Santulhão: Há menos azeitona e um menor rendimento em azeite
Este ano, os olivicultores do lagar em Santulhão indicam que há uma quebra na colheita de azeitona e na extração de azeite verifica-se um menor rendimento, por causa do excesso de água e da insuficiente maturação da azeitona.
De acordo com o responsável pelo lagar de Santulhão, Adrião Rodrigues, este ano, apesar da quebra na quantidade de azeitona, a produção melhorou em comparação com ano anterior. No entanto, avançou que a azeitona está a ter um menor rendimento de azeite por causa do excesso de água.
A laborar desde 2006, o lagar de azeite de Santulhão recebe as colheitas de cerca de 900 olivicultores dos concelhos de Vimioso, Macedo de Cavaleiros, Mogadouro, Miranda do Douro e Bragança.
Tal como no ano anterior, a maquia para os olivicultores que extraem o azeite no lagar de Santulhão é de 20%. Ou seja, cada agricultor deixa no lagar 1/5 da sua produção de azeite.
“Atualmente, o preço do garrafão de azeite de 5 litros custa 41€. Já a garrafa, dependendo da qualidade, vai até aos 12 a 13€/litro.”, indicou o responsável pelo lagar de Santulhão.
Este ano, foram introduzidas inovações na empresa, com a contratação de mais funcionários e a montagem de uma nova linha de extração de azeite, com o objetivo de prestar um melhor serviço aos clientes. Atualmente, trabalham no lagar de Santulhão seis pessoas, sendo que três trabalham durante o dia, duas no período noturno e uma outra pessoa ao fim-de-semana.
“Com a nova linha de extração de azeite pretendemos aumentar e agilizar a produção durante o dia. Dado que grande parte dos nossos cliente são pessoas de idade avançada, pretendemos evitar tenham que estar no lagar durante a noite”, justificou.
Os olivicultores
António Alves é natural de Santulhão e é proprietário de um restaurante em Bragança, onde serve o azeite extraído da sua colheita. Questionado sobre a produção deste ano, respondeu que a quantidade foi regular, mas a qualidade não é a melhor dada a pouca maturação da azeitona.
Sobre os cuidados que tem com o seu olival ao longo do ano, indicou que após a apanha realiza a poda ou limpa das oliveiras e depois seguem-se as lavras e a adubagem.
“Tendo em conta estas despesas, por vezes penso que seria mais barato comprar o azeite. No entanto, também sei que o azeite biológico da nossa região tem uma qualidade superior”, destacou.
Sobre o aumento no preço do azeite, o olivicultor de Santulhão corroborou da opinião que é importante dar o devido valor aos alimentos produzidos na região.
“Hoje em dia há muita procura dos produtos locais, que têm um sabor e uma qualidade diferenciada. Daí que é inteiramente justo este acerto do preço do azeite”, disse.
A apanha da azeitona é um trabalho fisicamente exigente e nem sempre é fácil contratar pessoas para esta tarefa. O olivicultor de Santulhão confirmou esta realidade e mostrou-se muito preocupado com o futuro da olivicultura na região.
“É mesmo muito difícil contratar pessoas para a apanha da azeitona. Eu apanhei a minha colheita apenas com a ajuda do meu irmão”, disse.
Por sua vez, Manuel Martins, também de Santulhão, indicou que teve uma redução de 50% na sua colheita de azeitona.
“Apesar da azeitona parecer que está bem desenvolvida, depois verifica-se que tem muita água e por isso não produz muito azeite”, explicou.
Já um olivicultor de Carção, Felisberto Lopes, indicou que teve uma quebra de 50% na sua colheita de azeitona, por causa da chuva aquando da floração das oliveiras.
Sobre a apanha da azeitona, o olivicultor de Carção informou que este ano viu-se obrigado a contratar a máquina.
“As despesas na olivicultura aumentam com a subida dos combustíveis, dos adubos e das lavras com o trator. E só com um ajustamento do preço do azeite é possível continuar com esta atividade”, sublinhou.
O casal de ex-emigrantes, António Pires e Cesarina Xavier, com 76 e 70 anos, estão há uma semana a apanhar a azeitona nos seus olivais, em Santulhão. Todos os anos, dizem colher em média 4500 quilos de azeitona, mas este ano contam com uma redução para metade da habitual produção.
“Esta redução deveu-se às condições climatéricas na época da floração em junho, quando a chuva abundante fez cair a flor”, indicaram.
Para a apanha da azeitona, este casal de ex-emigrantes em França vai realizando este trabalho, pouco a pouco, em cada dia.
“Gostávamos de ter a ajuda dos três filhos e oito netos que vivem em França, mas por motivos profissionais não é possível”, lamentaram.
HA