Bragança-Miranda: Cáritas acompanha «situação dramática» dos incêndios
O Grupo de Emergências e Catástrofes (GEC) da Cáritas Diocesana de Bragança-Miranda está a acompanhar a “situação dramática” dos incêndios florestais no distrito de Vila Real e na Serra do Marão, em prontidão para apoiar as populações.
“Temos estado a acompanhar a situação dramática, nomeadamente agora o incêndio do Marão e temos estado em articulação com os dois subcomandos”, disse hoje o coordenador do GEC, Hélder Pires, à Agência ECCLESIA, assegurando que estão “completamente” disponíveis, “também do ponto de vista prático e operacional”.
Um fogo em Vila Pouca de Aguiar, que começou segunda-feira, chegou ao concelho de Vila Real, no dia seguinte; no mesmo distrito transmontano, no concelho de Santa Marta de Penaguião, um incêndio atingiu a serra do Marão.
“A nossa resposta é 24 horas por dia, desde que o telemóvel esteja ligado, e que eu acorde. Nós não temos uma sala de comando, não estamos 24 horas por dia acordados, mas o nosso telemóvel está na mesa-de-cabeceira. Ainda ontem uma colega mandava uma mensagem a dizer: ‘eu vou tentar descansar, mas o telemóvel fica ligado, por favor, ligue-me se for preciso sair’, desenvolveu Hélder Pires.
“O modus operandi é: nós vamos lançando os alertas daquilo que está a acontecer e da possibilidade de sermos mobilizados, e as pessoas vão manifestando as suas disponibilidades para poder sair no espaço de 10, 15 minutos. Temos um grupo no WhatsApp, é a forma mais fácil, e vamos lançando os alertas do site fogos.pt, onde vamos acompanhando toda a situação”, explicou, acrescentando que, “normalmente” o ponto de saída é a sede da Cáritas diocesana onde têm o material que precisam.
O GEC da Cáritas de Bragança-Miranda presta apoio psicossocial, têm assistentes sociais e psicólogos, e evitam “a deslocação de uma equipa de psicólogos do INEM do Porto”, uma vez que os seus psicólogos fizeram a formação no âmbito da emergência e catástrofe do Instituto Nacional de Emergência Médica.
“Este apoio, nesta altura e numa situação catastrófica como esta que está a acontecer, é fundamental, manter alguém no terreno, junto das pessoas, para as apoiar na primeira hora em que veem os seus bens a arder, ou na possibilidade de isto vir a acontecer, e é sempre uma situação dramática”, acrescentou Hélder Pires.
O Grupo de Emergências e Catástrofes tem também o material necessário para “montar uma zona de concentração para cerca de 30 pessoas”, com o mínimo de condições para poderem pernoitar, cada um com a sua cama de campanha, a sua manta, que foram adquiridas pelo GEC “com o apoio de alguns municípios” da região.
A Diocese de Bragança-Miranda, que é a área territorial de atuação desta Cáritas diocesana, assenta no Distrito de Bragança, que, com a reforma da Lei de Bases da Proteção Civil, ficou dividida em duas sub-regiões: A sub-região de Trás-os-Montes, sediado em Bragança com nove concelhos, e a sub-região do Douro, sediado em Vila Real que tem “três concelhos” – Freixo de Espada à Cinta, Carrazeda de Ansiães, Torre de Moncorvo – que pertencem à diocese do nordeste português.
“O subcomando do Douro tem 19 concelhos, três deles são da nossa diocese, se o comandante Miguel me pedir para sair da minha Diocese eu não vou dizer que não, tendo em conta que a Cáritas de Vila Real, por exemplo, não tem uma resposta efetiva da emergência”, explicou Hélder Pires.
A Cáritas Portuguesa, em comunicado, informou que está a acompanhar a situação dos incêndios em Portugal, “com natural preocupação e sentido de fraternidade”, e tem “todos os meios da rede nacional” disponíveis para apoiar a “emergência nacional”.
Picote: Há “Fiesta de las Lhénguas” no fim-de-semana de 20, 21 e 22 de setembro
No âmbito do Dia Europeu das Línguas, que se assinala a 26 de setembro, a freguesia de Picote e a associação Frauga, voltam a organizar no fim-de-semana de 20, 21 e 22 de setembro, a “II Fiestas de las Lhénguas”, um evento cultural que nesta edição tem como destaques a conversa com os escritores convidados, os concertos musicais e a liturgia da missa dominical, lida em mirandês e asturiano.
De acordo com o presidente da freguesia de Picote, Jorge Lourenço, nesta 2ª edição, a Festa das Línguas é dedicada aos escritores das línguas convidadas, como são o mirandês, asturo-leonês, o galego e o barranquenho.
“A Fiesta de las Lhénguas é um evento que pretende celebrar a diversidade cultural e linguística. Nesta segunda edição, continuamos a dar especial destaque ao antigo espaço asturo-leonês onde se inclui, naturalmente, o mirandês, a língua da Terra de Miranda. No entanto, para além das línguas aí faladas, os visitantes poderão também encontrar documentação sobre o Barranquenho, a dinâmica editorial da Academia de Letras de Trás-os-Montes, para além de outras instituições que, das mais variadas formas, se ocupam da promoção desta região”, informa.
Nesta 2ª edição, vão participar no evento, a Academia da Llingua Asturiana, o Governo das Astúrias (através da Dirección Xeneral d’Acción Cultural y Normalización Llingüística), a Associação Faceira (da província espanhola de Leão), a Associação Furmientu (de Zamora), El Teixu (Leão), a Association pour la Défense des Langues et Cultures Menacées, a Associação da Língua e Cultura Mirandesa (ALCM), entre outras instituições.
Para animar o evento, na sexta-feira, dia 20, estão programadas as danças dos pauliteiros de Miranda, pelo grupo da associação FRAUGA e o concerto musical, do artista espanhol (Astúrias), José Manuel Sabugo Alvarez.
No sábado, dia 21 de setembro, a Festa das Línguas, em Picote, prossegue com a abertura dos espaços linguísticos e animação dos gaiteiros pelas ruas da aldeia. Outro destaque na II Festa das Línguas é a introdução de jogos tradicionais.
No serão de sábado, o público que pretenda visitar a Festa das Línguas tem a oportunidade de usufruir de dois concertos: o primeiro é interpretado pelo grupo Efrén López & Kelly Thoma, no âmbito do projeto Ciclo de Música sem Tempo; segue-se depois o concerto do grupo mirandês “Galandum Galundaina”, considerado um dos “grandes embaixadores da língua mirandesa, pela divulgação do mirandês através das letras musicais”.
A “II Fiesta de las Lhénguas” é um evento organizado pela freguesia de Picote em conjunto com a FRAUGA – Associação para o Desenvolvimento Integrado de Picote. Para estas entidades locais, a finalidade do evento é “descobrir e contactar com a diversidade linguística e cultural, reforçando assim a nossa cidadania europeia baseada no respeito e no multiculturalismo”.
O evento cultural conta com os apoios institucionais do município de Miranda do Douro, da Comissão e Coordenação de Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), da Prozinco e de várias outras instituições e empresas.
No dia 17 de setembro, no 26º aniversário do reconhecimento oficial da Língua Mirandesa foram apresentados no Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro (AEMD), dois novos recursos para a aprendizagem da língua mirandesa, como são o site “RTP Ensina” e o audiolivro “Mensagem” de Fernando Pessoa.
A apresentação destes dois novos recursos didáticos decorreu no âmbito das comemorações do 26.º aniversário do reconhecimento oficial dos direitos linguísticos da comunidade mirandesa.
Recorde-se que a lei que reconheceu o mirandês foi aprovada na generalidade, na assembleia da república, a 17 de setembro de 1998. Quatro meses depois, a lei entrou em vigor com a publicação em Diário da República, a 29 de janeiro de 1999.
Para continuar a preservar a língua mirandesa, foram apresentados dois novos recursos didáticos, no auditório da Escola Básica e Secundária de Miranda do Douro (EBSMD), onde participaram os alunos do 5º e 6º ano de escolaridade.
No início da sessão, o jornalista da RTP, João Barreiros, apresentou o site “RTP Ensina”, que disponibiliza atualmente 5 mil conteúdos, entre os quais animações, vocabulário e informações sobre a cultura da Terra de Miranda, no item “Aprender Mirandês”.
Estes conteúdos estão traduzidos em língua mirandesa graças à colaboração entre a Rádio Televisão Portuguesa (RTP) e a Associação da Língua e Cultura Mirandesa (ALCM) e ao trabalho dos tradutores Alcides Meirinhos e Susana Ruano.
No final da apresentação destes dois novos recursos didáticos, o diretor do Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro (AEMD), o professor António António Santos, considerou que são muito importantes para o ensino e aprendizagem do mirandês.
“São recursos digitais, de fácil acesso e organizados pelos vários ciclos de ensino. Estou convencido de que estes dois novos recursos didáticos vão despertar o interesse dos alunos para a aprendizagem da língua mirandesa e vão ser muito úteis para o trabalho no ensino dos professores”, disse.
Já o professor da disciplina de Língua e Cultura Mirandesa, Duarte Martins, indicou que o site “RTP Ensina” e o audiolivro “Mensagem” são dois novos recursos didáticos que vêm oferecer uma maior quantidade e variedade de conteúdos para o ensino.
“Todos os recursos relacionados com o audiovisual e as novas tecnologias digitais vêm complementar os recursos já existentes nos manuais escolares em papel. Sou da opinião que o papel e o digital complementam-se. No entanto, dada a atual preponderância do digital, a consulta de conteúdos em língua mirandesa nos suportes digitais é mais fácil e apelativa para os alunos”, disse.
As comemorações do 26º aniversário do reconhecimento oficial dos direitos linguísticos da comunidade mirandesa continuou na tarde de 17 de setembro, no salão nobre da Câmara Municipal de Miranda do Douro.
Este sessão solene contou com a presença da vice-presidente da Assembleia da República, Teresa Morais, assim como da presidente da Câmara Municipal de Miranda do Douro, Helena Barril, do deputado na Assembleia da República,, Nuno Gonçalves e do presidente da Associação da Língua e Cultura Mirandesa, Alfredo Cameirão, para além de outras personalidades e representantes de instituições e empresas.
Na sua intervenção, a vice-presidente da Assembleia da República, Teresa Morais, homenageou aqueles que preservaram e continuam a preservar a língua mirandesa, destacando entre outros, os contributos de José Leite Vasconcelos, Júlio Meirinhos e Amadeu Ferreira.
No decorrer desta cerimónia, foram ainda apresentados os livros, em mirandês: “Siempre”, sobre a revolução do 25 de abril de 1974; e o livro “Monólogos de solidão”, da autoria da escritora Adelaide Monteiro.
As comemorações dos 26 anos do reconhecimento oficial da Língua Mirandesa concluiram-se com a assinatura do protocolo de cooperação entre o Instituto Politécnico de Bragança (IPB) e a Associação da Língua e Cultura Mirandesa (ALCM), para o estudo e investigação da língua mirandesa.
Sociedade: População jovem está em declínio e representa um quinto da população
Um estudo feito a partir do Censos 2021, mostra que em Portugal, a população jovem está em declínio e atualmente os jovens representam apenas cerca de um quinto da população do país.
O estudo, “Jovens em Portugal: Um retrato a partir dos Censos”, foi apresentado no Instituto Nacional de Estatística (INE), em Lisboa, juntamente com outros seis sobre famílias em Portugal.
Uma das investigadoras responsáveis, do Centro de Investigação em Qualidade de Vida, do Instituto Politécnico de Santarém, apontou que “é já do conhecimento comum” que o declínio demográfico das últimas décadas, juntamente com as crises financeiras (2008) e de saúde pública (2020, pandemia covid-19), contribuíram para “o declínio da população jovem”.
“A população jovem, entre os 15 e os 34 anos, passa de um quarto da população em 2011 para cerca de um quinto em 2021, sendo que esse declínio não é homogéneo e é tanto mais observável nos grupos etários dos jovens adultos, entre os 25 e os 29 anos e entre os 30 e os 34 anos”, disse Tatiana Ferreira.
Em contraciclo está, no entanto, o aumento do número de jovens estrangeiros que, no global da população jovem, aumentou 23,4% entre 2011 e 2021, enquanto a população jovem portuguesa diminuiu 17,5%.
A faixa etária em que isso foi mais significativo é entre 25 e 29 anos, com um aumento de 36% de jovens estrangeiros, enquanto o número de jovens portugueses baixou 21,2%.
A quebra mais acentuada de jovens portugueses regista-se na faixa etária dos 30 aos 34 anos, com uma diminuição de 31,3%, enquanto entre os jovens estrangeiros regista-se um aumento de 27,6%.
Em relação aos países de origem, os dados do INE mostram que, em dez anos, há um aumento de 243,4% de jovens oriundos de países asiáticos, apesar de os brasileiros continuarem a ser a nacionalidade dominante, com 40,9%, em 2021.
A investigadora adiantou que os dados do Censos dão conta de que aumentou de 83,9% (2011) para 90,4% (2021) a percentagem de jovens entre os 15 e os 19 que estão a estudar, e que as raparigas são predominantes.
Por outro lado, diminuiu de 66,3% (2011) para 58,1% (2021) a percentagem de jovens ativos, sendo que entre o grupo de jovens ativos em 2021, 51,3% estavam empregados, enquanto 6,8% estavam desempregados.
Segundo Tatiana Ferreira, ao analisar os meios de vida dos jovens, há uma diminuição, de 54,9% para 50,5%, aqueles que vivem dos rendimentos do trabalho, enquanto aumentou, de 34,7% para 38,4%, os que vivem a cargo da família.
No que diz respeito à distribuição da população jovem, a investigadora disse que quase metade vive em zonas urbanas, sobretudo nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, aparecendo o Alentejo como a região do país com menos jovens.
“Os jovens são um bem cada vez mais raro”, considerou.
Sociedade: Quase 40% dos idosos com mais de 80 anos viviam sozinhos
Em 2021, quase 40% dos idosos portugueses, com mais de 80 anos, viviam sozinhos, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), que indica também que a maioria destas pessoas idosas vive nas freguesias do interior do país.
O INE apresentou uma série de estudos sobre famílias em Portugal, com base nos Censos de 2021.
O estudo sobre as “Famílias nas fases mais avançadas da vida: tendências atuais” mostra “um ligeiro crescimento da proporção de indivíduos com 65 ou mais anos a residir em agregados unipessoais”.
Na análise por grupos etários, “37,8% da população com 80 ou mais anos vivia em agregados domésticos sem núcleos familiares”, apontou a investigadora Patrícia Coelho, da Faculdade de Economia da Universidade do Algarve.
De acordo com a docente, é neste grupo etário que “o número de idosos a viver em agregados unipessoais cresceu de forma muito mais acentuada entre 2011 e 2021”.
Os dados apresentados mostram que mais de 50% dos agregados domésticos privados unipessoais eram compostos por pessoas com 65 anos ou mais.
A maior expressão é em freguesias do interior (norte e centro) e na Região Autónoma da Madeira, por oposição às freguesias do litoral de Portugal Continental e da Região Autónoma dos Açores.
Os dados do INE mostraram também que entre 2011 e 2021, Portugal perdeu 1,3% de população residente e que a taxa de crescimento efetivo foi negativa até 2018, só contrariada a partir desse ano graças à imigração.
A partir de 2017, o crescimento migratório é positivo, mas só isso não foi suficiente para compensar a perda de população, fenómeno que só se começa a verificar a partir de 2023, ao mesmo tempo que continua a verificar-se o envelhecimento da população.
A natalidade foi afetada “fortemente” pelas duas crises durante esse período, a primeira financeira e a segunda pandémica, o que fez com que só se registasse “uma ligeira recuperação de 2015 em diante”, logo contrariada em 2020.
Segundo Susana Clemente, do INE, em 2021, a média era de 1,35 filhos por mulher em idade fértil, salientando que “as mulheres, em períodos de crise, têm filhos mais tarde”.
”Os efeitos das crises afetaram os movimentos demográficos e, consequentemente, as estruturas familiares”, apontou.
Nas tendências da vida em casal, com base nos dados do INE, foi possível constatar que aumentou o número de casais de facto, com dois em cada dez casais a viverem em união de facto, e que “aumentou o peso relativo dos casais sem filhos no total de casais”, já que quatro em cada dez casais são casais sem filhos.
Por outro lado, diminuiu o número de casais com filhos e aumentou o número de casais recompostos a viver em união de facto. Os casais recompostos são aqueles em que há pelo menos um filho que não é comum aos dois elementos.
Ambiente: Mais de 4.400 operacionais combatiam cerca de 50 fogos
Na manhã desta quarta-feira, dia 18 de setembro, mais de 4.400 operacionais, apoiados por 1.600 meios terrestres, continuavam a combater cerca de 50 fogos rurais em Portugal continental, de acordo com a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
Às 07:45 estavam ativos 46 incêndios no território continental que eram combatidos por 4.492 operacionais, segundo a informação disponível na página oficial da ANEPC na Internet.
Os fogos que lavram há vários dias no distrito de Aveiro continuam a ser os que mobilizam mais operacionais e outros meios.
Em Sever do Vouga, mantinham-se ativos dois incêndios àquela hora: um mobilizava 320 operacionais, com o apoio de 101 veículos, e o outro 296 elementos das forças de socorro e segurança, com o auxílio de 96 veículos.
Em Albergaria-a-Velha, o incêndio que deflagrou às 07:20 de segunda-feira mobilizava 406 operacionais, assistidos por 125 meios terrestres.
O fogo que deflagrou no domingo, pelas 15:00, no concelho de Oliveira de Azeméis estava a ser combatido por 408 elementos, apoiados por 156 veículos.
Já no distrito de Viseu, continuava ativo o fogo que lavra em Nelas desde o final da manhã de segunda-feira, com 261 operacionais e 75 veículos no combate às chamas.
Em Castro Daire, o incêndio que começou pelas 21:30 de segunda-feira mobilizava 295 operacionais, assistidos por 90 meios terrestres.
O fogo de Penalva do Castelo, que deflagrou cerca das 00:00 de segunda-feira, era combatido por 157 operacionais, com 43 veículos.
No distrito de Coimbra, o fogo de Tábua para o qual foi dado alerta às 10:39 de terça-feira mobilizava 252 operacionais e 81 meios terrestres.
O incêndio de Arganil, que chegou a ter três frentes ativas e obrigou à evacuação do Centro de Recolha Animal e das aldeias de Salgueiral e Medas, entrou em resolução às 23:01 de terça-feira.
Já no distrito do Porto, o incêndio que deflagrou pelas 13:00 de segunda-feira, dia 16 de setembro, em Gondomar era combatido por 174 elementos das forças de socorro e segurança e 38 meios terrestres.
Perto das 00:00 de 18 de setembro, algumas habitações na zona de Branzelo, em Melres, concelho de Gondomar, foram evacuadas e a população retirada devido aos incêndios, avançou o comando-geral da GNR.
Ainda no Porto, o fogo que começou em Paredes, na madrugada de terça-feira, ocupava 134 operacionais, apoiados por 44 veículos.
O fogo que lavrava em Vila Pouca de Aguiar, no distrito de Vila Real, estava a ser combatido por 79 operacionais, apoiados por 27 meios terrestres.
Sete pessoas morreram e 40 ficaram feridas, duas com gravidade, nos incêndios que atingem desde domingo as regiões Norte e Centro do país, e que destruíram dezenas de casas e obrigaram a cortar estradas e autoestradas.
A área ardida em Portugal continental desde domingo ultrapassa os 62 mil hectares, segundo o sistema europeu Copernicus, que mostra que nas regiões Norte e Centro já arderam 47.376 hectares.
O Governo já declarou situação de calamidade em todos os municípios afetados pelos incêndios nos últimos dias.
Cultura: Língua Mirandesa com novos instrumentos de divulgação
A Associação de Língua e Cultura Mirandesa (ALCM), em parceria como o município de Miranda do Douro, vão apresentar esta terça-feira, dia 17 de setembro, um conjunto de iniciativas para assinalar o 26.º aniversário do reconhecimento dos direitos linguísticos do mirandês em Portugal.
Entre as novidades está a apresentação do audiolivro de “Mensagem”, de Fernando Pessoa (1888-1935), traduzido para mirandês por Amadeu Ferreira (1950-2015) e que vai ficar disponível na plataforma digital da Imprensa Nacional da Casa da Moeda (INCM).
Outra das iniciativas previstas é a apresentação do sítio do mirandês, na plataforma digital RTP Ensina.
A assinatura do protocolo de colaboração entre o Instituto Politécnico de Bragança (IPB) e a ALCM é outro destaque, com o objetivo de desenvolver trabalhos que possam ajudar no ensino do mirandês e na investigação desta língua minoritária.
Em declarações, o presidente da ALCM, Alfredo Cameirão, defendeu a continuidade do grupo de trabalho para a promoção da língua mirandesa, criado em 2 de fevereiro através de um despacho do Governo.
“Até agora já foram feitas quatro reuniões de trabalho deste grupo, onde também esta representada a ALCM”, disse Alfredo Cameirão.
Já foi publicado em Diário da República um despacho que determina a prorrogação da ação deste grupo de trabalho até ao final de setembro.
Alfredo Cameirão entende que este prolongamento se deve à mudança de Governo: “À mercê da mudança de Governo [houve] alguns atrasos nestes trabalhos e acertámos que este grupo estará em pleno antes do final do ano”.
O presidente da ACLM adiantou que, em 19 e 20 de setembro, as entidades intervenientes terão uma reunião em Miranda do Douro para a conclusão dos relatórios finais acerca desta matéria.
Para além da necessidade da criação de uma unidade orgânica de defesa dos direitos linguísticos do mirandês, a ALCM reitera a necessidade da retificação por parte do Governo português da Carta Europeia das Línguas Regionais e Minoritárias e o reforço da presença da língua e cultura mirandesa nas escolas e, ao mesmo tempo, reforçar a dignidade dos professores nesta matéria.
Hoje em dia, inscrevem-se na disciplina de língua e cultura mirandesa cerca de 80% dos alunos do Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro, “o que é um rácio notável bem identificativo na vaidade que os alunos têm na Língua que os seus avós lhes legaram”.
Contudo, e devido às fortes mudanças sociais e demográficas ocorridas na Terra de Miranda (desertificação demográfica com perda de cerca de 50% da população nos últimos 70 anos, massificação dos meios audiovisuais com a consequente difusão do português), ocorreu um gradual abandono da transmissão oral dos pais para os filhos.
“Por isso, a língua mirandesa está seriamente ameaçada, tal como as restantes línguas minoritárias por esse mundo fora”, observou Alfredo Cameirão.
O último estudo feito pela Universidade de Vigo, com o apoio e colaboração da ALCM, concluiu que haverá cerca de 3.000 falantes de mirandês na Terra de Miranda e, se nada for feito, a língua caminhará para o seu declínio.
Saúde: Misericórdias vão avançar com Unidades de Saúde Familiar (USF)
O presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) adiantou que as instituições vão avançar para a criação de Unidades de Saúde Familiar (USF) modelo C, lançadas pelo Governo.
“O Governo perguntou-nos se estaríamos disponíveis para avançar para o modelo C e estamos, com certeza. Precisamos, naturalmente, de olhar para a Lei, de olhar para os indicadores que vão ser pedidos, mas pela nossa experiência nas outras áreas da Saúde, nomeadamente na área hospitalar e na área dos cuidados continuados, não é nada que não consigamos fazer”, disse Manuel Lemos, convidado da entrevista semanal conjunta Ecclesia/Renascença.
O responsável espera que estes novos centros venham a existir “a breve prazo”, após se conhecerem a Lei e as portarias associadas.
As USF modelo C, uma das medidas prioritárias previstas no Programa de Emergência e Transformação da Saúde, são instituições que se enquadram no sistema de cuidados de saúde primários em Portugal, oferecendo uma estrutura mais autónoma e flexível.
Manuel Lemos assume que as Misericórdias estão preocupadas com a existência de “mais de um milhão e meio de pessoas que não têm médico de família”.
A nível hospitalar, o presidente da UMP destaca que poderia haver maior colaboração para assegurar a realização de “75 mil cirurgias não oncológicas” em atraso.
O entrevistado reforça a preocupação com os chamados internamentos sociais, um “problema mais grave”, que que se cruza com a questão da habitação e a responsabilidade das famílias.
Questionado sobre a necessidade de construir novos lares e estruturas residenciais para idosos, o responsável diz preferir soluções “mais confortáveis para as pessoas”, considerando que “o novo pivô do envelhecimento” deve ser o serviço de apoio domiciliário.
“As pessoas só preferirão ficar nas suas casas em detrimento de um lar quando se sentirem com confiança na sua casa”, acrescenta.
Manuel Lemos diz que as Misericórdias têm capacidade para dar resposta aos novos desafios, mas assume que a criação de “uma rede de 24 horas sobre 24 horas, sete dias por semana” tem custos para o Estado e para as famílias.
“É evidente que o Estado tem de pagar o justo custo”, assinala, sublinhando que a comparticipação de 50% das despesas representa “o mínimo”.
“O aumento do salário mínimo tem de ser, obviamente, ponderado por quem faz o orçamento. Nós lá estaremos para, junto com os partidos políticos, darmos conta de quanto é que isso representa”, indica.
O presidente da UMP manifesta a convicção de que o Parlamento vai aprovar o Orçamento de Estado para 2025, por acreditar que “os responsáveis dos maiores partidos políticos vão preferir um equilíbrio”.
Fonte: Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)
Ambiente: Mais de 100 concelhos mantêm-se em perigo máximo de incêndio rural
Mais de uma centena de concelhos, sobretudo das regiões Norte e Centro, mantêm-se em perigo máximo de incêndio devido ao tempo quente, avisa o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Em perigo máximo de incêndio estão mais de 100 concelhos dos distritos de Faro, Portalegre, Castelo Branco, Santarém, Leiria, Coimbra, Guarda, Aveiro, Viseu, Porto, Bragança, Vila Real, Viana do Castelo e Braga.
Vários concelhos de todos os distritos de Portugal continental apresentam um perigo muito elevado e elevado de incêndio, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Este risco, determinado pelo IPMA, tem cinco níveis, que vão de reduzido a máximo. Os cálculos são obtidos a partir da temperatura do ar, humidade relativa, velocidade do vento e quantidade de precipitação nas últimas 24 horas.
A temperatura máxima mais elevada prevista para hoje será alcançada em Santarém com 35 graus, seguida de Évora, Beja, Setúbal, Lisboa com 34, Leiria com 33 e 31 em Coimbra e Braga.
Por causa do calor, o IPMA emitiu aviso amarelo para os distritos do Porto, Setúbal, Viana do Castelo, Lisboa, Leiria, Aveiro, Coimbra e Braga, pelo menos até às 18:00 de 17 de setembro.
O aviso amarelo é emitido quando há uma situação de risco para determinadas atividades dependentes da situação meteorológica.
Na segunda-feira, dia 16 de setembro, o IPMA indicou em comunicado que o índice meteorológico de perigo de incêndio calculado diariamente, que reflete a severidade meteorológica na propagação dos incêndios rurais, tem apresentado valores extremos, comprovando a adversidade das condições meteorológicas atuais.
Segundo o IPMA, a severidade meteorológica irá manter-se extremamente elevada” hoje e quarta-feira, em grande parte do território, em especial nas regiões do Norte e Centro, onde o PIR [perigo de incêndio rural] continuará a situar-se nas classes mais elevadas de perigo: elevado, muito elevado ou máximo”.
O território do continente tem estado, desde sábado, “sob a influência de um fluxo de leste, que se intensificou” na segunda-feira e que se “manterá intenso” hoje, “nas regiões do Norte e Centro”.
Devido à previsão de risco elevado de incêndio na generalidade do território continental, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) aumentou o estado de alerta e prontidão dos meios de socorro para o nível mais elevado, para hoje.
Numa conferência de imprensa na segunda-feira, o comandante nacional de Emergência e Proteção Civil, André Fernandes, anunciou que, por causa da situação meteorológica adversa, vai ser prolongada a Declaração da Situação de Alerta em todo o território do continente.
A situação de alerta implica várias medidas excecionais, como a proibição do acesso e circulação em vários espaços florestais ou a proibição da realização de queimadas e de trabalhos em florestas com recurso a maquinaria (com exceção para as situações de combate a incêndios rurais).
O Governo alargou até quinta-feira, dia 19 de setembro, a situação de alerta devido ao risco de incêndios, face às previsões meteorológicas, e anunciou a criação de uma equipa multidisciplinar para lidar com as consequências dos incêndios dos últimos dias, com sede em Aveiro e coordenada pelo ministro Adjunto e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida.