Sendim: Vila celebrou 34º aniversário com o anseio de fixar mais jovens

No sábado, dia 13 de julho, a vila de Sendim celebrou o 34º aniversário, numa comemoração que a população local recordou com um misto de alegria e nostalgia, pois a melhoria das condições de vida na localidade não foi suficiente para fixar a população, em particular dos jovens, dada a falta de oportunidades de trabalho.

No passado sábado, a comemoração do 34º aniversário de elevação da povoação de Sendim a vila, inicou-se na praça central, com a exposição dos trabalhos da Oficina do Idoso, seguida da missa em memória dos sendineses já falecidos e de um jantar convívio para toda a população.

No decorrer do jantar, o vice-presidente do município de Miranda do Douro, Nuno Rodrigues, residente na vila de Sendim, revelou que o maior anseio da população é a fixação de mais pessoas, em particular de jovens casais.

“É importantíssimo proporcionar condições para que mais pessoas, sobretudo as jovens famílias, possam trabalhar e iniciar novas atividades em Sendim. Gostaríamos de devolver a esta localidade, a pujança demográfica que tinha na década de 1990, quando recebeu o estatuto de vila”, disse.

Entre as atividades que podem possibilitar a permanência dos jovens na região, o vice-presidente do município de Miranda do Douro indicou a agricultura, a pecuária e a criação de novas empresas.

“Aproveito a presença do secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, Hernâni Dias, para apelar ao governo que conceda uma discriminação positiva para os municípios do interior do país. O desenvolvimento da economia destas regiões precisa de maiores incentivos do Estado, como a isenção inicial de pagamento de IRS e IRC para as novas empresas e apoios no pagamento da Segurança Social aos trabalhadores”, elencou.

Também o presidente da União de Freguesias de Sendim e Atenor, Luís Santiago, reconheceu a grande dificuldade dos territórios do interior do país em fixar a população jovem.

“Os jovens instalam-se sobretudo onde há mais ofertas de emprego, como é o caso das grandes centros urbanos. Em Sendim, de 20 jovens, apenas 1 ou 2 conseguem fixar-se na vila”, disse.

Relativamente, aos avanços ocorridos nesta localidade, ao longo dos 34 anos, Luís Santiago, referiu que todos os autarcas procuraram fazer o melhor e foram realizadas obras importantes como os arruamentos, a construção do pavilhão multiusos, a casa da cultura, o parque das festas, a recuperação da antiga estação ferroviaria e a nova ETAR.

Atualmente, uma obra muito aguardada na vila de Sendim é a construção do matadouro municipal, que na perspectiva do presidente da freguesia vai criar 12 postos de trabalho diretos e trazer mais gente e por conseguinte um maior dinamismo à economia local.

“O município de Miranda do Douro está a aguardar pelo parecer do Tribunal de Contas, para que possa contrair um empréstimo de financiamento com vista à construção do matadouro intermunicipal, um investimento de quatro milhões de euros”, indicou.

Do lado da população, Emílio Martins, professor, natural de Sendim, destacou que com a passagem a vila, foram criadas novas valências e infraestruturas, como o centro de saúde, o posto da GNR ou a Escola EB 1| 2| 3 e houve uma maior oferta cultural. Relativamente, às maiores dificuldades vividas pela população de Sendim, Emílio Martins, disse que o maior problema continua a ser o despovoamento.

“Apesar das melhores infraestruturas e das boas vias de comunicação que se construíram, como o IC5, continuamos muito longe dos grandes centros e não estamos a conseguir fixar os nossos jovens. Este talvez seja o maior anseio da população de Sendim: criar oportunidades para que os nossos jovens possam viver e trabalhar em Sendim”, disse.

Por sua vez, outra residente, Palmira Falcão, também reconheceu que o estatuto administrativo de vila, trouxe significativas melhorias ao nível do urbanismo, das infraestruturas e dos serviços existentes na localidade. No entanto, a artesã local alertou para o “sério” problema demográfico, numa vila, cuja população é maioritariamente envelhecida.

“Em 1990, vivia muito gente em Sendim. Contudo, ao longo destes 34 anos, sofremos um ininterrupto êxodo populacional, o que levou a que hoje residam em Sendim sobretudo os velhos”, alertou.

A provar a reduzida percentagem de jovens na freguesia, apenas uma dezena de alunos participaram na cerimónia de reconhecimento do desempenho escolar, pela conclusão do 9º ano, na Escola EB 1/2/3 de Sendim.

HA

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