Sendim: Aumento de azeitona não significa mais azeite
Na campanha deste ano, a cooperativa olivícola “A Sendinense”, em Sendim, está a receber uma maior quantidade de azeitona, comparativamente com o ano passado, no entanto, verifica-se que o rendimento na extração de azeite é menor, dado o teor de água existente no fruto da azeitona.
Sobre a campanha deste ano, o presidente da cooperativa olivícola “A Sendinense”, José António Rodrigues, prevê que a quantidade de azeitona recebida seja o triplo do ano anterior. No entanto, o dirigente associativo indicou que a rentabilidade das colheitas para a extração de azeite é inferior à do ano transacto, devido ao maior teor de água na azeitona.
O olivicultor, Ernesto Gonçalves, natural de Sendim, realizou a apanha manual da azeitona, da variedade negrinha, em duas fases: inicialmente apanhou dois mil e 400 quilos de azeitona (mais verde) para conserva. E posteriormente, colheu outros dois mil quilos de azeitona já madura, para a extração de azeite.
“Este ano, colhi seis vezes mais azeitona do que no ano passado”, indicou.
Questionado sobre a contratação de mão-de-obra na região para a apanha da azeitona, o olivicultor sendinês referiu que conseguiu contratar pessoas, às quais pagou 60 euros por jornada de trabalho, mais o almoço.
José Martins, da aldeia de Cércio, também teve uma colheita de azeitona superior à do ano passado. No entanto, o olivicultor referiu que o aumento da quantidade de azeitona não é proporcional ao rendimento em azeite. Esta discrepância deve-se ao maior teor de água no fruto da azeitona.
Após a entrega da sua colheita na cooperativa “A Sendinense”, José Martins, como associado, vem buscar o azeite no próximo mês de maio.
“Durante estes meses, o azeite vai repousar e lá para o mês de maio, a cooperativa contata os olivicultores associados para virem buscar o azeite aqui extraído”, disse.
Sobre a quebra de rendimento na extração de azeite, Silvino Aleixo, explicou que a variedade “negrinha”, predominante na região de Sendim, não ultrapassa os 12%, ainda que o azeite seja considerado mais “fino” e de melhor qualidade.
“Este ano, o rendimento das colheitas de azeitona varia entre os 8% e os 9,5%, ou seja, em cada 1000 quilos de azeitona, extrai-se 80 a 90 quilos de azeite”, explicou.
Este olivicultor de Sendim disse que este ano optou por não entregar a sua colheita à cooperativa. Ao invés disso, Silvino Aleixo, vai extrair azeite da sua própria colheita, a partir do dia 9 de dezembro.
Até ao momento, a cooperativa de Sendim já recebeu as colheitas de azeitona de 199 olivicultores da região. Tiago Marcos, responsável pela receção na cooperativa, confirmou que embora haja um aumento significativo na quantidade de azeitona, o rendimento na extração de azeite é menor.
De acordo com a direção da cooperativa, na campanha deste ano, os preços praticados são:
– Azeitona para linha direta: 0,06€/Kg
– Azeitona para fazer azeite do sócio: 0,07€/Kg
- Azeitona do não sócio: 0,12€Kg.
“Este ano, o valor da maquia, isto é, a porção de azeite que a cooperativa retêm dos olivicultores, como remuneração pela transformação da azeitona é de 4,5%. Ou seja, por cada 100 litros de azeite fabricado, a cooperativa retêm 4,5 litros”, explicou.
A cooperativa olivícola, produz a marca de azeite “Arribas em Flor”, que é comercializado em garrafão ou garrafa e pode ser adquirido nas instalações da cooperativa, em Sendim.
Para além do azeite, a cooperativa dispõe de uma máquina descaroçadora, o que permite reutilizar o caroço da azeitona.
Segundo a direção, as vantagens de ser associado da Cooperativa Olivícola “A Sendinense” são a prioridade na entrega da azeitona (relativamente aos não sócios); o custo de produção do azeite também é inferior; a maior facilidade na comercialização do azeite; e o acesso a apoios e incentivos na plantação de novos olivais.
HA