Música: Concerto na basílica de Santo Cristo de Outeiro
Decorre de 27 de setembro a 12 de outubro, o festival de música erudita “Bragança Classicfest”, sendo que a estreia acontece na Basílica de Santo Cristo de Outeiro, monumento nacional desde 1927.

O festival começou em 2021, no Teatro Municipal de Bragança, mas também com passagens por igrejas da cidade e tem vindo a “reafirmar Bragança como destino cultural de excelência”, atraindo públicos de outros países, segundo a organização.
Nesta edição, pela primeira vez, um dos concertos, o de abertura, acontece numa aldeia, em Outeiro, com a Basílica de Santo Cristo, monumento nacional desde 1927 a ser o palco do ensemble Arte Minima, sob a direção de Pedro Sousa Silva.
“O público vai sentir que não é mais um concerto, mas que há uma atenção grande a estas povoações que estão injustamente esquecidas e com falta de acesso a eventos de excelência”, salientou o diretor artístico, Filipe Pinto-Ribeiro.
A Basílica de Santo Cristo de Outeiro é uma igreja classificada como monumento nacional desde 1927.
Trata-se de um templo do século XVII, cuja construção se associa à necessidade de afirmação do país enquanto nação independente de Espanha.
A sua origem foi um pequeno templo, votado ao abandono, até que a 26 de Abril de 1698 se terá dado um milagre: o Santo Cristo terá então suado sangue, conforme inscrição existente na igreja. Depressa se espalhou a notícia e a primeira pedra para um santuário foi lançada entre 1725 e 1739. Ao longo do século XVIII assumiu importância enquanto lugar de peregrinação.
O edifício é composto por templo com planta em cruz latina, sacristia e casa de arrumações. Destaca-se a sacristia com teto apainelado com três dezenas de caixotões pintados com cenas da vida de Cristo, executados em 1768 por Damião Bustamante oriundo de Valladolid, e paredes igualmente revestidas de pintura sobre tela. A 8 de novembro de 2014 foi concedido o título de Basílica de S.Cristo de Outeiro à igreja - Santuário do Santo Cristo de Outeiro, tornando-a na única Basílica do país que está localizada numa aldeia.
O Bragança Classicfest apresenta oito concertos, um deles na basílica, mas os restantes decorrem no Teatro Municipal de Bragança e no Convento de São Francisco. São esperadas a Orquestra Sinfónica do Principado das Astúrias, “uma das mais destacadas formações espanholas”, com o maestro português Nuno Coelho, e a Orquestra Philharmonia Frankfurt, “em estreia em Portugal”, com o maestro Juri Gilbo e com o solista Vladislav Lavrik, “um dos maiores trompetistas da atualidade”.
Segundo Filipe Pinto-Ribeiro, todos os espetáculos do festival são únicos, o que quer dizer que “as orquestras vêm tocar propositadamente a Bragança”, o que o torna “muito especial”.
Cinco dos concertos têm entrada gratuita, nomeadamente o de abertura e o do dia 01 de outubro, Dia Mundial da Música. “Tem a ver com o serviço público de cultura, porque a missão de um teatro municipal é dar a conhecer novos artistas, trazer digressões consagradas, mas é também possibilitar que todas as pessoas possam vir ao teatro e não só as chamadas elites”, vincou o diretor do Teatro Municipal de Bragança, explicando que é preciso levantar os bilhetes na bilheteira, para controlo de lugares.
De acordo com João Cristiano Cunha, a taxa de ocupação dos espetáculos, nas edições anteriores, rondou os 96%, com públicos da região, do país, mas também do estrangeiro. “Vem público de Espanha, mas também de Itália, França e Alemanha, porque seguem os artistas de música erudita e aproveitam para fazer turismo cultural e conhecerem um país novo”, adiantou.
Esta quinta edição contará ainda com “a violinista suíça Esther Hoppe, o violetista norueguês Lars Anders Tomter e o violoncelista suíço Christian Poltéra”, mas também filhos da terra, como o violinista brigantino David Seixas.
Além dos concertos para todos os públicos, o Bragança Classicfest tem ainda ‘masterclasses’ dedicadas aos estudantes de música da região.

Fonte: Lusa | Foto: Flickr