Vimioso: Desenvolvimento do interior é um processo com vários agentes e etapas
Na sexta-feira, dia 8 de dezembro, aquando da abertura da XXII Feira das Artes, Ofícios e Sabores (FAOS), em Vimioso, realizou-se o seminário “A inovação no interior como fator de competitividade”, durante o qual os vários intervenientes indicaram que o problema da baixa demografia se resolve com políticas diferenciadoras, com a criação de novas empresas e o aproveitamento e promoção dos recursos e produtos da região transmontana.
O encontro decorreu no auditório do pavilhão multiusos, em Vimioso, onde o presidente do município, Jorge Fidalgo, deu as boas vindas aos convidados e começou por sublinhar a importância de dinamizar os territórios de baixa densidade populacional.
“O concelho de Vimioso está apetrechado de infraestruturas e de condições que oferecem qualidade de vida à população e a quem nos visita. No entanto, à semelhança de tantos outros concelhos do país, enfrentámos o problema da baixa demografia. Acredito que a resposta a este problema passa necessariamente por políticas diferenciadoras para estes territórios”, disse.
Para responder a este desafio demográfico e a débil economia, Marília Santos, do IAPMEI, indicou que as incubadoras de empresas apoiam o desenvolvimento de novos projetos empresariais e por conseguinte incutem maior dinamismo económico e social nos territórios do interior.
“As incubadoras – como a que está sediada em Vimioso, a 3INT – Incubadora para a Inovação do Interior e Negócios Transfronteiriços – orientam na tomada de decisões, na definição de estratégias, no marketing, no networking, na organização de eventos e no acesso a financiamento”, indicou.
Referindo-se concretamente ao concelho de Vimioso, onde existe uma estância termal, Susana Morgado, destacou o potencial económico deste espaço de saúde e bem-estar, que recebeu a visita de 4 mil utentes ao longo dos 10 anos de atividade.
“As Termas de Vimioso são a única estância em funcionamento no distrito de Bragança. Pela sua localização, as termas podem ser frequentadas pelas populações dos concelhos de Vimioso, Miranda do Douro, Mogadouro, Macedo de Cavaleiros, Bragança e pelas localidades da vizinha Espanha”, disse.
Outro área que ao longo dos seus 40 anos de existência tem promovido o desenvolvimento económico e social do distrito de Bragança é o ensino superior, através do Instituto Politécnico de Bragança (IPB).
Segundo o professor do IPB, José Humberto, atualmente, esta instituição de ensino, que é constituída por 6 Escolas Superiores, é frequentada por 10 500 alunos.
“Dado que o conhecimento e a inovação propiciam o desenvolvimento económico, a missão do IPB é formar pessoas para que depois se fixem neste território e acrescentem valor à economia local e regional. Nos últimos anos, foram constituídas mais de 80 novas empresas no distrito de Bragança”, indicou.
Uma empresa em destaque no concelho de Vimioso é a cooperativa agropecuária Mirandesa, através da Unidade de Transformação Industrial da Carne Mirandesa. De acordo com o gestor da cooperativa, o engenheiro Nuno Paulo, as raças autóctones, como os bovinos mirandeses, são um dos recursos locais que importa preservar e valorizar.
“Perante o assustador despovoamento das nossas aldeias, a atividade pecuária e e as raças autóctones, correm um sério risco de sobrevivência. Por isso é importante criar incentivos para a fixação de jovens no meio rural, que se dediquem à pecuária. Recordo ainda que os animais, como os bovinos, os ovinos, os asininos e os caprinos desempenham um importante papel na limpeza dos campos e na prevenção dos fogos florestais”, disse.
Outra área que pode impulsionar o desenvolvimento de concelhos como Vimioso é o turismo. Na perspectiva do engenheiro, João Madureira, da empresa Glamping Hills, sediada em Santa Comba de Rossas, em Bragança, o turismo é o ex-libris da região transmontana.
“Trás-os-Montes oferece paisagens deslumbrantes, tranquilidade, descanso, natureza, produtos locais de qualidade, tradições e uma verdadeira hospitalidade. Mas é preciso promover mais e melhor a região”, concluiu.
O seminário foi conduzido pela consultora Partnia, através de Carla Branco, que explicou que estes encontros são importantes para reunir os vários agentes, para identificar o potencial de cada território e definir ações em conjunto.
Finalizado o seminário, seguiu-se a abertura oficial da XXII Feira das Artes, Ofícios e Sabores (FAOS), que contou com a participação do presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, António Cunha.
HA