XVI Domingo do Tempo Comum
Descansar
Jer 23, 1-6 / Slm 22 (23), 1-6 / Ef 2, 13-18 / Mc 6, 30-34
No ritmo acelerado dos nossos dias, não são muitas as vezes que escutamos alguém dizer-nos «vem comigo para um lugar longe de tudo e descansemos juntos». Mais facilmente nos desafiam para «descansar» a fazer coisas, enchendo os tempos livres com atividades. Que sabedoria a do nosso Deus, ao ver os discípulos regressarem de coração aceso pelas maravilhas que viveram e deram a viver, ao pedir- -lhes que abrandem e se afastem do ruído, para assim poderem falar uns com os outros e escutar-se.
Damos por adquirido que viver com outros basta para ficar a conhecê-los. Deixamo-nos cair na ilusão de que, ao estarmos a par do que acontece ao outro, seja porque nos relatou tal acontecimento ou porque vimos no seu perfil do Instagram ou Facebook, sabemos o que vive. Nada mais falso. É preciso espaço para que a palavra ressoe, é indispensável o silêncio para que a escuta tenha lugar, é preciso usar os ouvidos para abraçar a vida do outro.
Mais do que conviver na mesma casa, devemos aprender a viver oferecendo tempo. Atualmente, este é um desafio enorme, devido às nossas rotinas marcadas pela velocidade e pela dispersão. Mas precisamos de exercitar os músculos do recolhimento e da escuta. Sem isso, aqueles músculos murcham, perdem vigor, tornando-nos meros coabitantes e não membros da mesma família.
Mesmo que conscientes de que o turbilhão das distrações nos segue, de que a inquietação de que há mais coisas por fazer continuará a assolar-nos, construamos este tempo para estar com outros e escutar o que estão a viver. Criemos estes «tempos-santuário» em que oferecemos as nossas vidas aos outros, como alimento, para que as nossas casas se tornem, cada vez mais, fonte de vida.