Francisco: Vaticano divulga celebrações fúnebres

O Departamento das Celebrações Litúrgicas da Santa Sé divulgou o esquema do funeral do Papa Francisco, que se vai celebrar este sábado, dia 26 de abril.

 “Missa exequial pelo Romano Pontífice Francisco” vai ser presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício, na Praça de São Pedro.

Ao contrário do que aconteceu a 5 de janeiro de 2023, no funeral de Bento XVI, então Papa emérito, a celebração inclui elementos que dizem respeito à morte de um pontífice em exercício, como, por exemplo, as súplicas da Diocese de Roma e das Igrejas Orientais, no final da Missa.

O último Papa a falecer no exercício da sua missão tinha sido São João Paulo II a 2 de abril de 2005, tendo o funeral sido presidido pelo cardeal Joseph Ratzinger – que viria a ser o seu sucessor – a 8 de abril.

Após as 19h00 de sexta-feira (menos uma em Lisboa), quando a porta da Basílica de São Pedro encerra portas aos fiéis e visitantes que se têm despedido de Francisco, o caixão será fechado num rito reservado.

O mestre das Celebrações Litúrgicas, monsenhor Diego Ravelli, lê o ‘rogito’ – elegia em latim, relatando os principais atos da vida do falecido Papa -, e, em seguida, estende-se o véu de seda branca sobre o rosto do defunto, que é aspergido com água benta.

Uma tampa é colocada sobre o caixão de zinco, com a cruz, o brasão, a placa com o nome ‘Franciscus’, a duração da sua vida (1936-2025) e do seu ministério petrino (2013-2025).

O caixão de zinco é soldado e são impressos os selos do cardeal Camerlengo da Santa Igreja Romana, da Prefeitura da Casa Pontifícia, do Departamento para as Celebrações Litúrgicas e do Capítulo Vaticano.

O caixão de madeira também é fechado, tendo na sua tampa a cruz e o escudo de armas do Papa.

Francisco pediu uma simplificação dos ritos, que levou à eliminação do recurso aos tradicionais três caixões – de cipreste, chumbo e carvalho.

Na manhã de sábado, pelas 08h45 de Roma, o corpo é transportado da Basílica de São Pedro para o adro, onde será recitado o Rosário.

A celebração conta com leituras bíblicas diferentes das do funeral de Bento XVI, sendo a passagem do Evangelho tirada do capítulo 21 de São João, relativa à missão de São Pedro, o primeiro Papa da Igreja Católica.

O presidente da celebração profere a homilia; o cardeal Giovanni Battista Re já tinha celebrado o funeral de Bento XVI no altar, devido às limitações físicas de Francisco, em 2023.

Após a homilia, os presentes vão rezar por Francisco, para que Deus o “acolha com bondade no seu reino de luz e paz”.

Uma das intenções da oração universal vai ser lida em português, rezando pela justiça e a paz entre as nações.

Após a Comunhão, decorre o rito da ‘Ultima Commendatio’ (última encomendação) e da ‘Valedictio’ (adeus), seguindo-se as orações da Diocese de Roma, pelo vigário-geral, cardeal Baldo Reina, e das Igrejas Orientais.

Os patriarcas, arcebispos maiores e metropolitas das Igrejas ‘sui iuris’ (com direito próprio, mas ligadas a Roma) orientais católicas deslocam-se até junto do caixão, voltados para o altar, num momento de oração pelo “servo de Deus Francisco, bispo”, em grego, do Ofício dos Defuntos da liturgia bizantina, simbolizando a universalidade da Igreja Católica.

Depois destas orações próprias pelo Papa, o presidente da celebração incensa o féretro e asperge-o com água benta, antes da antífona final, a que se segue o regresso do caixão ao interior da Basílica de São Pedro.

O livrete da celebração apresenta, na sua página inicial, o quadro “Deposição da Cruz” (1746) de Jesus, do pintor napolitano Sebastiano Conca, conservado nos Museus do Vaticano.

Francisco vai ser sepultado, a seu pedido, na Basílica de Santa Maria Maior, onde decorrerá a cerimónia de enterro, com um rito próprio, no local preparado para receber o Papa – o último pontífice ali sepultado foi Clemente IX, em 1669, encontrando-se também na Basílica os túmulos de Honório III, Nicolau IV, Pio V, Sisto V, Clemente VIII e Paulo V.

O caixão é transportado para a sepultura, enquanto são entoados salmos, em latim, e o presidente da celebração introduz as intercessões.

Após a oração pelo falecido Papa, o caixão de madeira que contém os restos mortais é selado com os selos do cardeal camerlengo da Santa Igreja Romana, da Prefeitura da Casa Pontifícia, do Departamento para as Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice e do Capítulo Liberiano (conjunto dos cónegos da Basílica de Santa Maria Maior).

O corpo é colocado no túmulo e aspergido com água benta, seguindo-se o canto do Regina Coeli, que no tempo litúrgico da Páscoa substitui a recitação do ângelus.

O notário do Capítulo Liberiano lavra o “ato autêntico”, que serve de prova do enterro e lê-o aos presentes.

Em seguida, o documento é assinado pelo cardeal camerlengo, pelo regente da Casa Pontifícia, pelo mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias e pelo próprio notário.

Fonte: Ecclesia

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