XV Domingo do Tempo Comum

Ser boa terra

Is 55, 10-11 / Slm 64 (65), 10-14 / Rom 8, 18-23 / Mt 13, 1-23

Saiu o semeador a semear.”

Jesus gosta de contar-nos histórias, sendo que poucas são fáceis de entender a primeira vez que as encontramos (ou na décima vez). Ele sabe que uma boa história alcança muito mais do real das nossas vidas do que um conselho, uma ideia, uma ordem ou uma lei.

No Evangelho de hoje acontece algo raro: diante da insistência dos discípulos, Jesus explica a parábola do semeador. Esta diz-nos que quando o semeador sai a semear, espalhando a semente pelo campo, há sementes que caem à beira do caminho e são comidas pelas aves; outras entre pedras e secam; algumas entre espinhos e sufocam; e umas quantas em boa terra e dão fruto.

Jesus afirma que a semente que cai à beira do caminho é aquela palavra de Deus que não conseguimos entender. E porque não conseguimos? Porque para a entender, temos de ter referências. Temos de ter a história de Deus com o seu povo presente, a história de Israel, da Igreja e a nossa própria história. Esta amnésia da história da salvação priva-nos do futuro. Como não entendemos, não confiamos; como não confiamos, não arriscamos; e porque não arriscamos, não damos fruto.

A semente que cai entre pedras é aquela palavra que começa por ser acolhida com grande alegria, mas que seca quando encontra dificuldades. Jesus alerta-nos para a fugacidade dos entusiasmos vazios, que tendem a minguar e desaparecer diante dos primeiros obstáculos. Como qualquer agricultor sabe, é preciso perseverança para alcançar o fruto.

A semente sufocada entre espinhos corresponde à nossa incapacidade de correr em direção à meta, de caminhar com rumo. Preferimos o comodismo do sofá a pegar a cruz e seguir Jesus. Quando isso acontece, seja pelo «amor» ao conforto, à honra, ou ao dinheiro, a palavra de Deus é abafada e não dá fruto.

Por fim, encontramo-nos com a palavra que encontra boa terra. Esta boa terra não é obra do acaso. Esta boa terra foi preparada com as práticas que faltaram aos três terrenos antecedentes: uma consciência da história da salvação, que leva à confiança; a perseverança na adversidade, que leva à fidelidade; o sentido de rumo no quotidiano, negando-nos a nós mesmos, que leva a vivermos no amor.

Temos nesta parábola um guia prático para crescermos como discípulos. Dediquemos algum tempo, nas nossas semanas, ao estudo da história da salvação. Aproveitemos as dificuldades para nos exercitarmos na perseverança. Peguemos na cruz e lancemo-nos ao caminho com Cristo. Exercitando-nos nestas virtudes, seremos boa terra, onde toda a semente dá fruto, «ora cem, ora sessenta, ora trinta por um».

Fonte: Rede Mundial de Oração do Papa

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