X Domingo do Tempo Comum
Fazer o bem incomoda
Gen 3, 9-15 / Slm 129 (130), 1-8 / 2 Cor 4, 13 – 5, 1 / Mc 3, 20-35
A popularidade de Jesus trouxe-lhe atenção indesejada. As palavras que proferia e os milagres que fazia provocaram reações fortemente adversas, não só entre desconhecidos, mas também entre amigos e familiares. Contrariamente ao bom senso, fazer o bem desperta, no pior dos casos, uma certa mesquinhez naqueles que nos rodeiam e, no melhor, uma preocupação com o nosso estilo de vida.
Quantos de nós já fomos tidos por insensatos ou ingénuos por colocar o Evangelho em prática? Sejam os fins de semana passados longe da família numa formação ou num retiro, seja o nosso envolvimento na paróquia ou num movimento, e mesmo a frequência dos sacramentos, o seguimento de Jesus é sempre acompanhado de obstáculos.
O Senhor prepara-nos para esta resistência aos trabalhos do Reino. No episódio do Evangelho deste domingo, bem como noutras passagens da Sagrada Escritura, é recorrente o apelo de Jesus a não procurarmos nem o aplauso nem a popularidade. Se o reconhecimento chegar, alegremo-nos e dêmos glória a Deus.
As duras palavras de Jesus sobre a sua família – «são aqueles que fazem a vontade de Deus» – devem ser o nosso cajado nos momentos mais difíceis da nossa peregrinação na terra. Sejamos corteses com todos, mas resistamos à tentação de a todos querer agradar. A bondade dos nossos passos não será medida em aplausos, a justeza das nossas palavras não depende do reconhecimento, mas sim de ter um coração de carne quando abunda ressentimento e ceticismo.
O sal preserva a carne porque rejeita ser como a carne. Assim também nós, que recebemos dos lábios de Jesus a missão de sermos sal da terra, devemos arriscar cuidar de quem nos rodeia sem deixar esmorecer o Evangelho.