Sendim: Cooperativa Ribadouro recebe uvas de 19 de setembro até 6 de outubro
Nas vindimas deste ano, a Cooperativa Agrícola Ribadouro, em Sendim, vai começar a receber uvas no próximo dia 19 de setembro até 6 de outubro, numa campanha em que se prevê uma redução de 20% na colheita de uvas.
A assembleia geral ordinária da cooperativa Ribadouro realizou-se ao ínicio da tarde de sábado, dia 31 de agosto, no pavilhão multiusos, em Sendim e contou com a participação de uma centena de associados.
No início da assembleia, a presidente de Ribadouro, Regina Nobre, leu o Regulamento de Vindima 2024, informando os associados que a cooperativa vai começar a receber as uvas no dia 19 de setembro e a campanha prolonga-se até ao dia 6 de outubro.
A direção da Ribadouro informou que o trabalho de receção das uvas decorre de terça-feira a Domingo, com descanso semanal à segunda-feira.
Vitoriano Teresinho é um dos agricultores associados da cooperativa Ribadouro, proprietário de seis hetares de vinha na vila de Sendim.
“A quantidade de uvas não é a mesma do ano passado, mas ainda assim prevejo uma boa colheita, apesar da escassez de chuva neste verão. Vamos iniciar as vindimas a 20 de setembro, pelo que tenho que contratar 12 a 14 pessoas, durante uma semana. No ano passado paguei a jornada de trabalho a 60 euros. No entanto, há falta de mão de obra para as vindimas”, adiantou.
Questionado sobre se o cultivo da vinha é uma atividade rentável, o agricultor sendinês mostrou-se preocupado com o baixo consumo de vinho e a muita concorrência no setor vinícola.
Também presente na assembleia da Ribadouro, o jovem vitivinicultor, António Picotês, disse prever uma quebra de 20% na colheita de uvas deste ano.
“O ano não foi o melhor para as vinhas. A geadas tardias e o escaldão ocorrido em alguns dias no verão levou a uma quebra na produção de uvas”, explicou.
António Picotês indicou que vai iniciar as vindimas nas vinhas plantadas nas arribas do Douro, onde o clima é mais quente e favorece a maturação das uvas.
Sobre o atual momento do setor do vinho, o jovem produtor indicou que há muita oferta e o público procura vinhos mais frescos, com mais acidez e menor taxa de álcool.
“Antigamente, havia o hábito consumir vinho diariamente, o que favorecia a venda de vinho a granel. Mas hoje em dia, já não é assim, pois as pessoas procuram vinhos mais leves, como os brancos. Por isso, estou convencido de que o caminho é procurar a qualidade e não a quantidade”, disse.
Neste sentido, António Picotês informou que outra das preferências do público são os vinhos palhete, que resultam da mistura de uvas de castas brancas com castas tintas, o que cria vinhos tintos mais leves.
Outro assunto discutido na assembleia da cooperativa foi a situação financeira. Segundo o tesoureiro, André Xavier, a cooperativa tem uma dívida de 700 mil euros aos bancos e de 300 mil euros a fornecedores. O tesoureiro informou também que aos associados falta pagar 10% da campanha de 2022 e a totalidade da campanha de 2023.
“As vendas de vinho continuam muito baixas e a cooperativa Ribadouro tem em stock, um milhão de litros de vinho. Estamos à procura de compradores para vender o vinho a granel”, indicou.
Exposta a situação financeira da cooperativa, Camilo Raposo, associado da Ribadouro disse ter ficado esclarecido e consciente das enormes dificuldades financeiras da adega sendinesa.
“Para a nossa região, seria muito importante que a cooperativa Ribadouro conseguisse ultrapassar as atuais dificuldades financeiras”, disse.
O agricultor, Camilo Raposo, acrescentou que a cooperativa agrícola Ribadouro, para ser competitiva no mercado vinícola, precisa do contributo de profissionais e de mais conhecimento em áreas como a enologia, a gestão, o marketing e as vendas.
“Para vendermos os nossos vinhos temos que saber quais são as preferências dos consumidores. Temos que acompanhar a evolução do setor vinícola e estar atentos à procura do mercado, que atualmente prefere vinhos equilibrados, em acidez e teor de açúcar”, disse.
A Adega Cooperativa Ribadouro , em Sendim, foi constituída em 1959 e atualmente produz os vinhos “Ribeira do Corso”, “Lhéngua Mirandesa”, “Mirandum” e “Pauliteiros”.
HA