XXXIII Domingo do Tempo Comum / Dia Mundial dos Pobres
Tudo passa, só Deus permanece
Dan 12, 1-3 / Slm 15 (16), 5.8-11 / Hebr 10, 11-14.18 / Mc 13, 24-32
As passagens apocalípticas do Evangelho fazem-nos estremecer. Talvez porque o quadro nos pareça sempre tão assustador que nem reconhecemos a esperança que as acompanha. No Evangelho de hoje, Jesus fala-nos do fim dos tempos, de como os astros deixarão de brilhar e as trevas cairão sobre a terra, para em seguida afirmar que é então que Ele virá sobre as nuvens, na sua glória. Ele diz-nos que vem e que traz a luz com Ele.
O Senhor não deixará que o cosmos simplesmente se dilua no nada. Ele virá ao encontro dos seus escolhidos. É esta a história do nosso Deus, que vem sempre até nós na necessidade. Ele tenta consolar-nos e apela a que tenhamos confiança no seu auxílio e presença salvífica. A nós, cabe-nos estar atentos aos sinais.
Para aprender a reconhecer os sinais de que o Senhor está perto, Cristo conta-nos a parábola da figueira. Quais são os sinais da sua proximidade? Não os cataclismos em si, mas a iminência do fruto. Tal como quando olhamos uma figueira, ao ver que «os seus ramos ficam tenros e brotam as folhas, sabeis que o verão está próximo», também ao ver estes prodígios e sinais podemos confiar que o Senhor se aproxima.
Estas passagens apocalípticas não são fáceis de interpretar. É compreensível que fiquemos pelo estrondoso e ameaçador. Mas estas passagens são, como diz Adrien Candiard, no seu livro «Algumas palavras antes do Apocalipse», aquelas que mais luz trazem aos tempos da desesperança. É através delas que o Senhor pretende confortar-nos no seio das tribulações, começando realisticamente por não negar o mal que podemos presenciar, mas apontando desde logo para a bonança que já se entrevê entre as nuvens.