XXVI Domingo do Tempo Comum | Dia Mundial do Migrante e do Refugiado
Jogo de sombras
Num 11, 25-29 / Slm 18 (19), 8.10.12-14 / Tg 5, 1-6 / Mc 9, 38-43.45.47-48
Ser ocasião de escândalo é a pior coisa que podemos fazer. O maior inimigo do Reino não é o maligno, mas a forma como nos deixamos seduzir pela tentação, a facilidade com que caímos em incoerência de vida. É por isso que Jesus nos dirige hoje palavras duras no Evangelho, afirmando que é melhor perder uma mão, um pé ou um olho do que tentar preservá-los e, com isso, perder o Reino.
Os abusos de poder, a gestão danosa de fundos, o encobrimento dos abusos, tudo isto gera uma ferida que vai além das vítimas diretas destes pecados. Estas feridas perduram no tempo, envergonham-nos e fecham o coração da Humanidade à bondade do Evangelho e ao seguimento de Jesus.
Não duvido por um momento das boas intenções dos nossos irmãos que, para tentar proteger a Igreja, a tentaram preservar das tempestades. Mas enganaram-se e enganaram-nos, e as suas ações só nos tornaram ainda mais vulneráveis, pois «não há nada encoberto que não seja um dia proclamado do alto dos telhados».
Na nossa vida de cada dia, e no seio das nossas comunidades, esforcemo-nos por levar uma vida ao estilo de Jesus, fazendo o bem sem olhar a quem, rezando pelos inimigos, curando os feridos com que nos cruzamos, consolando os que se encontram abatidos e com uma grande misericórdia para com todos. Denunciemos o mal, mas poupemos o pecador ao nosso juízo. Apelemos às virtudes, mas não nos consideremos superiores. Reconheçamos os nossos pecados, sem receio de assumir a nossa fragilidade, e confiemos na graça.