II Domingo da Quaresma
Jesus é a luz do mundo
Gen 22, 1-2.9a.10-13.15-18 / Slm 115 (116), 10.15-19 / Rom 8, 31b-34 / Mc 9, 2-10
Neste segundo domingo da Quaresma escutamos o relato da Transfiguração do Senhor segundo São Marcos. A história é sobejamente conhecida: Jesus pede a Pedro, Tiago e João que o acompanhem até ao cimo de um monte para rezar. Aí chegados, Jesus ganha uma nova «figura», torna-se luz, e fala com Moisés e Elias.
Os discípulos veem isto e estão cheios de medo. É inevitável: o seu Mestre brilha com a intensidade do sol diante de Moisés e Elias, figuras maiores da história de Israel e que morreram há muito. O que estará a acontecer?
A descrição de São Marcos é deliciosa, porque em lugar de mostrar os discípulos como bons alunos, plenamente conscientes e bem preparados para esta visão, prefere mostrar-nos o seu desconcerto, dizendo que Pedro sugere montar três tendas porque não sabia o que dizer. Pedro balbucia algo, porque não sabe o que fazer diante do que vê. Simplesmente sente-se perdido, sem direção.
De certa forma, a construção das três tendas vem suprir a necessidade básica que temos quando o chão parece escapar-nos debaixo dos pés: ocupar-nos com algo, para recuperar algum sentido de controlo sobre a situação. E não é para menos, pois aquela luz tornou branco todo o entorno. Conseguem imaginar luz tão potente? Seria o equivalente a um foco, tão intenso como o sol.
Ao excesso de luz, com o qual os discípulos não conseguem lidar, segue-se a nuvem e a sombra de Deus, que repõe o mistério, que oculta a relação de Jesus com o Pai e com a corte celestial. E a sua voz transmite o mandamento mais simples e essencial: não tentes domesticar Jesus construindo-lhe tendas, aprisionando-o nos lugares que preparaste para Ele; vive à sua escuta, deixa que seja Ele a guiar-te.