Sendim: O cultivo da horta transmitido de geração em geração

Nos meses de primavera e do verão, o cultivo da horta é uma atividade muito comum no nordeste transmontano. Em Sendim, por exemplo, há uma família de mulheres agricultoras, a avó, Ilda Conde, a filha, Vera e a neta, Mafalda, que cultivam e vendem o excedente de produtos hortícolas em feiras e em cabazes através das redes socais.

Tudo começa com a limpeza dos terrenos, as lavras e a preparação da terra para a sementeira e as plantações. Nas hortas da família Conde, em Sendim, a plantação das batatas no passado mês de abril, deu início a um trabalho diário, que se prolonga até ao mês de setembro.

“As plantações na horta fazem-se nos dias de quarto minguante ou no quarto crescente da lua. Depois das batatas, plantam-se os repolhos, as curgetes, o alho francês, as cebolas, as beterrabas, as acelgas, os feijões verdes, os feijões de cascas, alfaces, cenouras, pimentos, tomates de várias qualidades, as noras, as abóboras, os melões e as melancias”, ensinou, Ilda Conde

Dado que muitos dos produtos hortícolas se destinam à comercialização, a família Conde, opta por plantar estas culturas em períodos alternados, de modo a que a colheita se prolongue durante todo o verão.

“Nas batatas, por exemplo, há que ter em consideração que são necessários três meses para a colheita. A batata demora um mês para nascer, um mês para crescer e um mês para amadurecer”, explicou.

Segundo Ilda Conde, a horta exige uma atenção permanente e um trabalho diário, na rega, na remoção das ervas daninhas e na colheita dos produtos que vão amadurecendo.

Uma das inovações introduzidas na horta da família Conde é o sistema de regra gota-a-gota, com um temporizador, que permite definir períodos de rega.

“Com o sistema gota-a-gota poupamos água, poupamos tempo, fazemos uma rega mais localizada na planta e não nasce tanta erva”, explicou a filha, Vera Conde.

À medida que os produtos da horta vão amadurecendo, a família Conde comercializa-os nas feiras locais e também através das redes sociais, em cabazes, de acordo com as solicitações dos clientes.

“As vendas nas feiras e através das redes sociais permite-nos escoar os produtos, evitando o seu desperdício. Um cabaz semanal é feito de acordo com as preferências dos clientes e pode levar um quilo de batatas, um quilo de feijão, um quilo de tomates, duas alfaces e três cebolas”, exemplificou.

Questionada sobre as razões do inquestionável melhor sabor dos produtos hortícolas, comparativamente com os que se compram nos supermercados, Vera Conde, explicou que a melhor qualidade deve-se, entre outros fatores, ao modo de produção biológico, ao cuidado e seleção do terreno e à rega localizada.

Na família Conde, o saber cultivar a horta tem sido transmitido de geração em geração. Este ano, a jovem Mafalda, está a aproveitar as férias escolares para acompanhar e aprender com a mãe, Vera e a avó, Ilda, o cultivo da horta.

“Esta atividade também é pedagógica pois permite-me aprender como é que as plantas nascem, crescem, que cuidados exigem e como se obtêm alguns dos produtos que fazem parte da nossa alimentação”, disse.

A experiência desta família, em Sendim, mostra que a horta é um meio de aprofundar a relação entre as pessoas e transmitir os métodos da agricultura biológica, que é benéfica para a saúde humana e muito importante para a proteção ambiental.

HA

Deixe um comentário