Miranda do Douro: Linha de Alta Velocidade liga o Porto à Terra de Miranda em 1h45 minutos

No sábado, dia 11 de fevereiro, Miranda do Douro foi o local escolhido para a realização do debate sobre a Linha de Alta Velocidade (Porto-Zamora-Madrid), onde foram indicadas as vantagens do regresso do transporte ferroviário a Trás-os-Montes e à Terra de Miranda.

Na sessão de abertura, realizada no miniauditório municipal, a presidente do município de Miranda do Douro, Helena Barril, deu as boas-vindas, em mirandês, aos vários intervenientes no debate sobre o Plano Ferroviário Nacional, proposto pelo Governo e que está em discussão pública até ao final de fevereiro.

No seu discurso, a autarca de Miranda do Douro, começou por realçar que o despovoamento é o maior entrave ao desenvolvimento da região.

“A proposta da Linha Ferroviária Porto-Zamora-Madrid, com passagem pela Terra de Miranda pode ser um projeto estruturante e revolucionário para a nossa região. Este projeto ferroviário vai abrir-nos os horizontes, diminuir as assimetrias regionais e potenciar vários setores de atividade, com destaque para o turismo
”, disse.

Helena Barril acrescentou que o comboio de Alta Velocidade vai encurtar a distância ao litoral, a Espanha e aos outros países europeus.

Por sua vez, o professor Manuel Margarido Tão, da Associação Vale d`Douro, autora do estudo sobre o novo corredor para o Norte de Portugal, informou que o Plano Ferroviário Nacional está a ser delineado desde 2019.

“A província de Trás-os-Montes foi muito prejudicada com o desmantelamento e extinção da linha ferroviária na década de 1980. Dado que este tipo de transporte confere competitividade às regiões, gostaríamos de ver concretizada a ligação Porto-Zamora-Madrid, com passagem pelo nordeste transmontano e pela Terra de Miranda”, disse.

Segundo a Associação Vale d`Douro, a Linha de Alta Velocidade vai permitir fazer a viagem Porto-Madrid, no tempo de 2h45. E cidades como Vila Real ou Mirandela ficariam a apenas 30 e 45 minutos do Porto, respetivamente.

Para alavancar este projeto, o docente, Manuel Margarido Tão, recordou o imperativo ambiental da União Europeia em suprimir o transporte rodoviário de mercadorais, para o substituir pelos transportes ferroviário e marítimo.

Na apresentação técnica da Linha de Alta Velocidade (Porto-Zamora-Madrid), Alberto Aroso, especificou que os comboios de passageiros atingem a velocidade máxima de 250 quilómetros/hora e a velocidade dos comboios de mercadorias é de 120 km/hora.

Sobre a passagem pela Terra de Miranda, o técnico da associação Vale d’Ouro, assegurou que o projeto, ao contrário do que aconteceria com a ligação de Bragança à Puebla de Sanábria, não vai afetar os parques naturais de Montesinho nem o Parque Natural do Douro Internacional.

“A Linha de Alta Velocidade de Trás-os-Montes (LFAVTM) desde o Porto, Amarante, Vila Real, Mirandela, Macedo de Cavaleiros e Bragança, com continuidade para Espanha pela Terra de Miranda, vai estruturar toda a região norte e contribuir para a descarbonização da região”, disse.

De acordo com este responsável, a proposta da LFAVTM tem um custo de 4 mil milhões de euros e está a ser trabalhada com as Comunidades Intermunicipais (CIM’s) e os municípios de toda a região norte.

Para o presidente da Comunidade Intermunicipal Terras de Trás-os-Montes (CIM-TT), Jorge Fidalgo, a ferrovia é uma necessidade absoluta para todo o país e sobretudo para a região norte de Portugal.

“Estando na região norte o grosso da atividade económica e da indústria, a ligação mais lógica é a Linha de Alta Velocidade de Trás-os-Montes, pois serve muito mais pessoas e é o melhor corredor ferroviário para exportar os nossos produtos”, justificou o presidente da CIM.

De acordo com Jorge Fidalgo, a proposta da associação Vale d’Ouro inclui ainda uma ligação ferroviária da Terra de Miranda ao Pocinho, para servir os concelhos do sul do distrito, como são Mogadouro, Freixo-de-Espada à Cinta, Alfândega da Fé e Vila Flor.

“A Linha de Alta Velocidade Trás-os-Montes é uma mais-valia económica e social para todo o território. É um projeto que a ser aprovado, vai demorar 15 a 20 anos a ser construído e vai certamente dar mais atratividade à nossa região, trazer mais investimento, proximidade e sustentabilidade ambiental, através da mobilidade verde”, adiantou.

O Plano Ferroviário Nacional proposto pelo Governo encontra-se em discussão pública até ao dia 28 de fevereiro.

HA

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