Missão País: «Pode ser só uma semana ou o início de uma vida» – António Sequeira Lopes

António Sequeira Lopes, designer de profissão, diz que a experiência da Missão País, que consiste numa semana de voluntariado de estudantes universitários numa localidade do interior do país, marcou o seu regresso à Fé e à prática cristã.

“O que melhor descreve a minha experiencia de fé é a simplicidade. Na Missão País estão 50 miúdos a falar de coisas sérias enquanto riem, cantam e choram. Como é que isto é possível? Isto é para quê? Não pode ser para nós e para nosso benefício. Tem algo mais. Como é que Deus se encontra aqui? Está em todo o lado, em cada conversa e partilha. E nessa simplicidade, os pontos começam a conectar-se e Deus diz «sempre estive aqui»”, recorda à Agência ECCLESIA.

A Missão País é um projeto católico de universitários que tem como objetivo a evangelização através do testemunho da fé, do serviço e da caridade, desenvolvido em missões de uma semana em diferentes localidades do interior do país tendo sido protagonizado, até ao momento, por mais de 3500 jovens.

«Alegra-te, Ele está contigo» é o tema de 2023, ano em que se assinalam 20 anos de edições, e estão programadas 64 Missões em 58 faculdades diferentes provenientes das cidades de Lisboa, Porto, Coimbra, Évora, Aveiro, Braga, Leiria, Santarém, Algarve, Madeira, Covilhã e Setúbal.

Foi no ano de 2018, quando estudava na faculdade de Belas Artes, em Lisboa, que António Sequeira Lopes foi desafiado por amigos que já tinham participado em edições anteriores.

“Fui ao engano. Conhecia algumas pessoas com quem me dava bem e que faziam missões, e diziam ser a minha cara, e eu queria era descansar. Mas lá me convenceram comigo. Foi o início e foi muito bom”, explica.

António esteve em Chão de Couce, localidade perto de Pedrogão grande, no ano seguinte aos incêndios de 2017 e ficou a fazer missão num lar, tendo sido, explica, a sua última opção.

“Nessa altura, o tema ‘idosos’ era sensível na minha vida. O meu avô estava mal e eu não me sentia à vontade para estar com ele nessa altura, sentia-me constrangido, e de repente estava num lar com pessoas idosas e comecei a sentir-me um ingrato – se não faço isto na minha família porque é que o faço aqui?”, indica.

Depois da Missão em 2018, António foi convidado a chefiar a missão de Belas Artes, em 2019, com o desafio de “dar aos outros a possibilidade de viver o que tinha vivido no ano anterior”, agora numa nova localidade, Azinhaga.

Em 2021, foi convidado a ser chefe nacional de oração, com o tema «Porque temes? Sou eu.»

“Ser chefe de oração, tendo começado um caminho mais sério em 2018, parece uma responsabilidade muito grande – temos o alinhamento espiritual da semana nas mãos. Fiquei muito contente e emocionado e é uma confirmação do que este caminho que faço”, entende.

António Sequeira Lopes cresceu com “grandes exemplos de fé”, em especial junto dos avós, mas nos anos de catequese afastou-se, deixando, “com naturalidade de percorrer esse caminho”.

Mas hoje entende, que nunca deixou a procura espiritual de lado, porque nunca deixou de fazer perguntas e procurar sentido nas coisas.

“Sempre me considerei uma pessoa espiritual e nessa fase dava por mim a pensar nas questões maiores da vida e colocava as minhas questões para o ar, não sabia bem para onde mas sentia a necessidade de o fazer, de partilhar, de ter comunidade, ter alguém com quem falar destas coisas e acabava por lançar perguntas para o ar”, recorda.

A missão país de 2018 foi para António o início de uma “caminho de fé adulto”.

“Se não tivesse acontecido missões na minha vida, muita coisa não tinha sido vivida. Há sempre mais questões que respostas mas ainda bem que há um espaço onde as posso colocar. A missão país não é uma conversão direta, mas pode ser o início de algo. Ser católico é difícil: é um trabalho constante de superação, de continuidade, de conversa, diálogo e que requer alguma rotina”, admite.

A conversa com António Sequeira Lopes pode ser acompanhada esta noite no programa Ecclesia na Antena 1, estando depois disponível no portal de informação e no podcast «Alarga a tua tenda».

Fonte: Ecclesia

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