Sociedade: Caritas faz novo peditório nacional
A Caritas Portuguesa vai arrancar com um novo peditório nacional, numa altura em que o país atravessa “uma situação crítica em termos sociais”, considera a presidente do organismo, segundo a qual os pedidos de ajuda continuam a aumentar.
De 5 a 12 decorre a Semana Nacional Cáritas, sob o tema “O Amor que Transforma”, e na qual se inclui o peditório público nacional que se inicia esta segunda-feira, dia 6 de março.
Este peditório irá servir para financiar em grande parte o trabalho feito pelas Cáritas Diocesanas.
Em declarações, a presidente da Cáritas Portuguesa admitiu que a organização, uma instituição oficial da Conferência Episcopal para a promoção e dinamização da ação social da Igreja católica, parte para o peditório preocupada com a situação social do país.
Acrescentou que a situação social “agudiza a cada momento, a cada aumento do custo de vida, a cada aumento de cada produto”.
“As famílias estão com muitas dificuldades, de facto”, salientou.
A presidente da Cáritas não sabe ainda qual o valor total gasto no apoio às famílias portuguesas em 2022, porque as contas ainda não estão fechadas, mas não tem dúvidas de que “houve um aumento em relação às pessoas que procuraram esse apoio”, que se traduziu tanto na procura por alimentos ou outros bens essenciais, quer nos pedidos de apoio.
Rita Valadas explicou que a realidade de 2022 teve vários tipos de situações, entre a pobreza resistente, “que traz sensivelmente o mesmo número de pessoas aos serviços da Cáritas” e que são as pessoas que procuram ajuda para alimentação ou roupa ou uma ajuda financeira pontual, e que rondou os 120 mil atendimentos.
“Outra realidade é a das várias crises que nos têm chegado e temos as situações [de pessoas] que se aproximaram da Cáritas na pandemia [de covid-19] e que não conseguiram fazer a retoma da sua situação económica”, apontou.
Por outro lado, referiu, houve também casos na sequência da guerra na Ucrânia, que envolve estrangeiros, “e que é uma realidade que não se sente decrescer na procura do apoio da Cáritas”.
Segundo Rita Valadas, estas situações “não estão totalmente apuradas, mas rondam as 30 mil pessoas”.
“Depois, temos a realidade de hoje, que não temos ainda noção dos números, mas que é o número de pessoas que vai chegando à Cáritas, na sequência do aumento do custo de vida e das taxas de juro”, referiu.
Rita Valadas sublinhou que há, não só, um aumento do número de pessoas que tem recorrido às Cáritas, como das dificuldades por que passam as pessoas que estão em situação de pobreza que, não sendo situações novas, constatam que “o pouco que tinham dá cada vez para menos”.
“As necessidades que eles têm para manter uma situação com o mínimo de dignidade e de bem-estar são mais à medida que os preços sobem”, disse a responsável.
Como consequência, alertou, vem um maior fosso nas desigualdades, uma vez que tem vindo a aumentar o número de pessoas com maiores rendimentos, mas também o número de pessoas com rendimentos mais baixos.
A contribuição para o peditório da Semana Nacional Caritas também pode ser feita ‘online’.
Este ano, a iniciativa ficará marcada pela falta de voluntários em número suficiente para ser possível fazer o peditório na rua em todos os locais, como habitualmente.
Além do peditório, estão previstas outras iniciativas de norte a sul do país, entre arraiais e encontros de jovens, jornadas de ação, uma exposição de fotografia sobre a comunidade migrante, iniciativas em escolas, mas também ações mais técnicas sobre inserção social, empregabilidade, atendimento de emergência ou acompanhamento de vítimas.
Fonte: Lusa e Ecclesia