Rabanales (Espanha): Trabalhadoras transfronteiriças ganham mais do que em Portugal
A Residência San Salvador, localizada na aldeia de Rabanales, na província de Zamora (Espanha) conta com a colaboração de várias trabalhadoras portuguesas, que neste trabalho diário transfronteiriço, destacam os maiores salários praticados em Espanha, a facilidade das viagens e da comunicação.

A diretora da Residência San Salvador, Maria Soriano, informou que a colaboração de trabalhadoras transfronteiriças começou desde a abertura da instituição, em 2007.
“A região de Aliste, onde está situado Rabanales, está mais próximo de Portugal do que da cidade de Zamora, pelo que, por vezes, é mais fácil contratar pessoas portuguesas do que espanholas”, disse.
À semelhança do que acontece noutras instituições, a Residência San Salvador, em Rabanales, também enfrenta a dificuldade em contratar trabalhadores, nomeadamente auxiliares.
“Temos muita falta de pessoal e ninguém quer vir trabalhar para Rabanales. O salário mínimo na Espanha é de 1184 €/mês, Para trabalhar no cuidado aos idosos é necessária formação, que é dada em formato online e presencial”, informou.
Sobre a mais-valia das trabalhadoras portuguesas, a diretora da Residência San Salvador destacou, desde logo, a capacidade linguística.
“As portuguesas e os portugueses aprendem facilmente o castelhano. É impressionante! Para além disso, destaco a responsabilidade e o profissionalismo“, destacou.
A fisioterapeuta Arlete Martins, natural de Plaaçoulo, no concelho de Miranda do Douro, trabalha na Residência San Salvador, em Rabanales (Espanha), desde 2014.
Como trabalhadora transfronteiriça, acorda diariamente às 7h00, para fazer a viagem de 44 quilómetros, entre Palaçoulo (Portugal) até Rabanales (Espanha). Em 2020 e 2021, aquando da pandemia, com o encerramento das fronteiras terrestres, viu-se obrigada a uma maior deslocação dada a obrigatoriedade de entrar em Espanha, pela fronteira de Quintanilha.
Entre as vantagens e desvantagens de ser-se trabalhadora transfronteiriça, Arlete Martins, referiu que em Espanha o salário mensal é maior. “A maior desvantagem são os perigos na estrada, sobretudo devido à passagem de animais selvagens, como os corços”, indicou a fisioterapeuta portuguesa.

“Para trabalhar em Espanha é obrigatório adquirir o Número de Identificação de Estrangeiro (NIE)”, indicou.
Sobre a comunicação em espanhol, a fisioterapeuta portuguesa referiu que ao longo dos 11 anos na residência sénior, a língua nunca foi um problema.

Por sua vez, a enfermeira, Ana Gonçalves, é natural de aldeia de Sacoias, no concelho de Bragança.
Começou a trabalhar em junho, na Residência San Salvador, o que a obriga a percorrer diariamente cerca de 50 quilómetros até Rabanales (Espanha). Dado que anteriormente trabalhava também num lar de idosos, em Izeda, as deslocações não são um problema.
Sobre a diferença horária entre Portugal e Espanha, Ana Gonçalves, referiu que tem que acordar mais cedo, mas por outro lado, também termina o trabalho mais cedo.
“Aqui em Espanha, se terminar a jornada de trabalho às 15h00, isso significa que em Portugal ainda são só as 14h00. Esta diferença horária permite-me aproveitar melhor o resto do dia para fazer outras atividades”, disse.
Questionada sobre a comunicação com os utentes e colegas na residência sénior, a enfermeira portuguesa, indicou que dada a proximidade geográfica a Espanha, a língua nunca foi um problema e comunica fluentemente em castelhano.
Entre as vantagens de ser-se trabalhadora transfronteiriça, Ana Gonçalves, indicou desde logo o maior salário que aufere em Espanha, comparativamente com Portugal, assim como a valorização da profissão.
“Aqui, na Residência San Salvador, o meu trabalho e responsabilidades estão mais de acordo com a minha profissão de enfermeira. O cuidado às pessoas idosas é um trabalho exigente, mas também é muito gratificante”, disse.
HA