Mogadouro: História destaca o empreendedorismo dos mogadourenses
No decorrer do XI Festival Terra Transmontana, a igreja da Misericórdia, em Mogadouro, acolheu a 26 de julho, a palestra “Mogadouro: de vila centenária a jovem cidade”, tendo a historiadora, Maria Alegria Marques, dado a conhecer que o desenvolvimento desta localidade se deve à mentalidade “liberal e empreendedora” das suas gentes.

A vereadora da cultura do município de Mogadouro, Márcia Barros, explicou que em cada edição do Festival Terra Transmontana é importante fazer uma referência ao tema.
«Este ano, com a elevação de Mogadouro a cidade, no dia 13 de março de 2025, o tema escolhido para o festival foi “Mogadouro; de vila centenária e jovem cidade”. Para fazer uma retrospectiva histórica e diacrónica deste percurso histórico, social, económico e cultural, o município de Mogadouro convidou a professora Maria Alegria Marques para uma palestra inserida no programa do XI Festival Terra Transmontana”, justificou.
Na palestra, Maria Alegria Marques, licenciada em História e doutorada em História da Idade Média, pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde é professora catedrática, começou por destacar que Mogadouro é uma localidade milenar.
“A existência de gravuras na pedra, mamoas ou antas demonstra que esta região já é habitada há milhares de anos”, disse.
Referindo-se Idade Média, a também membra do Centro de História da Sociedade e da Cultura, explicou que Mogadouro, sendo uma terra de fronteira, viveu períodos de tensão e permanente conflito com o reino vizinho de Castela e Leão (Espanha).
“A primeira referência ao castelo de Mogadouro foi no reinado de Dom Sancho I, em 1258. E o primeiro foral foi concedido em 1272. Mais tarde, no século XVII, entre 1640 e 1668, o reino de Portugal enfrentou 28 anos de guerrilha com Espanha, na chamada Guerra da Sucessão”, indicou.
Na exposição sobre Mogadouro, a historiadora referiu-se à família “De Távora”, uma família nobre, natural de Trancoso, proprietária de grandes áreas de terra, no norte do país.
“D. Luís de Távora, em 1557 fundou uma obra secular de misericórdia em Mogadouro. Posteriormente, em 1620, iniciou-se a construção do convento de São Francisco, obra concluída em 1687. Mais tarde, em 1758, o Marquês de Pombal começou a perseguir a família Távora, que foi sujeita a tortura, suplício e humilhação pública antes de serem decapitados e os seus corpos reduzidos a cinzas. Os seus bens regressam à posse da coroa e em Mogadouro, os bens nunca foram restituídos”, contou.

Segundo Maria Alegria Marques, no século XIX houve mudanças estruturais na política, com destaque para a passagem da monarquia absolutista para a monarquia constitucional, o que permitiu a mudança de mentalidades, com o surgimento do liberalismo, do progresso e do lazer.
Sobre a atualidade, a historiadora destacou que Mogadouro, sendo um territórios do interior de Portugal, tem sabido adaptar-se aos novos tempos, com a modernização da agricultura, a indústria agropecuária, as novas indústrias, o desenvolvimento dos serviços e a cooperação transfronteiriça.
“A recente elevação de Mogadouro a cidade é o reconhecimento do desenvolvimento desta localidade. Mogadouro esta apetrechada de infraestruturas fundamentais como as habitações, rede viária, edifícios públicos adequados, economia dinâmica, serviços de saúde, educação, cultura, ambiente, segurança, lazer e aglomerados populacionais (aldeias) humanizados”, descreveu.
Quanto ao futuro de Mogadouro, a historiadora, Maria Alegria Marques, afirmou que “o futuro constrói-se”.
“Mogadouro é uma terra milenar, onde as suas gentes têm sabido aproveitar os recursos naturais, históricos e culturais para construir o futuro”, concluiu.
HA