Entrevista: “Os Gorazes são uma das melhores feiras do país” – António Pimentel
Em Mogadouro, os Gorazes – Feira de Atividades Económicas e Turísticas do Nordeste Transmontano continua a ser um certame muito apelativo dado o grande número e a variedade de expositores, a crescente aposta na animação e a grande afluência de público, vindo de todo o distrito de Bragança e da vizinha Espanha.
Terra de Miranda – Notícias: Os Gorazes – Feira de Atividades Económicas e Turísticas do Nordeste Transmontano, que este ano decorre de 12 a 16 de outubro, conta com a participação recorde de 130 expositores e uma forte aposta na animação. Que evolução têm introduzido nos Gorazes?
António Pimentel: Eu já tenho 68 anos e para mim a feira dos Gorazes sempre teve muitos motivos de interesse. Se antigamente, era uma feira durante a qual se vendiam e compravam animais, assim como os produtos das colheitas e peças de vestuário e calçado para o inverno. Depois, com o passar dos anos, a mecanização da agricultura e a construção de novas infraestruturas, como este pavilhão “Origem de Mogadouro” foi possível dar mais qualidade, asseio e conforto aos produtores, artesãos e ao público. Por isso, os Gorazes – Feira de Atividades Económicas e Turísticas do Nordeste Transmontano, coorganizados pelo município e a Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Mogadouro (ACISM) são uma das melhores feiras do país.
T.M.N.: Na feira existe o espaço “Origem de Mogadouro”, através do qual se pretende dar a conhecer os produtos e artigos caraterísticos do concelho.
A.P.: Sim, o projeto “Origem Mogadouro” é dinamizado pela Câmara Municipal de Mogadouro (CMM) e pela Associação Comercial, Industrial e Serviços de Mogadouro (ACISM). O nosso objetivo é apoiar os produtores e artesãos locais e mostrar o que de melhor se faz neste território, como o azeite, o vinho, o mel, os frutos secos como a amêndoa, o pão, os queijos, a doçaria tradicional assim como o artesanato.
T.M.N.: Em outubro de 2021, há precisamente três anos, António Joaquim Pimentel assumiu o cargo de presidente da Câmara Municipal de Mogadouro. Aquando da tomada de posse, afirmou que a vitória nas eleições autárquicas se deveu à identificação com as preocupações da população e à implementação de um projeto de futuro para o concelho. O que estão a fazer?
A.P.: Ao longo destes três primeiros anos de mandato, conseguimos regulamentar uma série de apoios transversais a toda a sociedade mogadourense. Destaco, por exemplo, na agropecuária os subsídios atribuídos aos agricultores para prepararem os terrenos para cultivo. E os custos suportados a 100% da sanidade animal. Na saúde, asseguramos o transporte gratuito das pessoas doentes para consultas, exames e tratamentos nos hospitais do Porto, Vila Real e Bragança. E neste fim-de-semana de 12 e 13 de outubro, no centro de saúde de Mogadouro, há 15 médicos a prestar consultas de especialidade gratuitas à população. Na educação, assumimos os encargos do transporte, da alimentação e das bolsas de estudo. No emprego, apoiamos a criação de novos postos de trabalho com a atribuição de 5 mil euros e os custos iniciais da Segurança Social, às empresas do concelho.
T.M.N.: Que projeto de futuro quer implementar em Mogadouro?
A.P.: Pretendemos dinamizar o turismo no concelho e para isso queremos divulgar o que há para ver, comer e onde ficar no concelho de Mogadouro. Dado que na hotelaria ainda não temos oferta suficiente, a autarquia avançou para a construção de dois eco-resorts nos Lagos do Sabor. Recentemente, foi aprovado em reunião de Câmara, a abertura do concurso público para a construção do eco-resort do Medal, junto à ponte de Sardão-Meirinhos. Esta estância turística vai oferecer aos visitantes uma praia fluvial, um cais, uma piscina e alguns bangalôs para o alojamento dos visitantes.
T.M.N.: António Joaquim Pimentel é empresário de profissão. Esta sua experiência e conhecimento na área empresarial é uma mais-valia para o exercício da política?
A.P.: Se algum atributo eu tenho, é a capacidade de dedicação e de execução. Considero que sou sobretudo um executivo. No exercício da política, dou como exemplo a nossa atuação no âmbito dos programas comunitários. No Norte 2020, que já terminou e o novo programa Norte 2030, que ainda não começou, em Mogadouro estão a ser executados 18 milhões de euros de investimento em obras públicas. Por outro lado, o município de Mogadouro rege-se pelo rigor financeiro e honra os seus compromissos, não devendo nada a fornecedores, nem a empresários, nem à banca. E pretendemos manter esta direção e ritmo ao longo dos próximos anos, com a missão de proporcionar melhores condições de vida e bem estar à população do concelho de Mogadouro.
T.M.N.: Mogadouro é um dos concelhos que tem conseguido fixar a população, graças ao dinamismo económico de atividades como a agricultura, a pecuária, a indústria, o comércio e os serviços.
A.P.: Sim, nenhuma autarquia só por si, por mais investimentos e apoios que realize e conceda, consegue fixar a população. Isto porque, quem fixa as pessoas num concelho e numa localidade é o emprego criado pelas empresas. E portanto, o que os concelhos do interior do país precisam é uma política governamental que incentive o investimento de grande grupos económicos nestas regiões do interior do país. Se em cada concelho do interior for aprovado um projeto âncora, estou convencido que surge um ninho de novas empresas, que por sua vez vai dar trabalho e fixar os jovens e menos jovens.
HA