XXXI Domingo do Tempo Comum
Fazer as coisas por amor e confiar no Senhor
Mal 1, 14b – 2, 2b.8-10 / Slm 130 (131), 1.2.3 / 1 Tess 2, 7b-9.13 / Mt 23, 1-12
Há vários objetos que apontam para além deles mesmos: um iPhone, um carro da marca Jaguar, uma mala Prada, não são meros utensílios. São indicadores de um certo estatuto. Mesmo entre os nossos mais remotos antepassados, encontramos artigos, não tão luxuosos, mas que pretendem indicar poder, como as presas de um animal usadas numa coroa ou num colar, indicando destreza física e argúcia como caçador.
Temos uma necessidade instintiva de ser vistos e reconhecidos. E isto não tem nada de mal: o bom Deus bem nos vê, e não se incomoda com este tipo de tropelias. Grave é, neste momento da ditadura da imagem, que nos centremos na aparência e menosprezemos a essência, isto é, que nos esforcemos mais por parecer interessantes, bons e piedosos do que na conversão do coração.
Nós precisamos de ser amados e queridos. Temos a marca do amor inscrita em nós e esta necessidade vital é insuprimível. Mas, como todos os instintos, também este tem de ser ordenado, ou facilmente se tornará o nosso mestre.
Nas leituras deste domingo, é traçado o caminho que evitará que este desejo de ser visto nos domine: a simplicidade de vida. Malaquias, na primeira leitura, recorda-nos que somos todos filhos do mesmo Pai, que este ama todos e que não necessitamos de viver à espera de reconhecimento: Ele vê-nos e ama-nos. E isso basta. O salmista canta o seu contentamento em esperar pelo Senhor, «sossegado e tranquilo, como criança ao colo da mãe», não desejando mais do que a presença d’Ele, enquanto Paulo, na segunda leitura, faz memória do caminho trilhado em Tessalónica para evangelizar: «fizemo-nos pequenos no meio de vós».