Miranda do Douro: Alunos aprendem a ver os lobos da perspectiva ambiental

Com o propósito sensibilizar a comunidade local para a riqueza da biodiversidade existente no planalto mirandês, a Palombar está a desenvolver com os alunos do Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro (AEMD), o projeto “Futuros Partilhados”, de modo a descontruir preconceitos em relação às espécies de animais selvagens, como o lobo ibérico.

O projeto foi apresentado pela Palombar ao Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro (AEMD) e segundo a professora Isaura Peres, adjunta da direção do AEMD, está a ser implementado na Escola Básica e Secundária de Miranda do Douro, pelos alunos do 10.º ano, da área de ciências.

“Dado que o projeto visa promover a reflexão e a sensibilização ambiental, está a ser desenvolvido com uma turma de 10º ano, da área de ciências. As sessões do projeto no AEMD, realizam-se com uma frequência quinzenal, tendo como convidados vários intervenientes das áreas da biologia e das artes. Em cada sessão é abordado um tema específico, através de exercícios artísticos, como a construção de histórias e vídeos de sensibilização ambiental”, explicou.

Da Palombar, Nuno Preto, explicou que ao aliar a arte com a conservação da natureza, o projeto “Futuros Partilhados” tem como objetivo principal recriar histórias que aproximem a comunidade local e a vida selvagem.

“Ao usar expressões artísticas, como a escrita e o teatro, pretendemos desenvolver nos alunos das escolas de Miranda do Douro, a reflexão, o pensamento crítico e a argumentação em relação à biodiversidade existente nesta região. De um modo particular, pretende-se descontruir preconceitos e medos a relação às espécies predadoras, como as raposas, os lobos e as aves de rapina”, indicou.

O membro da Palombar, acrescentou que para além dos jovens, o projeto “Futuros Partilhados” envolve também as pessoas idosas, que vivem nos lares da Santa Casa da Misericórdia de Miranda do Douro (SCMMD).

“É um projeto intergeracional pois queremos aproveitar a sabedoria e a memória das pessoas idosas. Nos lares, realizamos a recolha de histórias, mitos e tradições locais. A este legado juntamos depois o saber científico e as novas perspectivas e contributos dos jovens alunos”, disse.

A acompanhar o desenvolvimento do projeto educativo no AEMD, a professora, Ana Pimentel, adiantou que os alunos estão a acolher “entusiasticamente”, quer o tema da sensibilização ambiental, quer a nova metodologia de ensino-aprendizagem.

“Os alunos estão muito motivados dado que o projeto utiliza um método participativo, que implica a criação artística em grupo, estimulando assim a reflexão, o diálogo e a argumentação, sobre temas, por vezes, controversos, como as espécies predadoras existentes no meio ambiente em que vivem”, destacou.

Por sua vez, os alunos, como Gonçalo Lourenço, expressaram grande satisfação pelo método inovador e multidisciplinar, que lhes permite aprender através da interação, do diálogo e da representação artística.

“Em vez de aprendermos de forma unidirecional, com o professor a ditar e nós os alunos a reter a informação, a metodologia empregue no projeto “Futuros Partilhados” é uma novidade. Este método apela à nossa reflexão, ao diálogo e à construção de novas perspectivas através da expressão artística, como a escrita ou o teatro, o que para nós é entusiasmante”, disse.

Também a companheira de turma, Ana Luísa, elogiou o projeto “Futuros Partilhados”, pela abordagem a temas próximos, como a biodiversidade ambiental existente na região.

“Sendo natural da aldeia de Genísio, a natureza e as espécies de animais selvagens fazem parte da realidade da comunidade local. Por isso, este projeto permite-me conhecer melhor a biodiversidade existente e descontruir medos em relação a animais, como por exemplo, o lobo”, disse.

A fase piloto do projeto “Futuros Partilhados” iniciou-se no dia 26 de fevereiro e decorre até novembro de 2025, altura em que será exibido um ciclo de cinema ambiental. O projeto poderá estender-se até 2027.

O projeto é financiado pelo programa PARTIS & ART FOR CHANGE da Fundação Calouste Gulbenkian, BPI e Fundação “la Caixa” e conta com a colaboração da Câmara Municipal de Miranda do Douro, da Santa Casa da Misericórdia (valência de lar para idosos) e do Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro (AERMD).

HA

Deixe um comentário