Uva: I Festa do Migrante juntou os residentes aos visitantes
A população residente e os (e)migrantes da aldeia de Uva, no concelho de Vimioso, celebraram no dia 9 de agosto, a I Festa do Migrante, uma iniciativa conjunta da paróquia e da freguesia, com o propósito de promover o encontro e o convívio entre quem vive na aldeia durante todo o ano e aqueles que a visitam nas férias do verão.

A presidente da União de Freguesias de Algoso, Campo de Víboras e Uva, Cristina Miguel, indicou que nos meses de verão, com a chegada dos migrantes e emigrantes, as populações das aldeias triplicam os seus habitantes.
“Se durante o ano, em Algoso, Vale de Algoso, Campo de Víboras, Uva, Mora e Vila Chã da Ribeira vivem cerca de 350 pessoas, no verão, com a chegada dos familiares migrantes e emigrantes, a população deve atingir um milhar de pessoas”, indicou a autarca.
Com o propósito de acolher quem chega, a União de Freguesias associou-se à iniciativa da paróquia de Uva e da comissão de festas para organizar a I Festa do Migrante.
“Dado o preocupante problema do envelhecimento e despovoamento do nosso concelho, a chegada dos (e)migrantes é um motivo de festa! No concelho de Vimioso, a aldeia de Uva é pioneira na capacidade de atrair jovens para os campos de trabalho voluntário da Palombar e que se integram muito bem na comunidade local. Queremos por isso, dar continuidade a este trabalho e mostrar aos jovens as vantagens de viver no mundo rural”, disse.
Outra responsável pela organização da I Festa do Migrante, Marisa Fernandes, natural de Uva, a viver e trabalhar em Mirandela, explicou que esta iniciativa surgiu da vontade mútua da comissão fabriqueira da paróquia de Santa Marinha, do pároco, padre Rufino Xavier e da freguesia de Uva.
“Dado que as festas em Uva acontecem em maio e julho, decidimos organizar uma festa no mês de agosto para promover o convívio entre a população residente e os (e)migrantes que visitam a aldeia nesta época do ano. A festa começa com uma celebração religiosa, na qual participam as imagens dos santos aos quais é prestada devoção local, como o Santo Cristo e a padroeira, Santa Marinha. A missa é também uma oportunidade de agradecer a Deus o regresso dos (e)migrantes à terra-natal, a Uva”, explicou.
De acordo com Marisa Fernandes, no próximo ano a população e os (e)migrantes pretendem dar continuidade à Festa do Migrante, introduzindo no programa a animação musical, ao serão.
Questionada sobre a original t-shirt “Uva um cacho de emoções”, Marisa Fernandes explicou que se trata de um produto de marketing, da autoria do arquiteto Miguel Lopes, também ele com família na aldeia de Uva.
«A imagem da t-shirt inclui o tradicional pombal, a pomba da paz e a uva, com o slogan “Uva um cacho de emoções”. Creio que esta imagem representa bem a aldeia de Uva e as suas gentes”, disse.
O emigrante, Ernesto Meirinhos, natural de Uva, contou que emigrou para França em 1967, à procura de melhores condições de vida. Hoje em dia, já está reformado, o que lhe permite passar temporadas em Portugal e em França, onde tem casa, os filhos e os netos.

Por sua vez, a prima, Maria Rosa Pais, ao viver permanentemente em Uva diz que é uma alegria receber a visita dos conterrâneos emigrantes, no mês de agosto.
“Vivi toda a minha vida em Uva, mas tenho dois filhos e netos em França. A sua vinda a Portugal é motivo de grande alegria para toda a família”, disse.

Já as jovens Sofia Fernandes, de 24 anos e Bárbara Lopes, são também elas (e)migrantes, em França e no Porto, respetivamente.
“No verão, gosto muito de visitar a aldeia dos meus pais, Uva, onde reencontro familiares e amigos. Atualmente, estou a estudar medicina pelo que estou apenas duas semanas de férias em Uva. Sobre a possibilidade de trabalhar futuramente em Portugal, é algo que gostaria de fazer, mas ainda é cedo para pensar a sério nessa possibilidade”, disse a jovem luso-francesa.
Por sua vez, a amiga, Bárbara Lopes, a viver no Porto, acompanha os pais nas visitas mensais à aldeia de Uva.
“O meu pai é natural de Uva e costumamos visitar a aldeia pelo menos uma vez por mês, assim como no Natal, na Páscoa e nas férias de verão. O que mais aprecio na aldeia é a proximidade e o convívio com amigos que vivem noutras localidades, como é o caso da Sofia, que vive em França. O verão é mesmo a melhor altura do ano para vir até Uva, pois há mais gente na aldeia!”, disse.
Questionada sobre a pertinência da I Festa do Migrante, a jovem portuense concordou e apoiou entusiasticamente esta iniciativa, que na sua opinião promove o encontro, o convívio e reforça as amizades entre a população e os visitantes.
“Sobre a possibilidade de trabalhar nesta região, é algo que considero pois a vida na cidade do Porto está cada vez mais acelerada e stressante. Sou psicóloga e acredito que posso trabalhar em várias áreas, desde que me sinta acolhida e valorizada”, disse.
























HA