Miranda do Douro: Cerimónia da Capa d’Honras homenageou Ricardo Flecha
No Domingo, dia 24 de março, Miranda do Douro voltou a assinalar a importância cultural da Capa D’Honras, com a realização da cerimónia anual dedicada a esta indumentária típica das regiões da Terra de Miranda e da província de Zamora (Espanha), tendo este ano homenageado o saudoso escultor, Ricardo Flecha.
O evento ibérico iniciou-se com o habitual desfile pela zona histórica da cidade de Miranda do Douro, no qual participaram 200 pessoas, portugueses e espanhóis, trajados com a emblemática capa d’honras.
No largo da Igreja da Misericórdia, a comitiva juntou-se aos numerosos fiéis que participaram na Benção dos Ramos, antes da celebração da eucaristia, na concatedral.
No final da celebração religiosa realizou-se a cerimónia de engrandecimento da Capa d’Honras, com a intervenção inicial de António Rodrigues Mourinho. O historiador lembrou que esta peça de vestuário ancestral, inicialmente usada pelos pastores, é hoje um símbolo comum da Terra de Miranda e das regiões vizinhas espanholas de Aliste, da Sanábria e de Leão.
Bem a propósito, o músico espanhol, Luís António Pedraza, em representação do saudoso escultor zamorano, Ricardo Flecha, (1958-2023) também sublinhou os laços culturais entre as duas regiões raianas.
Na cerimónia deste ano, participou também a designer de joalharia, Manuela Ferraz, que deu a conhecer quatro coleçóes de jóias inspiradas nas capas mirandesas. “Com este trabalho pretendemos promover a valorizar este património cultural”, justificou.
De seguida, o etnógrafo e diretor do Centro de Música Tradicional Sons da Terra, Mario Correia, acrescentou que a Capa d´Honras Mirandesa é simultaneamente uma peça do património cultural imaterial e material (físico) da região.
Dado o valor cultural desta peça de vestuário, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) inscreveu, em novembro de 2022, a Capa de Honra Mirandesa no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial (INPCI), culminando “um longo caminho na salvaguarda desta peça do traje transmontano”.
HA