Entrevista: “O Festival de Sabores Mirandeses vai apresentar uma maior variedade de produtos e artigos” – Helena Barril

A cidade de Miranda do Douro acolhe no fim-de-semana de 14, 15 e 16 de fevereiro, o Festival de Sabores Mirandeses, um evento anual que para a Presidente da Câmara Municipal de Miranda do Douro, Helena Barril tem como objetivo promover o concelho, através da mostra e venda dos produtos locais como o fumeiro, a doçaria tradicional, o artesanato e que este ano abre as portas a produtos e artigos de outras regiões.

Terra de Miranda – Notícias: No 26º Festival de Sabores Mirandeses , o municipio de Miranda do Douro decidiu abrir as inscrições a produtores e artesãos de outras regiões. O que se pretende com esta abertura?

Helena Barril: O festival Sabores Mirandeses tem como principal missão a promoção dos produtos e artigos da Terra de Miranda, com destaque para os produtos gastronómicos e o artesanato. Com a abertura a novos expositores, pretende-se trazer maior variedade ao certame, com produtos e artigos que não existem na região ou têm pouca expressão, como é o fabrico de queijos e ofícios como os trabalhos em couro.

T.M.N.: É conhecido o problema do despovoamento e envelhecimento dos municípios no interior do país. No planalto mirandês, há menos produtores e artesãos?

H.B.: É certo que continuamos a enfrentar o problema demográfico e a abertura do festival a novos expositores e produtos também é uma estratégia para atrair mais público a Miranda do Douro. Outro propósito deste certame anual é motivar os jovens a fixarem-se na região, dedicando-se também a atividades como a agricultura, a pecuária, o artesanato e outras atividades que valorizem os produtos locais.

T.M.N.: No decorrer dos Festival dos Sabores Mirandeses, a 15 de fevereiro, vão inaugurar o Centro de Valorização e Melhoramento das Raças Autóctones. Que centro é este?

H.B.: Este novo empreendimento é a continuação do antigo posto zootécnico, situado em Malhadas. Este projeto foi financiado em 77% por fundos comunitários e vai utilizar tecnologia avançada na área da inseminação artificial, promovendo a valorização e melhoramento genético das raças autóctones do planalto mirandês, como é caso dos bovinos de raça mirandesa e ovinos de raça churra galega mirandesa. Inicialmente, o centro vai realizar trabalhos de armazenamento e produção de sémen para pequenos ruminantes.

“O Centro de Valorização e Melhoramento das Raças Autóctones foi financiado em 77% por fundos comunitários e vai utilizar tecnologia avançada na área da inseminação artificial, promovendo a valorização e melhoramento genético das raças autóctones do planalto mirandês.”

T.M.N.: A investigação e a produção de conhecimento científico também é uma estratégia para fixar os jovens no concelho?

H.B.: Sim, o projeto vai contar com o apoio científico e técnico de investigadores do Instituto Politécnico de Bragança (IPB) e da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). Estas duas instituições de ensino superior vão trabalhar de perto com as associações das raças autóctones da região, como são a Associação de Criadores de Raça Bovina Mirandesa, a Associação de Criadores do Ovinos de Raça Churra e a Cooperativa Agrícola de Palaçoulo.

T.M.N.: Ainda do âmbito da agropecuária, o município de Miranda do Douro vai construir um novo matadouro intermunicipal, na vila de Sendim. Para quê este novo matadouro?

H.B.: O atual matadouro foi construído há 60 anos e está desadequado das atuais exigências técnicas e sanitárias. Por isso, é com enorme satisfação que este executivo municipal conseguiu levar adiante o projeto do novo matadouro, denominado “Planalto Mirandês”, que já foi consignado a 8 de fevereiro e vai ser construído na vila de Sendim. Outra razão para a deslocalização da unidade de abate de animais é a preocupação ambiental, o que vai permitir a despoluição do rio Fresno e assim beneficiar a cidade de Miranda do Douro.

“É com enorme satisfação que este executivo municipal conseguiu levar adiante o projeto do novo matadouro, denominado “Planalto Mirandês”, que já foi consignado a 8 de fevereiro e vai ser construído na vila de Sendim.”

T.M.N.: Miranda do Douro apesar de estar geograficamente distante dos centros urbanos, é uma cidade turística que consegue atrair visitantes ao longo do ano. Também por essa razão, o grupo Vila Galé pretende construir um novo hotel, em Miranda do Douro. Para quando o incío das obras?

H.B.: O grupo Vila Galé tem interesse em construir um hotel na cidade de Miranda do Douro e já é conhecido o projeto de arquitetura e a sua implantação definitiva. Neste processo, foi solicitada à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) uma alteração da delimitação da Reserva Ecológica Nacional (REN), que já foi deferida a 14 de janeiro de 2025. Neste momento, aguardamos pela respetiva publicação em Diário da República (D.R.), para depois proceder ao licenciamento que dá autorização para o início das obras de construção do hotel. O nome da unidade hoteleira vai manter-se como “Vila Galé Mirandum”, mas o conceito vai ser dedicado à identidade cultural da Terra de Miranda, dando visibilidade às expressões culturais como a Língua Mirandesa, os Pauliteiros de Miranda, a Capa d’Honras Mirandesa, as festas do solstício de inverno, as raças autóctones, entre outras marcas identitárias da região.

“O hotel vai chamar-se “Vila Galé Mirandum” e o conceito vai ser dedicado à identidade cultural da Terra de Miranda, dando visibilidade às expressões culturais da região como são a Língua Mirandesa, os Pauliteiros de Miranda, a Capa d’Honras Mirandesa, as festas do solstício de inverno, as raças autóctones, entre outras marcas identitárias da região.”

T.M.N.: Outro empreendimento muito esperado em Miranda do Douro é o Centro Técnico de Inspeção de Veículos (CTIV). Em que fase está este processo?

H.B.: O Instituto da Mobilidade e dos Transportes (I.M.T.) tem até 31 de março do corrente ano, para decidir sobre as candidaturas apresentadas à instalação de Centro Técnico de Inspeção de Veículos (CTIV), em Miranda do Douro. Por isso, acredito que ainda este ano, a cidade poderá oferecer este serviço às populações dos concelhos Miranda do Douro, Vimioso e Mogadouro.

T.M.N.: Neste fim-de-semana de 14, 15 e 16 de fevereiro, que públicos esperam em Miranda do Douro, para o Festival de Sabores Mirandeses?

H.B.: Esperamos a vinda de público de todas as regiões do país, da vizinha Espanha e também dos turistas que, ao longo do ano, entram em Portugal pela fronteira terrestre de Miranda do Douro. Para atrair a vinda de muito público estamos a publicitar o Festival de Sabores Mirandeses, nacional e internacionalmente.

T.M.N.: Quais são os maiores destaques na programação do XXVI Festival de Sabores Mirandeses?

H.B.: Ao longo dos três dias, a mostra de produtos gastronómicos e o artesanato vai ser animada com muita música e atividades. Entre estas atividades, destaco as montarias ao javali, provas de degustação de produtos regionais, danças dos pauliteiros e o passeio BTT. No sábado, dia 15 de fevereiro, o certame recebe a visita do ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, que vem inaugurar o Centro de Valorização e Melhoramento das Raças Autóctones, em Malhadas e a requalificação do Largo do Tumbar, em Picote. Nos espetáculos musicais, o destaque do 26º Festival de Sabores Mirandeses são os concertos dos jovens artistas Cláudia Pascoal e Buba Espinho.

“No sábado, dia 15 de fevereiro, o certame recebe a visita do ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, que vem inaugurar o Centro de Valorização e Melhoramento das Raças Autóctones, em Malhadas e a requalificação do Largo do Tumbar, em Picote.”

HA

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