O Dia Mundial do Turismo assinala-se esta sexta-feira, dia 27 de setembro, tendo como tema “Turismo e Paz” e o município de Miranda do Douro programou várias iniciativas, com a finalidade de sublinhar a importância do turismo na construção da paz e no entendimento entre povos e culturas.
Na cidade turística de Miranda do Douro, o Dia Mundial do Turismo vai ser assinalado ao longo de três dias (27, 28 e 29 de setembro), com um programa de atividades que tem início esta sexta-feira, dia 27, com a animação de rua pelos tocadores da Universidade Sénior e a Degustação de Produtos Regionais, na Porta da Rota da Terra Fria (antiga alfândega fronteiriça).
No sábado, dia 28 de setembro, os destaques turísticos são a Feira na Praça D. João III, dedicada às vindimas; as danças dos pauliteiros, pelas ruas da cidade de Miranda do Douro; e o concerto solidário “Ambria Ardena”, na concatedral de Miranda do Douro, às 21h00.
No Domingo, dia 29, o Dia Mundial do Turismo, é também assinalado na celebração religiosa da Eucaristia Domincal, agendada para as 11h00, na concatedral de Miranda do Douro.
O Dia Mundial do Turismo é uma iniciativa anual da Organização das Nações Unidas (ONU), que é comemorado há 45 anos.
Ambiente: Governo quer pacto para a floresta até final do ano
O ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, pretende até ao final deste ano, definir um pacto nacional que permita tornar a floresta mais resistente.
“Nós estamos a trabalhá-lo. Amanhã [quinta-feira] haverá o Conselho de Ministros com várias decisões que eu não vou antecipar, mas já está em curso e nós queremos até ao fim do ano ter este pacto”, afirmou José Manuel Fernandes aos jornalistas, no final de uma visita a zonas ardidas dos concelhos de Nelas e de Penalva do Castelo, no distrito de Viseu.
Segundo o governante, “o objetivo é o de que haja um consenso, um pacto, uma estratégia nacional, que se coloquem recursos financeiros suficientes e que não haja entraves de outra natureza”.
José Manuel Fernandes disse que, desde maio, tem estado a preparar este pacto (que poderá vir a ter outro nome) com o secretário de Estado das Florestas, Rui Ladeira.
Ao ser questionado sobre se está a ser ponderada a restrição de plantação de determinadas espécies, o governante contou que esteve numa zona “que está no meio de um grande incêndio, tem mais de 80% de eucaliptos e não ardeu”.
“E não ardeu porquê? Porque está gerida. Nós temos de ter um mosaico. Nós temos de ter várias espécies, depois temos é de gerir bem o espaço”, defendeu.
Por isso, acrescentou o ministro, o pacto nacional para a floresta terá de ter em conta “estes vários fatores, estas componentes”.
“Espero que haja um grande consenso neste objetivo e que mais esta tragédia tenha consequências em termos da nossa ação. Não podemos andar sempre a dizer o mesmo e depois ficar tudo na mesma também”, frisou.
Nove pessoas morreram e mais de 170 ficaram feridas em consequência dos incêndios que atingiram na passada semana sobretudo as regiões Norte e Centro de Portugal.
A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil contabilizou oficialmente cinco mortos nos fogos.
Entre os dias 15 e 20 de setembro, os incêndios florestais consumiram cerca de 135.000 hectares, totalizando este ano a área ardida em Portugal quase 147.000 hectares, a terceira maior da década, segundo o sistema europeu Copernicus.
Fiscalidade: Movimento alerta para caducidade dos impostos das barragens
O Movimento Cultura de Terra de Miranda (MCTM) alertou que no final do ano, vão prescrever os cerca 400 milhões de euros de impostos, devidos pelo negócio da venda das seis barragens transmontanas.
“O Governo vai deixar caducar o Imposto do Selo, IRC e Derrama, devidos pelo negócio das barragens. Essa caducidade ocorrerá já no final deste ano. Apesar dos constantes alertas deste Movimento, são mais de 400 milhões de euros no total, incluindo os 110 milhões do Imposto do Selo”, denunciou fonte do MCTM.
Em comunicado, o MCTM alerta “que se passaram quase quatro anos e três governos, incluindo este, que infelizmente nada fizeram para se exigirem os impostos devidos”.
“A caducidade ocorrerá no mandato deste Governo, que já teve tempo suficiente para determinar a liquidação dos impostos. Os atuais primeiro-ministro e o ministro das Finanças serão pessoalmente responsáveis pelo gravíssimo dano que estão a provocar ao povo da Terra de Miranda e ao povo português, e assim ficarão para a história”, vinca a mesma nota.
Este movimento cívico refere na mesma nota que “tanta incapacidade e inação deixou claro” que se trata de uma estratégia concertada e dolosa para favorecer as concessionárias.
“Perante os fortíssimos indícios de evasão fiscal, o Estado estava legalmente obrigado a efetuar uma investigação tributária imediata e rigorosa. Mas alguém decidiu não a fazer. Não há nenhuma lei que legitime essa decisão, pelo que ela é grosseiramente ilegal, discricionária e destinada a privilegiar as concessionárias e vergada aos seus interesses”, lê-se no comunicado.
O MCTM relembra que o anterior primeiro-ministro, António Costa, informou a Assembleia da República (AR), em 2021, que já estava em curso uma inspeção tributária ao negócio, tendo tal sido confirmado de seguida pelo ministro das Finanças João Leão.
“Recentemente, a AR foi informada de que, afinal, nenhuma inspeção tributária havia sido iniciada. A decisão de não inspecionar o negócio e não exigir o imposto é ilegal e inaceitável. Tentam também enganar-nos dizendo que o processo-crime suspende a inspeção tributária, mas a lei diz exatamente o contrário, que ambos os processos correm em paralelo e que a inspeção tributária tem absoluta prioridade. Esta caducidade revela, em todo o seu esplendor, o desprezo que o Estado e os políticos nutrem pelas populações da Terra de Miranda”, garante o MCTM.
E indicia também “o servilismo e a corrupção a que se deixaram submeter os poderes instituídos perante o poder económico das concessionárias”.
“Tudo isso é inaceitável num país civilizado e tem que acabar. Este Movimento não tem poder para litigar nos tribunais e na administração pública. Temos apenas a força da palavra, da razão e da lei. Mas exigimos aos nossos municípios, que têm esse poder, que o exerçam, sem medos nem servilismos”, lê-se no mesmo documento.
A Lusa contactou o Ministério das Finanças e o gabinete do primeiro-ministro, mas até ao momento não obteve respostas.
No início de julho, o MCTM alertava que o Governo poderia estar a promover “um apagão fiscal” com a alteração ao código do IMI relativo à avaliação das barragens.
“Caso o Governo avance com a alteração legislativa, há uma forte probabilidade de se verificar um apagão fiscal. Todo o IMI de anos anteriores relativo à transação das barragens desaparecerá. Assim, o anúncio do senhor ministro das Finanças [Joaquim Miranda Sarmento] será um grande negócio para as concessionárias, porque encerra em si mesmo um verdadeiro apagão deste imposto sobre as barragens”, indicou naquela altura Graciano Paulo, membro do MCTM.
No final de junho, o Governo anunciou a criação de um grupo de trabalho para chegar a uma “solução técnica e estrutural” para alterar o código de IMI relativo à avaliação das barragens.
O objetivo é que este grupo de trabalho apresente uma solução para alterar o código de IMI por forma a estabelecer regras claras para a avaliação de aproveitamentos hídricos, explicou na altura o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento.
No início de maio, os municípios de Mogadouro, Miranda do Douro, Torre de Moncorvo e Carrazeda de Ansiães pediram junto do Tribunal Administrativo e Fiscal de Mirandela a impugnação da avaliação feita pela AT às barragens do Feiticeiro, Baixo Sabor e Foz Tua, considerando estarem subvalorizadas.
Saúde: Dois medicamentos comparticipados para largar o vício do tabaco
No Dia Europeu do Ex-fumador, celebrado a 26 de setembro, foi anunciado que a partir de outubro, os fumadores têm um novo medicamento para deixar de fumar, comparticipado pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), passando a existir dois fármacos disponíveis no mercado, uma medida aplaudida pela Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP).
A Autoridade Nacional do Medicamento de Produtos e Saúde (Infarmed) avançou que, no próximo mês, estará disponível no mercado um novo medicamento sujeito a receita médica, enquanto o outro, com a substância ativa vareniclina, também sujeito a receita médica, foi disponibilizado recentemente.
O genérico é do medicamento Champix, que era o único medicamento comparticipado pelo Estado, mas que foi retirado do mercado em 2021 por decisão do laboratório.
No Dia Europeu do Ex-fumador, celebrado a 26 de setembro, a coordenadora da Comissão de Trabalho de Tabagismo da (SPP), Sofia Ravara saudou esta medida, sublinhando que existem estudos que mostram que o baixo preço motiva os fumadores para deixar de fumar.
Além disso, triplica a taxa de sucesso do tratamento, porque aumenta a adesão ao tratamento farmacológico, disse a responsável da SPP, que lançou a campanha “Deixar de usar tabaco e nicotina: uma meta alcançável com tratamento”.
A também professora da Universidade Beira Interior falava depois de a SPP ter feito as contas aos ganhos que se pode ter ao deixar de fumar com a comparticipação de dois fármacos, sobretudo, do genérico, tendo concluído que “continuar a fumar custa cinco vezes mais do que fazer o tratamento”.
“O seu custo ronda os 26 euros para o contribuinte normal e 20 euros para o pensionista. Se pensarmos, por exemplo, que uma das marcas mais baratas para fumar custa 4,7 euros, o maço de tabaco, uma pessoa que fume 20 cigarros vai gastar 141 euros por mês, enquanto se fizer a terapêutica vai gastar 26 euros ou 20 euros se for pensionista”, realçou.
Para a especialista, esta poupança é “extremamente apelativa”, desejando que “os fumadores tenham esta informação”.
Destacou a importância da realização de campanhas regulares, como acontece em países como os Estados Unidos e Inglaterra, em rádios locais, nos serviços de saúde, nas redes sociais, para motivar os fumadores e divulgar o tratamento, “porque pode ser difícil deixar de fumar” e de usar os produtos de nicotina, o cigarro eletrónico, o tabaco aquecido, “mas é uma meta alcançável com tratamento”.
A especialista explicou que o tabaco aquecido e os ‘vapes’, tal como os cigarros convencionais, são dispositivos que fornecem nicotina inalada através dos pulmões, que atinge rapidamente a circulação sanguínea e o cérebro, libertando dopamina e outros neurotransmissores, que causam prazer e bem-estar.
O seu uso regular induz facilmente dependência e, por outro lado, a privação nicotínica causa sofrimento e desejo intenso de consumir, daí a importância do tratamento farmacológico e do seguimento por um especialista em consultas de cessação tabágica que vai ajudar o fumador no trabalho de mudança comportamental.
Ressalvando que a comparticipação de mais medicamentos é “uma excelente notícia”, Sofia Ravara defendeu que também seria importante a comparticipação dos substitutos de nicotina que “custam muito dinheiro”, como as pastilhas e os adesivos com as formas orais de nicotina.
Defendeu, por outro lado, o aumento do tabaco aquecido e dos cigarros eletrónicos, através da taxação, numa altura em que se discute o Orçamento do Estado para 2025, observando que existem marcas que custam cerca de três euros, menos do que o tabaco normal, assim como um maço de cigarrilhas.
A SPP apela também ao Governo e decisores políticos para expandir “os ambientes sociais totalmente livres de fumo” e para garantir o acesso a programas abrangentes de cessação tabágica, reforçando a rede de consultas especializadas no SNS e na comunidade.
Defende também a formação dos profissionais de saúde para abordarem sistematicamente o tabagismo na prática clínica de rotina e a criação de uma linha telefónica SNS especializada para deixar de fumar.
“Do mesmo modo, urge proteger as crianças, os adolescentes e os adultos jovens do marketing enganoso e perverso da indústria do tabaco e da nicotina, regulando as suas atividades, e aplicando eficazmente a lei de prevenção e controlo de tabaco”, salienta.
Sendim: Iniciaram-se as vindimas no planalto mirandês
Iniciaram-se as vindimas, no planalto mirandês e em Sendim, no concelho de Miranda do Douro, a quantidade de uvas aumentou, comparativamente com o ano passado e a qualidade é considerada “muito boa” segundo o vitivinicultor, Luís Peres.
O vitivinicultor, Luís Peres, natural de Sendim, é proprietário de mais de sete hectares de vinha já em produção e recentemente plantou 11 novos hectares. Iniciaram as vindimas no passado dia 18 de setembro e os trabalhos vão prolongar-se até ao final do mês.
Sobre a colheita deste ano, Luís Peres referiu que a quantidade de uvas nas vinhas aumentou comparativamente com o ano passado. E quanto à qualidade indicou que é “muito boa”, embora tema que a chuva que começou a cair a 24 de setembro possa vir prejudicar a colheita.
“Com a chuva, as uvas absorvem mais quantidade de água, o que pode prejudicar o nível de açúcar nos bagos. Para além disso, o desenvolvimento e maturação das uvas depende das temperaturas registadas ao longo do ano e também da localização das vinhas”, explicou.
No planalto mirandês, o trabalho das vindimas é frequentemente realizado com a entreajuda dos vitivinicultores e a contratação de mão-de-obra diária, sendo que nesta campanha, a jornada de trabalho, com o almoço incluído, é paga a 50€/dia.
“Nas vindimas ainda vai sendo possível contratar jornaleiros, porque o trabalho não é assim tão difícil de realizar. No total, com a entreajuda de outros vitivinicultores e os 15 jornaleiro(a)s somos cerca de 30 pessoas”, indicou.
A preocupante situação financeira da cooperativa Ribadouro, sediada em Sendim, com uma dívida de 700 mil euros aos bancos e de 300 mil euros a fornecedores, tem dissuadido os agricultores locais de entregar aí as suas colheitas. E fá-los optar pela cooperativa vizinha, em Bemposta, onde o atual preço do quilo de uvas é de 0,38€/quilo, com 12% de açúcar.
“Na Sogrape, em Bemposta, o pagamento é efetuado a 30 dias. E em meados de novembro, já temos o dinheiro das uvas”, justificou.
Questionado sobre se a vitivinicultura é rentável, Luís Peres respondeu que é uma atividade “aceitável”, E explicou que na agricultura, as uvas são o produto que dá mais rendimento por hectare.
Segundo dados da ViniPortugal, no corrente ano, as exportações de vinhos cresceram 8,58% em volume, registando-se no entanto uma diminuição do preço por litro de vinho devido ao excesso de ‘stock’.
Quanto aos mercados de exportação, os principais mercados dos vinhos portugueses são: França (53,4 milhões de euros), Estados Unidos da América (50,1 milhões de euros) e Brasil (38,9 milhões de euros). Já por volume, França mantém a posição de liderança (17,5 milhões de litros), seguida de Espanha (16,4 milhões de litros) e Angola (15,3 milhões de litros).
A ViniPortugal agrupa associações e organizações do setor do vinho e tem como missão a promoção dos vinhos portugueses.
Política: Mogadouro aprovou proposta para elevação a cidade
A Câmara Municipal de Mogadouro aprovou, por “unanimidade”, uma proposta para elevação da vila à categoria de cidade, anunciou o presidente da autarquia, António Pimentel.
“Esta proposta está de acordo com a lei em vigor [Lei nº 24/2024 de 20 de fevereiro], e Mogadouro está consciente de que tem os equipamentos necessários e as condições administrativas para se poder candidatar à categoria de cidade”, disse António Pimentel.
“A vila de Mogadouro está dotada de todas as infraestruturas e equipamentos necessários previstos na Lei, que a capacitam para receber o título de cidade”, vincou o autarca social-democrata.
A elevação da vila de Mogadouro a cidade foi aprovada por “unanimidade” em reunião do executivo municipal e foi proposta pela maioria PSD.
De acordo com a Lei-quadro da atribuição das categorias de vila ou cidade às povoações, a Assembleia da República (AR) decreta que podem ser elevadas à categoria de cidade as vilas com mais de 9.000 eleitores, em aglomerado populacional contínuo, e que correspondam a núcleos de urbanização intensa.
Segundo o Portal da Comissão Nacional de Eleições (CNE), nas últimas eleições legislativas, Mogadouro apresentava 9.640 eleitores inscritos
É ainda necessária a existência de, pelo menos, dois terços das seguintes instituições ou equipamentos coletivos: serviços públicos da administração central ou local prestados presencialmente com caráter permanente à população, serviços hospitalares com serviço de urgências ou de atendimento permanente e presencial, corporação de bombeiros, respostas sociais, designadamente à infância, a idosos e a pessoas com deficiência.
No campo do ensino, há requisitos como a existência de creches ou estabelecimentos de educação pré-escolar, estabelecimento de ensino secundário, ou estabelecimentos de ensino superior, entre outros.
Em termos mais gerais, há outros serviços como a existência de parque empresarial ou industrial ou centro logístico e equipamentos de natureza cultural ou artística, designadamente auditório, biblioteca, centro cultural, museu ou centro interpretativo, estádio ou parque desportivo multidesportivo, ou cobertura por rede de transportes públicos coletivos.
Face a este requisitos, esta proposta, agora aprovada, segue para a Assembleia Municipal (de maioria PSD) a realizar na próximo sexta-feira, para depois, em caso de aprovação, ser enviada à AR, para se pronunciar sobre esta proposta.
Mogadouro é sede de concelho e tem uma área total de 760,65 quilómetros quadrados, 8.304 habilitantes, segundo os censos de 2021.
O Executivo municipal de Mogadouro é composto por três eleitos pelo PSD e dois do PS.
Língua Mirandesa: Escola de Mogadouro promove ensino do mirandês
O Agrupamento de Escolas de Mogadouro (AEM) iniciou a um projeto-piloto. na área do ensino da Língua e Cultura Mirandesa com a criação de um “Clube de Língua Mirandesa”, informou a diretora do AEM.
“Trata-se de um projeto-piloto que já tinha em mente há algum tempo, de haver no Agrupamento de Escolas de Mogadouro (AEM) a possibilidade de oferta da aprendizagem da língua mirandesa, mas ainda não tinha sido possível, e este ano constituímos o Clube da Língua Mirandesa. No concelho de Mogadouro há uma parte do território que também fala mirandês”, explicou Mafalda Rocha.
De acordo com a responsável escolar, encontram-se abertas as inscrições para que este “Clube de Língua Mirandesa se possa concretizar”.
“Este ano, com uma organização e distribuição do serviço feita de uma forma atempada, conseguimos esta oferta que vai funcionar à quarta-feira, em que os alunos desde o 2.º e 3.º ciclos, a que se junta o secundário e ensino profissional, se podem inscrever neste clube de mirandês. Estas atividades serão dinamizadas pelo professor Alfredo Cameirão, que também é o presidente da Associação de Língua e Cultura Mirandesa ”, disse Mafalda Rocha.
O AEM pretende, face ao interesse demonstrado pelos alunos, ao longo deste ano letivo, colocar a possibilidade de o mirandês poder ser uma opção curricular.
“Toda esta possibilidade surgirá mediante o interesse desmontado pelos alunos e pelo número de inscrições”, vincou.
O Ministério da Educação autorizou, desde 1986, aulas opcionais de Língua e Cultura Mirandesa nas escolas de Miranda do Douro e, atualmente, dos seus 610 alunos, 480 escolheram o mirandês para as suas atividades curriculares.
Contudo, e devido às fortes mudanças sociais e demográficas ocorridas na Terra de Miranda, que engloba os concelhos de Miranda do Douro, Mogadouro e Vimioso, a desertificação demográfica com perda de cerca de 50% da população nos últimos 70 anos, massificação dos meios audiovisuais com a consequente difusão do português, ocorreu um gradual abandono da transmissão oral dos pais para os filhos.
Na parte norte do concelho de Mogadouro que faz fronteira com Miranda do Douro, em aldeias como Bemposta, Urrós ou Travanca, este idioma ainda foi falado, contudo, há expressões que são comuns ao território do Planalto Mirandês
O mirandês passou a segunda língua oficial em Portugal há 26 anos, após a aprovação da lei na Assembleia da República, em 17 de setembro de 1998, que conferiu este estatuto ao idioma falado no Nordeste Transmontano.
O último estudo feito pela Universidade de Vigo, com o apoio e colaboração da ALCM, concluiu que haverá cerca de 3 mil falantes de mirandês na Terra de Miranda e, se nada for feito, a língua caminhará para o seu declínio.
Entrevista: “O artesanato, para além do lucro, tem como objetivo a dinamização cultural e turística da Terra de Miranda” – Sofia Ortega
“Pitica de Dius” é uma marca de artesanato criada em 2012, pela artesã, Sofia Ortega, em Fonte de Aldeia, no concelho de Miranda do Douro, com a finalidade de divulgar a língua mirandesa, através de palavras, ditos e provérbios bordados em t-shirts, bonés, sacolas, jogos didáticos e vários outros artigos.
Terra de Miranda – Notícias: “Pitica de Dius” é uma designação em língua mirandesa que significa “joaninha”. Quando e como decidiu criar esta marca de artesanato?
Sofia Ortega: Eu nasci e cresci em Lisboa. Mas vinha regularmente a esta região, passar as férias de verão, porque os meus pai e a minha mãe eram naturais da Especiosa e de Bemposta, respetivamente. A dada altura fui desafiada por um familiar a mudar-me para o planalto mirandês e na verdade eu já sentia vontade de viver no campo. Até que em 2012, decidi mudar-me mesmo para a Especiosa.
T.M.N.: E veio fazer o quê?
S.O.: Em Lisboa, eu trabalhava como contabilista por conta própria e nas horas vagas fazia peças de artesanato. Ao mudar-me para a Especiosa, continuei a trabalhar à distância como contabilista, pois já tinha uma carteira de clientes e ia uma vez por mês a Lisboa. Há alguns trabalhos como a contabilidade, em que a distância geográfica não é um impedimento e podem ser realizados no interior do país. Atualmente, 50% dos nossos clientes são de Lisboa e os outros 50% são do planalto mirandês.
T.M.N.: E o artesanato?
S.O.: Quando me mudei para o planalto mirandês, uma das primeiras coisas que fiz foi inscrever-me na Feira dos Sabores Mirandeses, em Miranda do Douro, para expor as minhas peças de artesanato, que naquela época eram apenas almofadas térmicas feitas com trigo e alfazema.
T.M.N.: Como é que surgiu o nome e a marca “Pitica de Dius”?
S.O.: Desde sempre gostei muito da “joaninha”, de tal modo que a desenhei nos sacos oferta do artesanato. Depois perguntei à escritora Adelaide Monteiro, como é que se escrevia joaninha em mirandês e ela deu-me a conhecer a designação “Pitica de Dius”. Achei o nome tão bonito que decidi atribui-lo ao nome do projeto de artesanato e registei a marca.
T.M.N.: A originalidade das peças de artesanato “Pitica de Dius” é a constante referência à lingua mirandesa. Onde vai buscar este saber?
S.O.: Na minha mudança para a Terra de Miranda, tive o interesse em aprofundar o conhecimento do mirandês e frequentei um curso ministrado pela Associação de Língua e Cultura Mirandesa (ALCM). Foi no decorrer do curso que comecei a fazer peças de artesanato com palavras, frases e ditos em língua mirandesa.
T.M.N.: Outro aspeto que chama à atenção nas suas peças de artesanato é o humor (em mirandês)?
S.O.: Sim, o humor, as mensagens alegres, positivas e até “picantes” despertam mais a atenção do público.
T.M.N.: Atualmente, que peças de artesanato manufatura?
S.O.: T-Shirts, sacolas, mochilas, bonés, ímanes, porta-chaves, emblemas, jogos didáticos para crianças e outros artigos. São peças que têm uma boa aceitação por parte do público, em particular aquelas pessoas que têm ligação com esta região ou apreciam a língua e cultura da Terra de Miranda.
T.M.N.: Como vende as peças de artesanato?
S.O.: Costumo participar em feiras e eventos na região, como os próximos Gorazes de Mogadouro, agendados para os dias 12 a 16 de outubro. Para além disso, o público também pode fazer encomendas através das páginas “Pitica de Dius” no facebook, instagram e linkedin. E ainda através do site piticadedius.pt.
T.M.N.: O artesanato “Pitica de Dius” tem como propósito contribuir para a preservação e divulgação da língua e cultura mirandesa. Mas, este património está em risco de desaparecer por causa do despovoamento da Terra de Miranda. O negócio do artesanato em mirandês é lucrativo?
S.O.: Por várias vezes, já pensei que poderia ter um negócio mais lucrativo se fizesse outros artigos, com outras referências, para além da língua e cultura mirandesas. No entanto, o meu artesanato, para além do lucro, também tem como objetivo a dinamização cultural, social e turística desta região.
T.M.N.: Outra atividade que desenvolve é a animação turística?
S.O.: Sim, a empresa “Rigueiro da Aldeia” desenvolve atividades culturais, sociais e experiências turísticas para quem visita esta região.
T.M.N.: A Sofia decidiu viver em Fonte de Aldeia, no concelho de Miranda do Douro. Como é viver numa aldeia? Quais são as vantagens?
S.O.: O que me fez mudar de Lisboa para o planalto mirandês é a maior qualidade de vida, o viver serenamente e em segurança. Aqui é possível desfrutar da natureza que nos envolve e apreciar a cultura local. E também é possível ser-se empreendedor! Brevemente, juntamente com o meu marido, Francisco, vamos iniciar a recuperação de uma antiga curralada, aqui em Fonte Aldeia, que é de uma arquitetura belíssima, para aí instalar as novas instalações da Pitica de Dius e organizar atividades culturais aqui em Fonte de Aldeia.
T.M.N.: E quais são as desvantagens de viver numa aldeia?
S.O.: Uma das desvantagens de viver numa aldeia é que por vezes, as pessoas, com boas ou más intenções, metem-se demais na vida alheia. Outra desvantagem é a maior dificuldade em aceder a cuidados de saúde e consultas de especialidade.
T.M.N.: O que diria às pessoas que pensam mudar-se para o planalto mirandês?
S.O.: Em primeiro lugar, aconselharia a conhecerem bem esta realidade do interior do país. É que há uma grande diferença cultural, social, demográfica e até económica entre viver numa cidade do litoral ou numa localidade do interior. Aqui não temos tudo à mão, como nas cidades em que há centros comerciais, o que nos obriga a viajar 80 a 100 quilómetros para comprar o produto A ou B. Mas em contrapartida, temos mais qualidade de vida!
Perfil
Sofia Ortega, nasceu e estudou em Lisboa, onde concluiu a licenciatura em Contabilidade.
Atualmente, com o marido, Francisco, trabalham no escritório Contaldeia – Contabilidade e Serviços, sediado em Fonte de Aldeia, onde também prestam uma valiosa ajuda à população local, maioritariamente envelhecida.
Desde jovem, Sofia Ortega sentiu que a sua vocação eram as artes e com o passar dos anos começou a dedicar-se ao artesanato. Em 2012 criou a marca “Pitica de Dius”.
Picote acolheu nos dias 20, 21 e 22 de setembro, a “II Fiestas de las Lhénguas”, um evento cultural que reuniu nesta aldeia do concelho de Miranda do Douro, falantes de mirandês e de asturo-leonês, num encontro que permitiu definir estratégias comuns para a revitalização destas línguas minoritárias, como são a organização de eventos e a divulgação de vídeos promocionais através das redes sociais.
O artista asturiano, José Manuel Sabugo Alvarez, foi um dos convidados da II Fiesta de las Lhénguas, em Picote.
No âmbito do Dia Europeu das Línguas, que se assinala a 26 de setembro, a freguesia de Picote e a associação Frauga, organizaram a “II Fiestas de las Lhénguas”, um evento cultural que contou com a participação de representantes da língua mirandesa, assim como do asturo-leonês, do galego e do barranquenho.
Com o propósito de celebrar a diversidade cultural e linguística, o certame em Picote iniciou-se na tarde de sexta-feira com a visita dos alunos do Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro (AEMD). Sobre a pertinência desta visita, o professor do AEMD, Paulo Peixoto, sublinhou a importância da aprendizagem das línguas no percurso escolar.
“Sou professor de Matemática e também desta disciplina, a língua é determinante para interpretar corretamente e resolver os problemas matemáticos. E por vezes, uma vírgula, pode fazer toda a diferença”, disse.
Do lado dos alunos que visitaram a II Festa das Línguas, o que mais despertou o interesse dos jovens foram as t-shirts, os porta-chaves e outros souvenirs, com mensagens escritas em mirandês. Recorde-se que no Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro, cerca de 80% dos alunos frequentam a disciplina de Língua e Cultura Mirandesa.
Em Picote, o espaço das línguas, foi instalado no Largo do Tumbar, onde marcaram presença várias associações linguísticas, como a FRAUGA – Associação para o Desenvolvimento Integrado de Picote, a Academia de Letras de Trás-os-Montes, a Academia da Llingua Asturiana, a Associação Faceira (da província espanhola de Leão), a Associação El Teixu (Leão), entre outras.
Da Academia de Letras de Trás-os-Montes, a escritora, Teresa Almeida, participou na II Festa das Línguas com o propósito de dar a conhecer os trabalhos dos escritores transmontanos.
“Através da literatura também se explora e divulgam as potencialidades desta região transmontana como são a paisagem, a cultura, a música, a dança e a língua mirandesa”, justificou.
Por sua vez, Nicolás Bartolomé, da Academia da Llingua Asturiana, quando questionado sobre o que falta fazer para que haja mais falantes de línguas como o mirandês, apontou a organização de mais eventos e atividades como a “Fiesta de las Lhénguas”.
“Para revitalizar uma língua minoritária, como o mirandês há que realizar um contínuo trabalho de promoção. E para isso é necessário investimento público, por parte dos governo central e local e também das associações. Este evento da Festa das Línguas tem todos os ingredientes para ser bem sucedido, porque junta a cultura, a música, os jogos tradicionais e reúne ao longo de três dias, representantes de várias línguas, o que permite partilhar conhecimentos e experiências”, disse.
Em representação da associação “El Teixu”, da província espanhola de Leão, Denis Fernandez, referiu que participou pelo segundo ano consecutivo, no evento em Picote, com o propósito de contribuir para a dignificação das línguas.
«A associação “El Teixu” trabalha para a preservação, dignificação e divulgação da língua asturo-leonesa. Para nós, é muito importante dar espaço e voz a línguas como o mirandês, o asturo-leonês. Para que haja uma maior divulgação destas línguas minoritárias creio que uma das estratégias passa por utilizar os canais digitais, como as redes sociais, produzindo vídeos promocionais e humorísticos nas línguas minoritárias”, sugeriu.
Este ano e para animar a II Fiesta de las Lhénguas, houve danças dos pauliteiros de Miranda, pelo grupo da associação FRAUGA e o concerto musical, do artista asturiano, José Manuel Sabugo Alvarez.
Do lado da organização, o professor António Bárbolo, da FRAUGA, realçou o caráter festivo do evento, que permitiu reunir em Picote, ao longo de três dias, falantes de várias línguas.
“Nestas duas primeiras edições quisemos dar destaque à ligação histórica que existe entre o mirandês e o asturo-leonês. Este ano, contamos com a participação de material em barranquenho e em galego. No próximo ano, pretendemos dar especial atenção à literatura oral”, disse.
Outros destaques da II Festa das Línguas, foram a sessão de conversas com escritores convidados, das regiões linguísticas da Terra de Miranda, León, Astúrias e da Galiza. No serão de sábado, o público teve a oportunidade de usufruir dos concertos do grupo Efrén López & Kelly Thoma e dos mirandeses “Galandum Galundaina”.
A II Festa das Línguas também foi visitada por turistas. O casal belga, Erick e a esposa, ficaram surpreendidos com a atenção que se dá à diversidade linguística na região do planalto mirandês.
“Na Bélgica, dada a nossa centralidade geográfica na Europa, também há diversidade linguística e no nosso dia-a-dia a comunicação faz-se em várias línguas como o francês, o flamengo, o inglês, o alemão e até italiano”, disseram.
A II Fiestas de las Lhénguas, em Picote, culminou no Domingo, dia 22 de setembro, com a celebração da Eucaristia Dominical. A celebração religiosa teve como novidade, a liturgia lida e rezada em quatro línguas: latim, português, mirandês e asturiano.
Na celebração religiosa, presidida por Monsenhor Adelino Paes, referiu-se que a diversidade linguística é uma riqueza cultural.
No final do evento, o presidente de Freguesia de Picote, Jorge Lourenço, agradeceu a recetividade da população local, que participou ativamente no programa da II Fiesta de las Lhénguas.
“Concluímos a segunda edição da Fiesta de las Lhénguas, com a satisfação de ter conseguido diversificar o programa de atividades. Tendo bem presente que as línguas precisam ser faladas no dia-a-dia, vamos continuar a trabalhar e a desenvolver estratégias inclusivas, de modo que a língua mirandesa chegue a todos e seja falada por todos”, disse.
A presidente do município de Miranda do Douro, Helena Barril, elogiou a organização da Festa das Línguas e sublinhou a originalidade deste evento, cuja finalidade é “celebrar a diversidade linguística, juntando ao mirandês, outras línguas como o asturo-leonês”.
“Estamos a trabalhar para que a língua mirandesa continue viva, seja na oralidade do dia-a-dia, mas também na literatura, na música, no ensino nas escolas do concelho e em eventos como esta Fiesta de las Lénguas”, disse.
A “II Fiesta de las Lhénguas” foi organizada pela freguesia de Picote e a FRAUGA – Associação para o Desenvolvimento Integrado de Picote.
O evento contou ainda com os apoios institucionais do município de Miranda do Douro, da Comissão e Coordenação de Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), da Prozinco, das empresas concessionárias da barragem de Picote, a Engie e a Movhera e várias outras instituições e empresas.
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) alertou para a ocorrência de chuva persistente a partir de terça-feira, dia 24 de setembro, nas regiões do Norte e do Centro de Portugal continental.
“Prevê-se a ocorrência de períodos de chuva persistente a partir de dia 24 de setembro, nas regiões Norte e Centro e que será por vezes forte nos dias 25 e 26, em especial no litoral a norte do Cabo Mondego e regiões montanhosas”, precisou o IPMA, em comunicado.
Para a região Sul, segundo o IPMA, a precipitação será em geral fraca, embora pouco provável no interior do Baixo Alentejo e sotavento algarvio, podendo ser temporariamente moderada durante a manhã de quinta-feira.
Aquele organismo salientou que os valores acumulados de precipitação no total daqueles três dias poderão atingir entre 100 a 200 milímetros no Minho, Douro Litoral e nas serras dos distritos de Viseu, Aveiro e Coimbra. E entre 50 a 100 milímetros no restante litoral a norte do Cabo Mondego, concentrando-se a maior parte da precipitação entre as manhãs de quarta-feira e quinta-feira.
O IPMA justificou esta precipitação forte e persistente com uma massa de ar tropical, com conteúdo muito elevado em vapor de água, na circulação conjunta de um anticiclone localizado a sul dos Açores e uma região depressionária no Atlântico Norte.
O Instituto deu ainda conta de que o vento irá aumentar de intensidade entre a tarde de quarta-feira e o início da manhã de quinta-feira, em especial das regiões Norte e Centro.
Na sexta-feira, dia 27 de setembro, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) aconselhou a adoção de medidas preventivas nas zonas afetadas pelos incêndios devido à chuva prevista para a próxima semana e que poderá causar deslizamento de terras.
De acordo com a ANEPC, as áreas afetadas pelos incêndios rurais ficam sem coberto vegetal e mais expostas e vulneráveis à precipitação.