Barrocal do Douro: Carrinhos de Rolamentos entusiasmaram os pilotos e o público

Barrocal do Douro: Carrinhos de Rolamentos entusiasmaram os pilotos e o público

Nos dias 5 e 6 de abril, a estrada do Barrocal do Douro, na freguesia de Picote, foi a pista da 6ª Corrida de Carrinhos de Rolamentos e Trikes, uma prova do campeonato nacional, que contou com a participação de 40 pilotos e que teve como “prémios” a preservação desta memória lúdica e a promoção turística da localidade.

O presidente da Freguesia de Picote, Jorge Lourenço, realçou que a realização desta prova lúdico-desportiva no Barrocal do Douro teve um duplo propósito: o de preservar a memória cultural das brincadeiras com carrinhos de rolamentos e simultaneamente promover turisticamente a região.

“Com a adesão de 40 pilotos vindos de todo o país, confirmou-se que o Barrocal do Douro tem excelentes condições para as corridas de carrinhos de rolamentos e trikes. Com esta iniciativa estamos simultaneamente a preservar a memória lúdica da localidade, onde havia a tradição de realizar corridas de carrinhos de rolamentos na descida para a barragem. E ao mesmo tempo, com a visita de público estamos a promover turisticamente o património natural e edificado que existe no Barrocal do Douro”, justificou.

A prova foi organizada pela associação“Trilhos do Zêzere” e segundo Luís Dias participaram 40 pilotos, nas modalidades de carrinhos de rolamentos: “Alterados”, “Tradicionais”, “classe A” e “Trikes” (triciclos).

Os participantes vieram de norte a sul do país e do distrito de Bragança inscreveram-se pilotos de Vimioso e de Santa Comba das Rossas.

O campeonato nacional decorre ao longo de 22 corridas, em todo o país.

Sobre a corrida no Barrocal do Douro, Luís Dias, referiu que a localidade tem excelentes condições para a prática das corridas de rolamentos, dado que existe uma pista longa com 2,5 quilómetros e algumas curvas técnicas que exigem a perícia dos pilotos.

“Nesta vinda para o Barrocal do Douro, os pilotos e acompanhantes estão muito satisfeitos com a beleza natural desta região, em particular o Parque Natural do Douro Internacional (PNDI)”, disse.

No Domingo, dia 6 de abril, a prova realizou-se em duas corridas cronometradas, nas várias categorias. Os vencedores receberam um troféu e uma lembrança da freguesia de Picote.

O piloto, Rubén Frazão, de Rio Maior (Santarém) foi um dos participantes na 6ª Corrida de Carrinhos de Rolamentos e Trikes, no Barrocal do Douro. O jovem piloto foi campeão desta modalidade, na categoria “alterado”, em 2022.

“Desde 2012, participo no Campeonato Nacional desta modalidade, motivado pelo meu pai. Esta pista no Barrocal do Douro tem boas condições para a prática da modalidade e valeu a pena a longa viagem para aqui chegar”, disse.

Nas senhoras, Olga Maia, veio de Braga, juntamente com o marido e os dois filhos para todos competirem na corrida. Sobre a pista, a participante disse ter apreciado o circuito, embora tenha indicado que o piso está um pouco rugoso, o que não permite atingir maior velocidade.

“Acompanho o meu marido e o meu filho nestas provas há algum tempo e depois começou também a minha filha. Para não ser apenas espetadora, fui desafiada a participar e comecei a correr nos carrinhos de rolamentos. Não conhecíamos o concelho de Miranda do Douro e ficámos muito agradados com a beleza natural desta região”, disse.

De Vimioso, Vitor Martins, foi um dos pilotos participantes na corrida de carrinhos de rolamentos. Na prova, o piloto vimiosense utilizou um carrinho de rolamentos que construiu há 20 anos e descreveu a descida para a barragem de Picote, como um circuito com curvas interessantes.

“Juntamente com o meu filho, Ruben e um amigo, o Eduardo Miranda, decidimos realizar uma nova aventura ao participar nesta corrida de carrinhos de rolamentos e trikes, aqui no Barrocal do Douro. Felicito a freguesia de Picote pela iniciativa em acolher uma prova do campeonato nacional e é sempre bom inovar e fazer coisas diferentes na nossa região”, disse.

Os jovens Rúben Martins e Eduardo Miranda também participaram pela primeira vez numa corrida desta modalidade, utilizando trikes (triciclos). Sobre esta sua experiência, os jovens vimiosenses mostraram-se entusiasmados e descreveram o circuito como rápido, o que permitiu atingir velocidade de 60 a 70 quilómetros/hora.

Ao longo do fim-de-semana a 6ª Corrida de Carrinhos de Rolamentos atraiu a vinda de público, ao Barrocal do Douro. Foi o caso da família de António Dias, que veio do Porto passar o fim-de-semana a Sendim e aproveitaram para assistir à prova.

“Os carrinhos de rolamentos eram um dos brinquedos da minha infância, pelo que é sempre agradável recordar memórias e acompanhar este evento formidável aqui no Barrocal do Douro. Experiências destas ajudam-me a ensinar os meus filhos de que é possível passar bons momentos sem os telemóveis. A região é belíssima e vamos voltar mais vezes”, disse o visitante.

Do lado da população, Adelino Miranda mora no Barrocal do Douro há 70 anos. Sobre a realização da prova nesta pequena localidade da freguesia de Picote, o habitante expressou uma grande alegria e satisfação.

“A realização desta 6ª Corrida de Carrinhos de Rolamentos e Trikes no Barrocal do Douro é uma excelente iniciativa! Na minha infância, isto é, nas décadas de 1960 e 1970, com os meus amigos também construíamos e brincávamos com estes carrinhos de rolamentos, na descida para a barragem de Picote”, recordou.

Também Manuel Pala, funcionário das barragens da EDP durante 38 anos, mostrou-se feliz pela escolha do Barrocal do Douro, para a realização de uma prova do Campeonato Nacional de Corridas de carrinhos de rolamentos.

“Para a população local e para quem nos visita esta iniciativa é formidável. A minha filha vem do Porto, de propósito para acompanhar a prova na terra-natal”, disse.

A 6ª Corrida de Carrinhos de Rolamentos e Trikes, no Barrocal do Douro contou com os apoios da Junta de Freguesia de Picote e da Câmara Municipal de Miranda do Douro.

HA



Malhadas: Concursos de Ovinos mirandeses e Cães de gado transmontanos

Malhadas: Concursos de Ovinos mirandeses e Cães de gado transmontanos

O mercado de gado, em Malhadas, voltou a acolher no dia 4 de abril, os concursos de ovinos mirandeses e de cães de gado transmontanos, no qual participaram mais de uma centena de animais, maioritariamente pertencentes a criadores do planalto mirandês.

No concurso de ovinos, participaram 12 criadores do planalto mirandês.

Referindo-se aos ovinos mirandeses e aos cães de gado transmontanos, a presidente do Município de Miranda do Douro, Helena Barril, afirmou que estas duas raças são símbolos identitários do planalto mirandês, que importa preservar e promover.

“As raças autóctones têm um elevado valor cultural, económico e turístico, pelo que todas as partes envolvidas, sejam os criadores, as associações e o município devem trabalhar juntos na sua promoção e divulgação”, sublinhou a autarca de Miranda do Douro.

Simultaneamente, Helena Barril, referiu que estes concursos são também um dia de encontro e de convívio entre os criadores, no qual o município aproveita para reconhecer e agradecer o trabalho na preservação destas duas raças autóctones da região.

Este ano, participaram no concurso de ovinos mirandeses, 12 criadores, com cerca de uma centena de animais. No concurso, os ovinos são avaliados de acordo com quatro categorias: carneiro, canhono, ovelhas (ou canhonas) e bazias (ou malatas).

A secretária-técnica da Associação de Criadores de Ovinos Mirandeses (ACOM), Andrea Cortinhas indicou que, atualmente, estão inscritos no livro genealógico desta raça autóctone, 5500 animais, distribuídos por 63 criadores.

“Os ovinos de raça churra galega mirandesa são animais com um porte médio, sendo que os animais de lã branca se distinguem pelo careto negro nas orelhas, nos olhos e no focinho. No concurso avalia-se a sua condição corporal, o cuidado dos criadores, entre outros parâmetros”, explicou, Andrea Cortinhas.

Questionada sobre o atual risco da doença da língua azul, a engenheira zootécnica, Andrea Cortinhas, adiantou que de momento ainda não se registaram casos desta enfermidade, nas explorações de ovinos no planalto mirandês.

“Estamos de sobreaviso, sobretudo agora com o aumento das temperaturas na estação da primavera. De momento, estamos em processo de desparasitação e vacinação dos animais. A doença da língua azul é transmitida por um mosquito (género Culicoides) que provoca dificuldade respiratória, lesões na língua e outros sintomas entre os quais a morte dos animais”, indicou.

Sobre a recente inauguração em Malhadas, do Centro de Valorização e Melhoramento das Raças Autóctones, Andrea Cortinhas referiu que se trata de um equipamento que vai ser muito útil na preservação e melhoramento genético dos ovinos mirandeses.

Simultaneamente, realizou-se no mercado de gado, em Malhadas, o X concurso de Cães de gado Transmontanos. Nesta edição, participaram 27 animais, maioritariamente do distrito de Bragança, mas também de outras regiões do país.

O X Concurso do Cão de Gado Transmontano foi coorganizado pela Associação de Criadores de Cão de Gado Transmontano (ACCGT) e o Clube Português de Canicultura.

O representante do Clube Português de Canicultura, João Silvino, explicou que o concurso consiste numa avaliação morfológica dos animais.

“No concurso são avaliadas caraterísticas morfológicas dos cães como as proporções da cabeça, os tamanhos, as angulações, a cauda, etc. Estas caraterísticas físicas condicionam o desempenho do cão de gado transmontano na proteção dos rebanhos”, referiu.

Segundo a Associação de Criadores de Cão de Gado Transmontano (ACCGT), atualmente, esta raça já existe um pouco por todo o país e começou também a haver algum interesse além fronteiras, havendo já alguns exemplares em França e na Alemanha.

Anualmente, os concursos de ovinos mirandeses e cães de gado transmontanos são uma iniciativa conjunta do município de Miranda do Douro, da Associação de Criadores de Ovinos Mirandeses (ACOM), da Associação de Criadores de Cão de Gado Transmontano (ACCGT), do Clube Português de Canicultura e da Freguesia de Malhadas.

HA

Cultura: Danças dos pauliteiros são património cultural imaterial

Cultura: Danças dos pauliteiros são património cultural imaterial

As Danças Rituais dos Pauliteiros nas Festas Tradicionais da Terra de Miranda foram inscritas no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial (INPCI), após a publicação do anúncio em Diário da República (DR).

Os Pauliteiros de Miranda – Sendim são um dos grupos de dançadores da Terra de Miranda.

“A inscrição da manifestação ‘Danças Rituais dos Pauliteiros nas Festas Tradicionais de Miranda do Douro’ no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial reflete os critérios constantes no artigo 10.º do referido diploma, destacando a importância de que se reveste esta manifestação do património cultural imaterial enquanto reflexo da identidade da comunidade envolvente e a sua profundidade histórica e evidente relação com outras práticas inerentes à comunidade”, lê-se no DR.

A presidente da Câmara Municipal de Miranda do Douro, Helena Barril, mostrou-se satisfeita com este reconhecimento e disse “que o povo mirandês está cheio de ‘proua'” por ver “a inscrição das Danças Rituais dos Pauliteiros nas Festas Tradicionais de Miranda do Douro no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial”.

“Foi um trabalho árduo de praticamente quatro anos. Foi um trabalho iniciado pelo anterior executivo, mas quando tomámos posse neste primeiro mandato na Câmara de Miranda do Douro, verificámos a candidatura, que, do nosso ponto de vista, era parca e não tinha o valor que deveria ter”, vincou a autarca de Miranda do Douro.

Segundo Helena Barril, nada mudará no conceito destas festividades mas haverá uma maior reconhecimento e projeção fora do concelho de Miranda do Douro, para o resto de Portugal ou para a Península Ibérica.

De acordo com uma nota do Património Cultural, Instituto Público, as danças ou ‘lhaços’ – designação em língua mirandesa que engloba a coreografia, o texto e a melodia que os dançadores executam – sucedem-se segundo uma ordem que inclui uma entrada assinalada pelo gaiteiro.

“São oito as festas em que as danças rituais mirandesas dos pauliteiros marcam uma presença assinalável, nomeadamente São Brás e Santa Bárbara (Cércio), Festa dos Moços ou S. João Evangelista (Constantim), Nossa Senhora do Rosário (Palaçoulo, Póvoa e S. Martinho), Santa Bárbara (Prado Gatão), Santo Isidro Lavrador (Quinta do Cordeiro), Festa do Menino Jesus e Nossa Senhora do Rosário (Póvoa)”, descreve o mesmo documento.

Na constituição dos grupos de Pauliteiros junta-se o gaiteiro, um tocador de caixa e um tocador de bombo. Na aldeia de Constantim, junta-se-lhes um Tamborileiro ou “Tamboriteiro”, como é designado nas terras de Miranda. As danças rituais dos pauliteiros nas referidas Festas distinguem-se de outras.

“Não se consegue precisar a origem das danças dos pauliteiros ou de paulitos, podendo tratar-se de uma sobrevivência da denominada “dança de espadas”, segundo alguns danças pírricas de origem helénica introduzidas pelos romanos na Península Ibérica”, descrevem os investigadores, no documento de candidatura.

Segundo o Património Cultural, o pedido de registo das Danças Rituais dos Pauliteiros nas Festas Tradicionais de Miranda do Douro no INPCI foi apresentado pela Câmara de Miranda do Douro, que providenciou investigação associada a esta prática religiosa, abrangendo o domínio da história e a aplicação de métodos e técnicas de pesquisa em antropologia, com o objetivo de alcançar conhecimento relevante sobre os modos das suas expressões e representações culturais, recriadas anualmente pelas comunidades e indivíduos que nelas constroem formas de pertença social e de identidade coletiva.

Fonte: Lusa

Santulhão: Regadio tem um investimento de 4,2 milhões de euros

Santulhão: Regadio tem um investimento de 4,2 milhões de euros

O presidente da Câmara Municipal de Vimioso, António Santos Vaz, anunciou um investimento de mais de 4,2 milhões de euros destinados ao Aproveitamento Hidroagrícola de Santulhão, que vai abranger mais de 185 hectares de terreno e servir 115 unidades de rega.

“Esta obra tem um valor estimado de mais de 4,2 milhões de euros e tem um financiamento de 3. 969.000 euros, sendo comparticipada em 93% por fundos dos cofres do Estado e os restantes 298 mil euros financiados diretamente pelo município, que representam 7% do investimento total. O concurso não terá de ser internacional e por isso estimamos que no início de 2026, as máquinas já estejam no terreno”, avançou o autarca de Vimioso.

Após a conclusão do empreendimento hidroagrícola, a infraestrutura e canais de rega serão geridos pela Junta de Agricultores de Santulhão.

De acordo com António Santos Vaz, o projeto começou a ganhar forma ainda no decurso do Estado Novo, passando por diversos constrangimentos e promessas não cumpridas, tendo esta autarquia obtido um financiamento vindo do Ministério da Agricultura.

“Este projeto hidroagrícola poderia e deveria estar mais avançado. Os estudos para a construção desta barragem tiveram o seu início durante o Estado Novo, passou o período do 25 de Abril, e já passou por muitos governos e só agora é que foi conseguido o seu financiamento”, frisou António Santos.

O autarca disse acreditar que daqui a três anos os agricultores de Santulhão terão uma outra realidade agrícola, ao nível quer do olival quer das hortícolas.

“O estudo prévio já foi elaborado. De momento o procedimento concursal para elaboração da obra será submetido a reunião de Câmara no dia 12 de abril e depois decorrerá durante dois a três meses, bem como a execução do projeto. Sendo assim, esperamos que as obras arranquem em fevereiro de 2026, mas não podemos avançar com datas em rigor,” vincou.

A futura barragem servirá a freguesia de Santulhão e uma parte de Carção, no concelho de Vimioso, sendo estimado que a albufeira tenha uma área de 7,85 hectares e uma altura máxima prevista a partir do leito natural de cerca de 16 metros.

O autarca transmontano perspetiva ainda uma outra barragem para o território da freguesia de Angueira, também neste concelho do Planalto Mirandês, mas ainda sem uma data definida.

Fonte: Lusa

Sociedade: Comunidade cigana enfrenta «desafios persistentes» no acesso à educação, saúde, habitação e emprego

Sociedade: Comunidade cigana enfrenta «desafios persistentes»

A Pastoral Nacional dos Ciganos (PNC) divulgou uma mensagem por ocasião do Dia Internacional dos Ciganos, que se assinala no dia 8 de abril, onde alerta para “desafios persistentes” que a comunidade enfrenta no “acesso a direitos fundamentais”, como no acesso à educação, saúde, habitação e emprego.

Para este organismo da Conferência Episcopal Portuguesa, esta data é “uma ocasião para reconhecer e valorizar a história, a cultura e a identidade do povo cigano”, que é “parte integrante” da riqueza e diversidade da sociedade portuguesa.

“É essencial lembrar os desafios persistentes que muitas pessoas ciganas ainda enfrentam no acesso a direitos fundamentais como a educação, a saúde, a habitação e o emprego”, afirma a PNC.

Este setor da pastoral da Igreja Católica aponta para a necessidade de “promover a igualdade de oportunidades na educação”, garantindo que “todas as crianças e jovens, independentemente da sua origem, possam sonhar, aprender e construir o seu futuro em condições de igualdade”.

“Assegurar o acesso equitativo à saúde é um imperativo de justiça social, que exige o combate às barreiras, aos preconceitos e às discriminações”, acrescenta.

A PNC refere também que “garantir condições dignas de habitação é respeitar o direito de todas as famílias a viverem com segurança, conforto e estabilidade” e “fomentar o acesso ao emprego é essencial para promover a inclusão, a autonomia e o desenvolvimento sustentável das comunidades ciganas”.

“Neste dia de celebração, manifestamos também a nossa profunda preocupação com o atraso na renovação e implementação da Estratégia Nacional para a Integração das Comunidades Ciganas (ENICC). Desde a sua criação, esta estratégia tem sido um instrumento fundamental na luta contra a exclusão social e a discriminação, e na promoção de oportunidades equitativas nas áreas da educação, saúde, habitação e emprego”, acrescenta a mensagem.

Para a PNC, a “ausência de uma nova fase da Estratégia Nacional para a Integração das Comunidades Ciganas compromete os avanços alcançados nos últimos anos e fragiliza os esforços desenvolvidos por inúmeras entidades públicas, organizações da sociedade civil e, sobretudo, pelas próprias comunidades ciganas, que continuam a enfrentar desigualdades estruturais e preconceitos persistentes.

A Estratégia Nacional para a Integração das Comunidades Ciganas deve representar um esforço nacional concertado para garantir às pessoas ciganas o acesso equitativo aos direitos fundamentais. Contudo, a sua eficácia depende do envolvimento de todos: instituições, sociedade civil, comunidades locais e cada um de nós”, afirma.

O organismo da CEP apela, “com respeito e sentido de urgência, às entidades competentes para que retomem e reforcem o compromisso político e social com a plena integração das comunidades ciganas”.

“A Pastoral Nacional dos Ciganos reafirma hoje, e sempre, o seu compromisso com a promoção da justiça social e com o respeito pelos direitos humanos. É fundamental que todas as comunidades, sem exceção, se sintam valorizadas e respeitadas na diversidade das suas tradições e modos de vida”, aponta o documento.

Na mensagem que assinala o Dia Internacional dos Ciganos, a 8 de abril, a PNC evoca a caminhada sinodal da Igreja e a celebração do Jubileu da Esperança como convite a “olhar com mais atenção e responsabilidade para as comunidades ciganas, tantas vezes colocadas nas margens da sociedade” e desafia a um caminho conjunto, “com espírito de diálogo, abertura e confiança no futuro”.

Fonte: Lusa

Argozelo: Confraria promove a rosquilha

Argozelo: Confraria promove a rosquilha

No Domingo, dia 6 de abril, foi apresentada na vila Argozelo, a “Confraria da Rosquilha”, uma nova associação local que tem por missão preservar, transmitir e promover este doce tradicional, em Portugal e no estrangeiro.

De acordo com Ana Luísa, a Confraria da Rosquilha surgiu da ideia de cinco amigos, naturais da vila de Argozelo, com o propósito de ajudar a preservar a receita original da rosquilha e levar este produto a novos mercados e públicos.

“Já este ano, uma das primeiras atividades da Confraria da Rosquilha é realizar o capítulo de entronização, com a constituição dos órgãos sociais, de modo a contar com um número cada vez maior de novos membros, todos com a mesma missão de preservar e promover a rosquilha de Argozelo”, disse.

Outro propósito inicial da nova confraria é o de registar a marca “Rosquilha de Argozelo”, com o objetivo de uniformizar a utilização dos ingredientes, padronizar o modo de confecção e comercializar este doce tradicional ao longo de todo o ano.

“Atualmente, em Argozelo há cerca de 20 pessoas que confeccionam as rosquilhas. A nossa intenção é guardar e transmitir este saber às novas gerações, para que este legado gastronómico e cultural não se perca”, acrescentou.



A confraria foi apresentada no decorrer da XVIII Feira da Rosquilha, em Argozelo e na sessão foram apresentados os traje da Confraria da Rosquilha. A indumentária é feita de burel, com as várias cores acastanhadas da cozedura das rosquilhase inclui representações das rosquilhas e dos ingredientes como o trigo, açúcar, azeite e os ovos.

A vice-presidente da Câmara Municipal de Vimioso, Carina Lopes, natural de Argozelo, frisou que outra missão da Confraria da Rosquilha é promover turisticamente a vila de Argozelo.

“Aproveitando o potencial gastronómico e económico da rosquilha, queremos atrair a vinda de pessoas à vila de Argozelo e por conseguinte ao concelho de Vimioso. Já este ano, em conjunto com outros produtos, a rosquilha de Argozelo foi um dos destaques na Bolsa de Turismo de Lisboa, que decorreu de 12 a 16 de março”, informou.


Segundo Carina Lopes, doravante a nova confraria vai dar a conhecer a “Rosquilha de Argozelo” em concursos de doçaria, feiras e eventos, nos âmbitos regional, nacional e também internacionalmente.

A Rosquilha

A Rosquilha é um doce tradicional, confeccionado com farinha, fermento, açúcar, ovos, manteiga, azeite e banha de porco. Há quem adicione aguardente e sumo laranja.

Juntam-se todos estes ingredientes, amassam-se bem, dá-se-lhes a forma circular para depois irem ao forno.

A rosquilha é tão apreciada pelo público, que antes mesmo do certame começar em Argozelo, sucedem-se inúmeras encomendas deste doce tradicional de Páscoa.

HA

Argozelo: Chegas de touros encheram a Feira da Rosquilha

Argozelo: Chegas de touros encheram a Feira da Rosquilha

No fim-de-semana de 5 e 6 de abril, aquando da realização da XVIII Feira da Rosquilha, a vila de Argozelo, no concelho de Vimioso, recebeu a visita de milhares de pessoas para visitar o certame e assistir às “renhidas” chegas de touros de raça mirandesa.

As tradicionais chegas de touros mirandeses são um espetáculo de força e virilidade que desperta o interesse do público.

Durante dois dias, a XVIII Feira da Rosquilha, em Argozelo, contou com a participação de 40 produtores locais e regionais e um variado programa de atividades. No sábado dia 5 de abril, os maiores destaques do evento foram o Passeio de Todo-o-Terreno (TT), a atuação do Rancho Folclórico de Vimioso e o concerto musical dos Irmãos Coragem.

No Domingo, dia 6 de abril, a celebração da eucaristia no recinto da feira, seguida da apresentação da Confraria da Rosquilha e as chegas touros trouxeram milhares de pessoas a Argozelo, que este ano celebra o 24º aniversário de elevação à categoria de vila.

No recinto da feira, a padaria de São José, de Argozelo, foi um dos produtores locais que participaram na XVIII Feira da Rosquilha. Na montra da padaria, havia rosquilhas, pão, folar, económicos, pão com chouriço e bola de carne. Sobre a nova Confraria da Rosquilha, a padaria São José, felicitou a iniciativa que vai assegurar a preservação da receita e da confeção deste doce tradicional, para depois o promover em feiras regionais, nacionais e internacionais.

Do lado do público, Gualdino Flores veio de Bragança até Argozelo para visitar a XVIII Feira da Rosquilha. O visitante brigantino considerou um evento uma boa iniciativa, tendo aproveitado a oportunidade para comprar as tradicioanais rosquilhas e também alcaparras.

A senhora Teresa, veio da aldeia de Veigas (Quintanilha) para visitar pela primeira vez, a Feira da Rosquiha, em Argozelo. Disse ser uma apreciadora deste tipo certames que dão destaque aos produtos locais e regionais, tendo adquirido rosquilhas e queijo.

De Vilar Seco (Vimioso), Maria João Rodrigues, também foi uma estreante na Feira da Rosquilha e mostrou-se muito agradada com a montra de produtos e o programa de atividades. Dada a proximidade da Páscoa, aproveitou para comprar o folar.

Todos os anos, a Feira da Rosquilha é organizada pela freguesia de Argozelo e conta com o apoio logístico e financeiro do município de Vimioso.

No encerramento da XVIII Feira da Rosquilha, o presidente de freguesia de Argozelo, José Miranda, vincou que a finalidade deste certame, que inclui atividades desportivas, musicais e etnográficas, é sobretudo a promoção dos produtos e tradições locais.

“Das várias feiras que se realizam no concelho de Vimioso, a Feira da Rosquilha, em Argozelo, é talvez a que atrai mais gente, dada a vizinhança com os concelhos de Bragança, Espanha e Macedo de Cavaleiros”, afirmou.

Questionado sobre o desenvolvimento deste certame que já vai na 18º edição, o autarca de Argozelo, indicou que há a pretensão de construir um pavilhão multiusos na vila, para facilitar a organização deste tipo de eventos.

“Em Argozelo, precisamos de um pavilhão multiusos, para realizar este tipo de eventos, assim como para a prática desportiva. Com um pavilhão, vamos poupar cerca de 10 a 12 mil euros por ano, no aluguer das atuais tendas”, adiantou.

Por sua vez, o presidente da Câmara Municipal de Vimioso, António Santos Vaz, referiu que estas feiras são um investimento que traz retorno económico, turístico e social às várias localidades do concelho.

“As feiras dedicadas aos produtos e tradições locais dão uma enorme visibilidade às várias aldeias e vilas do concelho. Este movimento de pessoas e bens contribui para a dinamização da economia do concelho e é um incentivo para os produtores e artesãos locais. Simultaneamente, estas feiras, são oportunidades de encontro e confraternização entre as gentes locais e os muitos visitantes de outras localidades”, concluiu.

Os Pauliteiros de Miranda (Sendim) animaram a Feira da Rosquilha, na tarde de Domingo, em Argozelo.

HA

Saúde: INEM melhora socorro no interior do país

Saúde: INEM melhora socorro no interior do país

O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) garantiu que o recente acordo, assinado com a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), vai permitir melhorar e alargar a rede de socorro, em especial no interior do país.

O Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH) alertou que os meios do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) alocados aos bombeiros são “manifestamente insuficientes” no distrito de Bragança.

“São manifestamente insuficientes. À medida que nos afastamos das grandes cidades, principalmente nas zonas do interior – e o distrito de Bragança é um dos mais fustigados – aquilo que o INEM investe e suporta é uma ambulância por cada concelho, o que é pouco”, disse o presidente do órgão sindical, Rui Lázaro.

Em resposta, o INEM assegurou que o acordo celebrado a 28 de fevereiro com a LBP “vai atualizar de forma muito significativa os subsídios a atribuir pelo INEM aos Corpos de Bombeiros, de forma a garantir a sustentabilidade do serviço”.

O subsídio pago pelo INEM às corporações de bombeiros vai ser aumentado em 2 mil euros por mês, passando de 6.690 euros para 8.690.

“Ao mesmo tempo, este acordo vai promover uma maior e melhor cobertura nacional da rede de emergência médica, com especial foco nas regiões do interior do país, aumentando-se em número e em disponibilidade os meios a acionar pelos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM”, assegurou o INEM numa nota escrita.

Em Bragança, são 12 concelhos e existem 15 corpos de bombeiros. Três deles – Torre de Dona Chama (Mirandela), Sendim (Miranda do Douro) e Izeda (Bragança) – são postos de reserva, em vez dos chamados Postos de Emergência Médica (PEM), protocolados com o INEM.

Nos casos dos postos de reserva, o serviço é na mesma adjudicado pelo INEM, mas a ambulância e tripulação a utilizar em caso de ativação são da responsabilidade dos bombeiros.

Quanto à identificação dos novos PEM a abrir, “vai resultar de um estudo conjunto realizado pelo INEM e LBP, tal como previsto no acordo”.

O INEM disse ainda que, em conjunto com a LBP, vão monitorizar “de forma permanente a eficácia e a qualidade do socorro pré-hospitalar” ao abrigo deste novo protocolo, prometendo atuar “sempre que necessário para melhor adequar o sistema às necessidades dos cidadãos”.

Neste momento, o INEM tem 448 PEM em todo o país, que são operados por elementos dos bombeiros e da Cruz Vermelha Portuguesa, estabelecidos através de protocolos de colaboração.

Dos 448 PEM, “426 operam fora dos concelhos de Lisboa, Porto, Coimbra, Braga, Aveiro e Faro”, segundo os dados fornecidos pelo INEM.

No distrito de Bragança, existem 13 PEM, 2 no concelho de Bragança e um por cada um dos restantes concelhos do distrito. 

“Para além dos PEM, e dos meios próprios do INEM, existem ainda 102 Ambulâncias Reserva do INEM em todo o país, três das quais no distrito de Bragança”, informou ainda o INEM.

Fonte: Lusa

Vimioso: Governo autoriza IP a avançar com a ponte para Carção

Vimioso: Governo autoriza IP a avançar com a ponte para Carção

O Governo autorizou a Infraestruturas de Portugal (IP) a disponibilizar 30 milhões de euros, repartidos por quatros anos, para prosseguir com os estudos e ações para a construção da ponte rodoviária Vimioso–Carção, sobre o rio Maçãs.

“Conforme decorre da Resolução do Conselho de Ministros nº 69/2025, de 10 de março, a ponte sobre rio Maçãs é um dos investimentos rodoviários identificados como prioritários por este Governo, tendo sido determinada à Infraestruturas de Portugal, S.A. que prossiga com os estudos e ações tendo em vista a concretização do mesmo”, indicou o Ministério das Infraestruturas.

Em 20 de março, foi publicado em Diário da República (DR) que a dotação financeira para dar andamento aos trabalhos da ponte sobre o rio Maçãs, na Estrada Nacional 218 (EN218), tenha uma cabimentação pública de 500 mil euros para 2025, oito milhões de euros para 2026, de 14,5 milhões de euros para 2027 e sete milhões para 2028.

“A organização do território e o reforço da coesão nacional é um dos grandes desafios do país. Corrigir assimetrias regionais e procurar o equilíbrio de oportunidades de todos os cidadãos, independentemente do local onde vivam, é função fundamental do Estado”, lê-se na publicação em DR.

Para o presidente da Câmara de Vimioso, António Santos Vaz, esta decisão do Conselho de Ministros é o concretizar dos anseios com mais de 30 anos das populações de Vimioso e dos concelhos de Miranda do Douro, Mogadouro e Freixo de Espada à Cinta, para uma “ligação mais rápida e segura” à sede de distrito, Bragança e à autoestrada transmontana (A4).

“Estive reunido com responsáveis da Infraestruturas de Portugal (IP) e estou convencido que chegamos a um ponto que não tem retorno. A ideia desta ligação começou a ganhar forma em 1998 com a ligação a Bragança pela margem esquerda do rio Sabor, ligando Vimioso a Outeiro, a qual não foi autorizada por diversos pareceres ambientais devido a uma colónia do famoso rato-de-cabrera”, lembrou o autarca social-democrata.

António Santos disse à Lusa que os acessos à ponte são “um dado adquirido”, porque “a IP está a trabalhar afincadamente neste projeto da ponte sobre o rio Maçãs e respetivos acessos”.

“É preciso limar algumas arestas, principalmente em matéria de segurança rodoviária desta infraestrutura. Há algumas inconformidades e, segundo fui informado, serão facilmente resolvidas em colaboração com a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR)”, vincou.

O autarca de Vimioso acrescentou ainda que tem garantia “absoluta” que até ao início do primeiro semestre de 2026 será lançado o concurso internacional para a execução desta obra.

“Os 500 mil euros inscritos para 2025 são para pagamentos aos projetistas que estão a fazer as respetivas correções de segurança solicitadas pela ANSR. Os oito milhões de euros previstos para 2026 serão para execução dos trabalhos, bem como os 14,5 milhões de euros para 2027. Estou convencido que em janeiro, e de acordo com o que me foi dito na reunião com a IP, a obra esta a começar”, afiançou António Santos.

O autarca frisou que esta obra foi adiada ao longo de 30 anos e agora está convicto que, independentemente de quem governar o país, não haverá retrocessos neste “projeto de vital importância” para o planalto mirandês e para o distrito de Bragança.

Em março de 2009, a construção de uma estrada naquele local foi travada pela presença de uma colónia de ratos-de-cabrera, protegidos pela União Europeia, e a opção foi definitivamente abandonada pelo governo de então, que optou como solução pela construção da ponte sobre o rio Maçãs e respetivos acessos, devido aos “inúmeros condicionalismos ambientais”.

Em dezembro de 2022, a então ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, garantia “a possibilidade de financiamento” da ligação Vimioso-Carção, com a respetiva ponte, “por se tratar de um caso excecional” para estradas que correspondam a ligações transfronteiriças.

Fonte: Lusa | Fotos: Flickr

Bemposta: 700 mascarados de diferentes países europeus

Bemposta: 700 mascarados de diferentes países europeus

As ruas da aldeia de Bemposta, no concelho de Mogadouro, foram invadidas por uma cortejo de mais 700 figuras representativas de rituais ancestrais europeus, numa manifestação cultural característica das festas solsticiais e carnavalescas de vários povos.

As máscaras e mascarados fazem parte da identidade cultural de povos de norte a sul da península ibérica e de países como Bulgária, Roménia, Itália. No passado dia 5 de abril reuniram-se em Bemposta, representantes destes rituais cuja simbologia remete para a fertilidade, a morte, as tradições rurais e a censura social, através das ‘tropelias’ de figuras espampanantes e por vezes misteriosas.

O Encontro de Rituais Ancestrais, que decorreu na aldeia de Bemposta, no concelho de Mogadouro é um evento eminentemente cultural, de origem rural, revelador de marcas que a história e a tradição deixaram nas terras e nas pessoas que as habitam, em muitos e distintos espaços europeus.

À passagem destes mascarados ninguém ficou indiferente e cada um, à sua maneira, procurou interagir, fosse com uma ‘selfie’, uma fotografia mais elaborada ou com um registo para as redes sociais. O mais importante é manter viva a cultura dos povos. E, no caso destas tradições milenares que teimam em manter a sua pureza, sem alterar rituais nem os confundir entre si, dadas os seus diferentes significados.

Manuel Traviesso é o porta-estandarte dos mascarados de Tremor de Arriba, uma pequena aldeia do município espanhol de Igüeña, na província de Leão. Disse à agência Lusa este encontro de rituais ancestrais é ideal para dar a conhecer as tradições, por se tratar de um localidade transfronteiriça, com uma identidade muito própria no que respeita a tradições dos mascarados.

“Todos estes rituais têm muita história e aqui pudemos partilhar todas as nossas vivências e tradições e conhecer outros de vários pontos de Portugal e Espanha e da Europa, porque descobrimos que em muitos casos há raízes comuns”, vincou este mascarado que representa as celebrações carnavalescas do seu povo.

Por seu lado, Ana Maria Martins, uma das represente da Associação do Velho de Vale de Porco, no concelho de Mogadouro, explicou que estes rituais, com os seus mascarados, estão vivos, sendo este tipo de iniciativa muito importante divulgar as tradições

“Este encontro de rituais é importante para dar a conhecer as figuras de mascarados”, afirmou, acrescentando no entanto não ser este “o melhor local” para dar a conhecer os rituais. “Estes rituais têm que ser vistos nos seus locais de origem, com todas místicas que os envolve”, defendeu.

Já Torino Marras, vindo da Sardenha, represente dos mascarados desta região de Itália, disse que as origens do seu ritual remetem para o sacrifício humano, visando melhores culturas, tratando-se de uma tradição ancestral ligada às colheitas agrícolas e à pastorícia de inverno da sua região.

O representante do Grupo dos Caretos de Salsas, José da Fonte, frisou que começam a aparecer jovens que mostram interesse em aderir aos grupos de mascarados, para não deixar perder a tradição, chegando mesmo a pagar, por vezes, para vestir o fato dos mascarados.

“As pessoas começam a ter vaidade em vestir a máscara, situação que não acontecia antes da pandemia de covid 19″, afirmou. “As pessoas que estão associadas às tradições raianas do distrito de Bragança e do outro lado da fronteira”, na linha de Zamora a Ourense, fazem parte de um “território onde há afinidades nestes rituais, presentes aqui em Bemposta”.

O investigador Roberto Afonso, um dos mais destacados a nível nacional destas tradições ancestrais, explicou que estes encontros constituem “uma forma eficaz de promoção deste tipo de festas ligadas ao Solstício de Inverno e ao Carnaval”, advertindo “que se deve ter o cuidado de não se confundir os rituais uns com os outros e máscaras umas com as outras”.

“Este encontro de rituais está bem organizado já que cada grupo está identificado com uma placa que diz quem são e de onde vêm”, observou.

O investigador descreveu ainda que o encontro de rituais de Bemposta já assumiu um caráter internacional nestas tradições dos mascarados, dado o número de grupos presentes.

Por seu lado, o presidente da Câmara de Mogadouro, António Pimentel, anunciou hoje a criação de um grupo trabalho que visa a classificação dos rituais solsticiais do concelho de Mogadouro, e uma futura candidatura à sua inscrição no Património Imaterial da UNESCO.

“Nós, quando lançamos um repto, é porque de certo modo já foi abraçado. Já estamos a trabalhar na contratualização de um grupo de trabalho que nos apoie na recolha do património e da sua história e tudo o que seja necessário para fundamentar esta candidatura. É trabalho difícil, mas ficará feito para quem vier dirigir os destinos da autarquia de Mogadouro”, disse o autarca, numa referência às próximas eleições autárquicas, a realizar este ano.

A presidente da Maschocalheiro – Associação de Bemposta, Amélia Folgado, garantiu que o Encontro de Rituais Ancestrais é para continuar e a cada ano com mais participantes, por ser uma iniciativa que já marca o panorama europeu das máscaras ancestrais.

Fonte: Lusa | Fotos: HB