Bragança-Miranda: Diocese com três suspeitos de abusos sexuais
A Diocese de Bragança-Miranda informou que recebeu três nomes de padres acusados de abusos sexuais, explicando que nenhum dos visados se encontra atualmente em funções nesta zona.
No comunicado enviado às redações, a diocese faz saber que dos três nomes recebidos um já morreu, outro já foi condenado pelo direito canónico e um terceiro está fora da diocese.
A diocese de Bragança-Miranda encontra-se atualmente sem bispo depois de José Cordeiro ter sido nomeado arcebispo de Braga e foi o administrador diocesano, Adelino Gomes, quem “recebeu a lista de nomes dos envolvidos nos abusos sexuais no âmbito da Igreja nesta diocese, resultante das denúncias por parte de eventuais vítimas”.
O comunicado começa por considerar “meritório e louvável” o trabalho da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica em Portugal, que elaborou a lista dos alegados envolvidos.
Dos três nomes recebidos localmente, “um tornou-se naturalmente inconsequente por falecimento” e outro “é de fora da diocese, pelo que já foi devidamente encaminhado para a diocese de origem”, lê-se no comunicado.
Relativamente ao outro nome, é explicado que “já tinha sido alvo de um processo canónico por abuso sexual de menores, processo esse entretanto concluído e que resultou na aplicação de medidas disciplinares que estão em vigor”.
“Caso se verifique que os testemunhos recolhidos pela Comissão Independente configuram novos factos, será iniciado um novo procedimento canónico”, acrescenta.
A Diocese de Bragança-Miranda “afirma-se solidária com as vítimas, de dentro e fora da Igreja” e refere que “empenhar-se-á e tudo fará no sentido de que qualquer futura denúncia venha a conhecer o respetivo procedimento canónico e civil expressamente consignado para a proteção das vítimas”.
Refere-se ainda à Comissão Diocesana de Proteção de Menores e Pessoas Vulneráveis”, indicando que “já foi reformulada, segundo a determinação da última assembleia plenária extraordinária” e que “é constituída por três leigas e um leigo”, com “formação em psicologia, pedopsiquiatria, direito e investigação criminal”.
Segundo a diocese, esta comissão “continuará a exercer o seu trabalho de prevenção, acolhimento e acompanhamento de eventuais vítimas, bem como de colaboração com os organismos canónicos e civis, no sentido de afastar das comunidades de Bragança-Miranda a prática de qualquer tipo de abusos”.
A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica validou 512 testemunhos, apontando, por extrapolação, para pelo menos 4.815 vítimas. Vinte e cinco casos foram enviados ao Ministério Público, que abriu 15 inquéritos, dos quais nove foram arquivados.
Os testemunhos referem-se a casos ocorridos entre 1950 e 2022, o espaço temporal abrangido pelo trabalho da comissão.
A comissão entregou aos bispos diocesanos listas de alegados abusadores, alguns ainda no ativo.
Fonte: Lusa