XVII Domingo do Tempo Comum

Oferecer

2 Reis 4, 42-44 / Slm 144 (145), 10-11.15-18 / Ef 4, 1-6 / Jo 6, 1-15

A multiplicação dos pães segundo São João é um dos relatos mais fascinantes do Evangelho. Num lugar isolado, uma multidão de mais de cinco mil pessoas junta-se para escutar Jesus. Já era tarde quando Ele acaba de falar e levanta-se um problema: as pessoas não têm que comer e não há lugares perto onde se possa comprar uma refeição. Jesus, ao saber que havia quem tivesse alguns pães e peixes, pede somente que os discípulos digam à multidão que se sente.

Muitos tentam tirar força a este milagre dizendo que o que aconteceu foi a partilha de dons. Sejamos claros: se pudéssemos reduzir a multiplicação dos pães a uma operação logística, tal não mereceria estar relatado num livro, quanto mais nos quatro Evangelhos. Se o mesmo episódio nos é relatado por São Marcos, São Mateus, São Lucas e São João, é porque este sinal não só é algo fundamental para compreender Jesus, como é indispensável que seja conhecido.

Quando os Evangelhos foram escritos, o papel não abundava, como nos nossos dias. Cada uma das palavras que nos são transmitidas foi ponderada e é essencial. E há um pormenor nesta passagem que pode passar despercebido, mas que é vital: a informação, aparentemente trivial, de que havia ali muita erva. Se o sabemos interpretar, este detalhe abre-nos o sentido profundo deste episódio.

Quando São João nos alerta para o facto de abundar erva naqueles campos, ele não está a avisar-nos quanto ao confortável que seria sentar-se naquele chão. Perguntemo-nos: quando é que há muita erva num lugar? Na primavera. Qual é a festa mais importante que tem lugar na primavera? A Páscoa.

São João, ao dizer-nos que «havia muita erva naquele lugar», está a fazer uma afirmação poderosa: preparem-se, pois vem aí um sinal da Páscoa, uma antecipação dos frutos da ressurreição de Jesus. É por isso que neste mesmo capítulo sexto de São João, no dia seguinte, temos o discurso sobre o Pão do Céu, em que Jesus afirma «Eu sou o Pão da Vida. Quem vem a mim não mais terá fome e quem crê em mim jamais terá sede».

A multiplicação dos pães aponta-nos o caminho fundamental do seguimento: colocar em Deus tudo o que nos pertence, por muito pouco que seja; confiar n’Ele, sabendo que tudo depende da graça; não vivermos para nós próprios, mas para nos oferecermos uns aos outros. É esta a vida de Jesus. E é esta a nossa vida.

Da próxima vez que enfrentarmos um problema que está para além das nossas capacidades, perguntemo-nos o que podemos oferecer. E deixemos que o Senhor transforme os nossos cinco pães e dois peixes em alimento que sacia a fome e a sede da multidão dos filhos de Deus.

Fonte: Rede Mundial de Oração do Papa

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