Agricultura: “Portugal não tem falta de água mas adia decisões como fez com aeroporto” – CAP
O presidente da Confederação dos Agricultores (CAP) assegurou que Portugal não tem falta de água, mas que adia a decisão sobre este recurso, tal como fez com o aeroporto, criticando a falta de visão para travar o avanço do deserto.
“Portugal não tem falta de água, não está é a ter capacidade de gerir a água convenientemente para que não haja escassez”, assegurou o presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Eduardo Oliveira e Sousa, pouco antes de deixar o cargo e passar para a mesa da assembleia-geral.
O representante dos agricultores criticou a “falta de visão” do Governo sobre esta matéria, lembrando que a CAP apresentou um documento, chamado “Ambição Agro 2020-30”, no qual identificou os sete principais eixos que necessitam de intervenção, com o impulso dos fundos europeus, trabalhados por cientistas e técnicos que não pertencem ao setor.
Entre as sete áreas abordadas, estão a água e a seca, mas nem estes ou os restantes temas foram aproveitados pelo Governo, lamentou Eduardo Oliveira e Sousa.
A ideia, segundo a CAP, era estudar os recursos hídricos em todos os setores e fins, de modo a Portugal ficar protegido contra a seca e contra os incêndios, “mas não aconteceu nada”, adiando Portugal as decisões sobre a água, tal como aconteceu com o aeroporto.
“Agora estão quase obrigados a tomar uma decisão [sobre o aeroporto], depois de quase 50 anos a estudar, dizem”, constatou o presidente da CAP, avisando que Portugal não tem esse tempo no que concerne à seca.
A confederação dos agricultores disse ainda que o ano foi altamente chuvoso, o que permitiu encher a grande maioria das barragens, e que bastava aproveitar 1% da água que, no inverno, corre do rio Tejo para o mar para melhorar substancialmente o problema e “travar o avanço do deserto”.
Eduardo Oliveira e Sousa alertou também para o perigo de Portugal ter território abandonado “de pessoas e atividades económicas”, que se transforma em “pasto para as chamas”, pedindo que o mundo rural seja mais acarinhado pelo poder político do que aquilo que tem sido até agora.
“É esta visão, que conjuga uma união de matérias, que faz um mundo rural vivo e isso não está no léxico, nos objetivos e na visão dos nossos governantes e eu tenho muita pena”, afirmou.
A 8 de maio, o Ministério da Agricultura e da Alimentação, tutelado por Maria do Céu Antunes, reconheceu a situação de seca severa e extrema em cerca de 40% do território nacional.
Num comunicado, o ministério garantiu ter sinalizado a situação junto da Comissão Europeia, acrescentando que a adoção de um conjunto de medidas está sempre dependente da “luz verde” de Bruxelas.
Fonte: Lusa