Língua portuguesa: Léxico cresce graças ao Brasil e PALOP

Na comemoração do Dia Internacional da Língua Portuguesa, a 5 de maio, a linguista Helena Figueira, do dicionário Priberam, considerou que há um aumento do léxico português, graças à influência do Brasil e um crescente contributo dos PALOP.

Segundo a linguista do Priberam, com frequência são adicionadas novas palavras aos dicionários de português, sendo que a maioria são provenientes do Brasil, dado que há uma maior exposição à variante do português do Brasil.

A especialista esclarece que as palavras no Priberam – dicionário online de português – são inseridas tendo por critérios “a evidência, a frequência, a atualidade ou de sugestões dos utilizadores”, adiantando que as palavras são sempre analisadas.

Em relação à maior predominância de palavras vindas do Brasil, Helena Figueira afirmou que a causa se deve ao maior número de utilizadores brasileiros.

No último ano, tem-se verificado também um aumento de termos provenientes de países lusófonos como Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, nos dicionários, sendo dipanda (independência), meninência (meninos e/ou meninas), manguana (amanhã) e baiar (fazer um feitiço contra alguém) alguns exemplos de palavras adicionadas que vêm dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).

As palavras vindas dos PALOP “são menos comparativamente com as provenientes de Portugal e do Brasil”, porque há “menos acesso às coisas que são produzidas na língua desses países”, sublinha Helena Figueira.

Questionada sobre quais as palavras ‘brasileiras’ mais utilizadas pelos portugueses, a linguista disse que não tinha “dados das palavras mais usadas”, mas que essas são muito poucas, sendo que o que é mais usado são as preposições como ‘de’ e ‘em’.

“Às vezes o nosso discurso é muito pobre porque, em termos de alta frequência, as palavras mais frequentes, aquelas que nós usamos todos os dias, são as palavras mais normais que nós podemos encontrar para articularmos o nosso discurso”, acrescenta.

Acerca do Acordo Ortográfico – uma convenção que visa a unificação da ortografia entre os países lusófonos com o objetivo de facilitar a comunicação entre os países – a especialista explica que este lida apenas com a ortografia, a parte mais artificial da língua, enquanto os “brasileirismos” pertencem ao léxico e, por vezes, à sintaxe.

“Quando falamos em Portugal, em alguns casos encontramos ‘facto’, quando queríamos escrever ‘fato’, porque em geral, o ‘C’, de facto, não cai porque é pronunciado. Estamos a falar de equívocos ortográficos ou de erros ortográficos”, explica a linguista, acrescentando que os brasileirismos são “outra coisa completamente diferente” e que “fazem parte das interferências no português europeu, mas que não têm a ver com a parte ortográfica, têm a ver com interferências que vêm através de fontes ou contactos, com a literatura, a televisão e a internet”.

Em 5 de maio celebrou-se o Dia Mundial da Língua Portuguesa, que foi estabelecida pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em 2009 e reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) a 25 de novembro de 2019.

A CPLP é constituída por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné-Equatorial, Portugal, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.

Fonte: Lusa

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