteiro dos Jerónimos, onde o Papa foi recebido pelo cardeal-patriarca, D. Manuel Clemente, e o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. José Ornelas.
Fonte: Ecclesia