Incêndios: Fogo no Douro Internacional deixou pastores sem alimentos para o gado

Os produtores de ovinos e caprinos, do sul do distrito de Bragança, estão muito apreensivos em relação ao futuro das explorações pecuárias, dada a falta de alimentos provocada pelo incêndio que deflagrou no dia 15 de agosto, no Parque Natural do Douro Internacional.

O presidente da Associação Nacional de Criadores de Ovinos da Churra da Terra Quente, Bruno Cordeiro, disse que o incêndio destruiu as pastagens e o renovo só acontecerá lá para março, estando dependente das chuvas.

“Infelizmente os pastores não têm alimento para os animais. Neste momento toda a alimentação é dada à manjedoura. Esta raça [autóctone] de ovinos é criada de forma extensiva e tradicionalmente se alimenta do pasto, o que se torna numa situação muito aflitiva”, disse o também produtor pecuário.

Segundo o responsável, a alimentação da Churra da Terra Quente é 100% feita à base de pastagens naturais, que arderam nos fogos.

“O impacto [do incêndio] na economia local é muito grande e acredito que muitos pastores vão abandonar esta atividade pecuária, porque os custos de produção são elevados e estão sempre a aumentar, sendo muito dispendioso alimentar os animais durante cerca de meio ano, a correr bem”, admitiu Bruno Cordeiro.

Agora, o responsável, em nome dos 127 criadores desta associação nacional de produtores de ovinos, pede ajuda ao Governo para olhar para o setor, “porque é insustentável manter os animais estabulados”.

“Há municípios a ajudar os produtores, mas não é suficiente”, vincou.

O efetivo desta raça de ovinos, que ronda as 11.500 cabeças de gado, está espalhado por concelhos como Torre de Moncorvo, Freixo de Espada à Cinta e Mogadouro, concelhos afetados pelas chamas em 15 de agosto. Contudo, os animais espalham-se ainda por Vila Flor, Mirandela, Carrazeda de Ansiães e Alfândega da Fé, municípios que também foram afetados por incêndios nas últimas semanas e com perdas no potencial agrícola do território.

O incêndio do Douro Internacional deflagrou a meio da tarde do dia 15 de agosto, em Poiares, no concelho de Freixo de Espada à Cinta, e depressa se alastrou aos concelhos vizinhos de Torre de Moncorvo e Mogadouro, no distrito de Bragança, deixando um rasto de destruição nas pastagens e em culturas como o olival, amendoal, vinha, laranjal, floresta e colmeias.

Segundo dados provisórios da GNR, arderam 12 mil hectares nos concelhos de Freixo de Espada à Cinta, Torre de Moncorvo e Mogadouro, num incêndio que chegou a ter cerca de 400 operacionais no terreno e a ausência de meios aéreos, devido às condições climatéricas que se fizeram sentir.

Dados do relatório nacional provisório do Sistema de Gestão de Informação de Incêndios Florestais (SIGF) indicam que, até 24 de agosto, há 11.697 hectares de área ardida em Freixo de Espada à Cinta.

Fonte: Lusa | Foto: Exército Português

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