XXIX Domingo do Tempo Comum / Dia Mundial das Missões
Seguir Jesus implica a Cruz
Is 53, 10-11 / Slm 32 (33), 4-5.18-19. 20.21 / Hebr 4, 14-16 / Mc 10, 35-45 ou 10, 42-45
Quando Tiago e João, no Evangelho de hoje, pedem a Jesus um lugar ao seu lado quando chegar a sua glória, Jesus diz-lhes: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu vou beber e receber o batismo com que Eu vou ser batizado?».
Surpreende-me sempre a rapidez com que Tiago e João respondem «sim». Seremos mesmo capazes, no momento que nos for oferecido, de beber do mesmo cálice de Jesus? No horto das Oliveiras ouvimos o próprio Jesus pedir ao Pai que afaste esse cálice. Podemos, com tanta segurança, afirmar que partilharemos o cálice com Ele?
Foi por mera casualidade que caí na conta da seriedade desta questão. Numa Eucaristia em que comungámos nas duas espécies, fiquei para último na comunhão e o sacerdote que segurava o cálice diz-me: «podes beber do cálice?». A pergunta era inócua e visava simplesmente ajudar à purificação das alfaias. Mas recordo-me que, interiormente, senti como se Jesus me perguntasse se podia beber do seu cálice. E estremeci. E hesitei.
Em cada um dos nossos dias, o Senhor coloca o cálice com o seu sangue diante de nós e pergunta-nos se podemos beber dele. Só confiados na sua graça podemos responder «sim», pois pelas nossas próprias forças tal não é possível.
O Senhor não nos engana. Ele é bastante claro ao apontar o preço da graça: adesão, sem reservas, à sua vida. Somos nós quem pretende criar uma fábula em que é possível viver rodeados de flores, sem enfrentar nenhuma das feras, sendo complacentes com o mal ou indiferentes a ele. Mas só seremos Reino, aquela que deveria ser a nossa meta, se entrarmos com Cristo no mundo, bebermos do seu cálice e recebermos o mesmo batismo, um batismo de cruz.
Desejemos, do fundo do nosso coração, a vida bela. Aquela que não ignora as sombras, mas que persevera no amor pela luz, tornando-se ela mesmo luz. Assumamos a responsabilidade pelos nossos irmãos, sendo santos, não para nos salvarmos, mas para que os outros se salvem. Se assim for, quando chegar o Dia, poderemos entrar confiadamente entre os esplendores da luz perpétua, sentar-nos no lugar que Jesus reservou para nós e juntar-nos ao coro dos anjos, dos santos que nos precederam e dos que nos acompanham e de toda a Criação, no seu louvor a Deus.
Fonte: rede Mundial de Oração do Papa