Política: Falta a ligação a Espanha no plano ferroviário nacional
O presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) Terras de Trás-os-Montes, Jorge Fidalgo, expressou o descontentamento pela falta de ligação a Espanha, na linha de comboio entre o Porto e Bragança, proposta pelo Governo no Plano Ferroviário Nacional (PFN).
O plano, anunciado no dia 17 de novembro pelo Governo, inclui uma nova linha ferroviária de passageiros para ligar Porto, Vila Real e Bragança, que o presidente da CIM-TT considera “importante”, já que o distrito de Bragança é o único do país sem caminho-de-ferro, mas não reflete as pretensões deste território.
Segundo o presidente da Comunidade Intermunicipal, que é também presidente da Câmara Municipal de Vimioso, o plano “não responde” àquilo que é a pretensão da CIM, já apresentada ao Governo, e que é a continuação da ligação de Bragança até Espanha pela chamada Terra de Miranda, que incluiu os concelhos de Miranda do Douro, Vimioso e Mogadouro.
“Não vemos isso refletido no plano e manifestamos o nosso descontentamento relativamente a isso, e é o que nós defendemos e é o que vamos defender”, afirmou, indicando que serão feitas diligências nesse sentido no período de discussão pública do plano.
A construção da ligação ferroviária do Porto a Bragança foi proposta e defendida pela Associação Vale d´Ouro e, segundo o autarca, a última solução apresentada ao Governo já incluía a continuação para Espanha, que não se encontra refletida nos investimentos previstos.
A CIM Terras de Trás-os-Montes defende que a continuação da ligação de Bragança para Espanha pela zona do Planalto Mirandês “serviria muito melhor”, desde logo a região, já que sem ela “há uma vasta área do território do distrito de Bragança que fica completamente fora deste plano”.
O presidente da CIM defendeu ainda que “devia haver balizas temporais fixadas” para a execução do PFN e que esta região “não seja a última a ter linha férrea, como aconteceu com as autoestradas”.
“Agora podiam-se inverter as coisas, podia ser a primeira, já que fomos a última nas rodovias, agora que fossemos a primeira na ferrovia”, enfatizou.
O presidente da Câmara de Bragança, Hernâni Dias, também considera que “não será um fator de grande desenvolvimento uma proposta que se apresenta a terminar em Bragança”, mas critica, sobretudo, o facto de esta ligação, que aponta como “o corredor mais curto entre o Porto e Espanha”, não ter sido contemplada na alta velocidade.
“Só confirma aquilo que temos vindo a constatar ao longo do tempo, que é o constante e permanente esquecimento a que somos votados, mesmo quando se trata apenas de estudos e de um plano nacional, mas que deve ser entendido como um plano a ser concretizado e que deve olhar para o território como um todo e não esquecer uma parte”, considerou.
Relativamente ao prazo que tem como limite temporal 2050 para a concretização do PFN, o autarca de Bragança disse que compreende “a dificuldade de se conseguir concretizar determinado tipo de intervenções em espaços relativamente curtos”.
Hernâni Dias diz ainda que já ficará “minimamente satisfeito se de facto o plano for concretizado neste prazo”, mas acrescentou que está “muito cético no cumprimento desta meta temporal”.
O PFN tem como principais objetivos “passar de 4,6% para 20% de quota modal no transporte de passageiros”, “passar de 13% para 40% de quota modal no transporte de mercadorias”, “assegurar ligação com elevada qualidade de serviço aos 28 centros urbanos de relevância regional, que incluem todas as capitais de distrito, potenciando o seu desenvolvimento”.
No final da cerimónia de apresentação, em Lisboa, o primeiro-ministro, António Costa, afirmou que o documento voltará a ser apreciado em reunião do Conselho de Ministros, dizendo esperar que nessa ocasião seja possível haver “um bom entendimento”.
Fonte: Lusa