Vimioso: Curso de armadilhagem fotográfica permite monitorizar as espécies de animais que existem numa região
Vimioso acolheu entre os dias 7 a 10 de fevereiro, a III edição do curso de armadilhagem fotográfica, com o objetivo de dotar os participantes de conhecimentos e competências nas áreas da investigação da fauna silvestre e da ecologia, informou João Santos, da organização ambiental Palombar.
O curso decorreu no PINTA – Parque Ibérico de Natureza e Natureza, em Vimioso e este ano contou com 14 participantes: 11 portugueses, 2 italianos e 1 espanhola. Entre estes participantes contavam-se alunos, investigadores e técnicos de conservação da natureza.
De acordo com o biólogo, João Santos, no primeiro dia da formação, foi ministrado o módulo básico, no qual os participantes aprenderam a manusear as câmaras fotográficas, a conhecer as suas caraterísticas, o funcionamento, a sua colocação no campo e ainda a legislação sobre a sua utilização.
“São câmaras sensíveis a movimento e quando um animal passa, a câmara dispara e é registada a sua fotografia”, explicou.
Os dias seguintes foram dedicados ao estudo de exemplos e à análise de dados no computador.
No quarto e último dia do curso, a 10 de fevereiro, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer o trabalho da Palombar, na sua sede, na aldeia de Uva, no concelho de Vimioso.
Recorde-se que a Palombar tem como missão a conservação da natureza e da biodiversidade, assim como a preservação e conservação do património rural construído e edificado.
A maioria dos projetos da Palombar são realizados no nordeste transmontano, mais concretamente no Parque Natural do Douro Internacional, na área da Rede Natura 2000 dos rios Sabor e Maçãs e no Parque Natural de Montesinho.
Em Uva, os participantes visitaram o centro interpretativo dos pombais tradicionais, durante a manhã. E à tarde, foram conhecer um campo de alimentação para aves necrófagas, que se alimentam de cadáveres ou substâncias em decomposição, gerido pela Palombar, na zona de Algoso.
O italiano Fillipo Guidantoni, de 26 anos, foi um dos formandos no curso “Uso e Potencialidades da Armadilhagem Fotográfica em Estudos de Ecologia e Monitorização de Fauna Silvestre”. Questionado sobre a razão da sua participação, o jovem italiano respondeu que tinha interesse em aprender mais sobre a técnica da foto armadilhagem.
“É uma técnica pouco invasiva na natureza pois dispensa a presença humana e está a ser muito utilizada nos estudos da fauna”, disse.
Sobre a aprendizagem no curso, o jovem italiano respondeu que aprendeu a fazer estimativas sobre a densidade ou o número de animais existentes numa determinada área.
Filippo Guidantoni chegou a Portugal em maio de 2021, para realizar um ano de voluntariado na Palombrar. Sobre a sua estadia no concelho de Vimioso, disse que está a viver uma grande mudança, pois sendo natural da cidade de Roma, agora vive em Uva, uma pequena aldeia, com apenas 50 habitantes.
Outra participante no curso, a portuguesa Filipa Machado, veio de Cascais, com o propósito de aprender mais sobre a técnica da foto armadilhagem.
A análide de dados foi a principal razão para a participação de Filipa Machado no curso. A bióloga, que trabalha como técnica municipal de ambiente, em Cascais, deu o exemplo das aves necrófagas que fornecem um importante serviço ecológico.
“Houve um período em que os cadáveres eram removidos da natureza e as aves necrófagas ressentiram-se com essa perda de alimento. E para se conhecer, monitorizar e preservar as espécies, esta técnica da foto armadilhagem é muito importante”, explicou.
Sobre a vinda a Vimioso, a jovem bióloga disse que é a segunda vez que está no nordeste transmontano.
“Gosto muito. No ano passado, vim cá passar férias. É uma região bonita e diferente. Fui ver, por exemplo, o castelo de Algoso”, disse.
Patrícia Mateo foi uma das formadoras do curso “Uso e Potencialidades da Armadilhagem Fotográfica em Estudos de Ecologia e Monitorização de Fauna Silvestre”.
A investigadora da Universidade de Oviedo (Espanha) explicou que a sua missão foi ensinar os participantes a utililizar a câmara armadilhagem, nas investigações em conservação e gestão ambiental.
Sobre os animais que existem no concelho de Vimioso, Patrícia Mateo indicou a raposa, o texugo e o lobo (existe mais no norte do concelho) são algumas das espécies mais comuns.
Para além destes animais, a investigadora referiu que a região é muito rica na diversidade de aves, dada a proximidade às arribas do Douro, uma região muito procurada para a nidificação.
O curso “Uso e Potencialidades da Armadilhagem Fotográfica em Estudos de Ecologia e Monitorização de Fauna Silvestre”, foi organizado pela Palombar em parceria com o Instituto de Investigación en Recursos Cinegéticos, da Universidad de Castilla-La Mancha e o Instituto Mixto de Investigación en Biodiversidad, da Universidad de Oviedo, ambos em Espanha.
O curso contou ainda com o apoio da Câmara Municipal de Vimioso, do PINTA e da marca “Vales de Vimioso”.
HA