Picote: Zimbros têm valor ecológico
Com o propósito de esclarecer a população de Picote sobre a importância do zimbro, um arbusto ou árvore autóctone das arribas do rio Douro, realizou-se no dia 18 de setembro, no salão da freguesia, uma ação de sensibilização sobre o valor ecológico, paisagístico e utilitário dos zimbrais.

No Parque Natural do Douro Internacional (PNDI), os zimbrais são bosques autóctones de particular importância pela sua raridade, grau de ameaça, valor ecológico, paisagístico e cultural, começou por dizer o professor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, João Carvalho.
“Em termos ecológicos, os zimbrais nas encostas do rio Douro ajudam a fixar os solos e evitam a erosão. É uma espécie vegetal que procura a luz solar, pelo que prefere as ladeiras e colinas solarengas e quentes, como acontece nas arribas do Douro Internacional, em Picote, Sendim e noutras localidades”, explicou o docente universitário.
Na região do Douro Internacional, o zimbro coabita com outras espécies vegetais como o sobreiro, a azinheira e o carvalho-cerquinho.
Sobre as propriedades e utilizações do zimbro, o docente universitário indicou, por exemplo, que a madeira de cor avermelhada, compacta e aromática, demonstra aptidões para construção civil dada a sua resistência e qualidade. Outra utilidade da madeira, ramos e raízes do zimbro é a obtenção de um alcatrão designado por óleo de cade, que funciona como um medicamento para eczemas, dermatoses, psoríases e outras doenças de pele.
“As propriedades das folhas e as gálbulas (ou bagas) têm qualidades aromáticas, sendo possível obter um óleo volátil (óleo essencial) por destilação. As gálbulas, quando esmagadas, podem também ser usadas na culinária, para aromatizar peças de caça. As bagas dos zimbros também servem de alimento às espécies animais como os tordos, melros, perdizes, pombos, raposas, ginetas e corços”, indicou.
Os zimbrais são também importantes habitats e refúgios para a instalação de ninhos e a reprodução de espécies de fauna, como as aves rupícolas.
No Parque Natural do Douro Internacional (PNDI), os incêndios são a maior ameaça para a sobrevivência do zimbro, dado que esta árvore é altamente inflamável, pouco resiliente aos fogos florestais e com fraca capacidade regenerativa.
Em Picote, a ação de sensibilização foi uma iniciativa conjunta da UTAD, o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), a Quercus e envolveu ainda o IPB, no estudos sobre a avifauna.
HA
