Malhadas: Concurso nacional deu prestígio aos bovinos mirandeses

Nos dias 26, 27 e 28 de agosto, o mercado de gado, em Malhadas, acolheu o XXXI Concurso Nacional de Bovinos de Raça Mirandesa, um certame que reuniu os criadores desta raça autóctone e premiou os melhores bovinos mirandeses.

Segundo a Associação de Criadores de Bovinos de Raça Mirandesa (ACBRM) o concurso nacional realiza-se desde 1865 e tem como grande objetivo contribuir para a defesa e preservação dos bovinos de raça mirandesa.

O concurso nacional deste ano realizou-se após a realização dos concursos concelhios em Miranda do Douro, Vimioso, Mogadouro, Macedo de Cavaleiros, Bragança e Vinhais- onde se selecionaram os melhores exemplares de cada concelho.

O certame decorreu ao longo dos dias 26, 27 e 28 de agosto e a avaliação dos animais fez-se segundo as categorias e a idade dos novilhos, vacas e touros.

Sobre a mais-valia desta raça de bovinos, João Choupina, presidente da Associação de Criadores de Bovinos de Raça Mirandesa (ACBRM) lembrou que antigamente estes animais era muito utilizados nos trabalhos agrícolas. Com a mecanização da agricultura, os bovinos mirandeses passaram a ser criados para a produção de carne.

“Atualmente, a mais valia destes bovinos é a carne de excelente qualidade que produzem. Um vitelo a partir de oito meses está pronto para o abate” – João Choupina.

João Choupina é também criador de bovinos de raça mirandesa. Sobre a sua participação no concurso nacional disse que este evento é uma oportunidade de encontro e convívio com os outros criadores.

“Entre nós os criadores, costumamos dizer que nestes três dias de concurso estamos de férias, dado que passamos um ano inteiro a trabalhar nas nossas explorações”, disse.

Atualmente, os criadores de bovinos de raça mirandesa estão a enfrentar os problemas decorrentes da situação de seca e da falta de forragens para os animais.

“Para além da seca, o preço dos adubos e das farinhas tem aumentado muito. E o preço da carne não acompanhou o aumento dos custos de produção”, disse.

A propósito da qualidade da carne mirandesa, o administrador da Cooperativa Agropecuária Mirandesa, o engenheiro Nuno Paulo, salientou o trabalho desenvolvido pelos criadores e os esforços desenvolvidos no desenvolvimento genético desta raça autóctone.

“A carne mirandesa tem um qualidade excelente e está presente no mercado nacional e internacionais. A pandemia e estas sucessivas crises económicas obrigam-nos a estar atentos e a trabalhar para que a carne mirandesa continue a merecer a preferência dos clientes e consumidores. E também para que a criação de bovinos de raça mirandesa seja uma atividade rentável para os criadores” – Engenheiro Nuno Paulo.

Por sua vez, Camilo Raposo, presidente da freguesia de Malhadas, expressou a sua grande satisfação pela realização do Concurso Nacional de Bovinos de Raça Mirandesa, em Malhadas.

“É uma enorme alegria acolher este ano, o concurso nacional, aqui no mercado de gado, em Malhadas. Recordo que a Associação de Criadores de Bovinos de Raça Mirandesa tem a sua sede precisamente aqui, em Malhadas. E esta raça de bovinos é uma marca identitária muito importante para a freguesia, para o concelho, para o solar e para todo o território nacional”, disse.

O autarca recordou ainda que a freguesia de Malhadas alberga desde 1913 o posto zootécnico de Malhadas, que constituiu um importante polo de dinamização da raça mirandesa.

Em Malhadas existem atualmente seis criadores de bovinos de raça mirandesa.

Maria Carolina é uma criadora de bovinos de raça mirandesa, natural de Malhadas. Questionada sobre o que a motiva a dedicar-se à criação destes bovinos, a criadora de Malhadas respondeu que tem gosto e paixão pela pecuária. Na sua opinião só com gosto e paixão, é que se motivam os jovens a dedicarem-se à pecuária.

“Tenho uma neta que gosta muito de cuidar dos animais: dá-lhes de comer, limpa-lhes o espaço e leva-os para o pasto”, disse.

Marcelo é um jovem criador de 26 anos. Veio de Ousilhão, no concelho de Vinhais, para participar no concurso nacional de bovinos mirandeses. A própósito do concurso informou que as caraterísticas mais valorizadas nos animais são o porte, a apresentação e a domesticação do animal.

O jovem Marcelo referiu-se também às atuais dificuldades que os criadores enfrentam, dada a falta de forragens por causa da seca, o aumento do preço da ração e dos combustíveis

“As forragens como a aveia e o feno, que tínhamos guardadas para o inverno estamos a utilizá-las agora para alimentar os animais”, informou.

Questionado sobre o que leva os jovens a dedicarem-se à pecuária, Marcelo foi peremptório ao afirmar:

“Há que gostar muito da pecuária e dos animais! Porque se não se gostar e com as atuais dificuldades que estamos a atravessar é fácil desanimar”, disse.

Sobre o apoio que os municípios prestam aos criadores, Nuno Rodrigues, vice-presidente do município de Miranda do Douro, acompanhado dos autarcas de Bragança e Vila Flor, sublinhou que a preservação da raça de bovinos mirandeses é importantíssima.

“O município de Miranda do Douro procura proporcionar condições aos criadores para que continuem a investir nesta raça autóctone. Recordo que para além da realização de concursos como este, o município apoia os criadores com as despesas da sanidade animal. Estamos também a estudar apoios na desparasitação, na vacinação e na produção de raças autóctones”, informou.

As lutas de touros mirandeses são uma atração no concurso nacional de bovinos.

HA

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