A 18ª edição da ‘Clericus Cup’, um torneio de futsal em que participam equipas de padres de várias dioceses, vai decorrer em Lamego, entre 7 e 9 de julho, tendo o cardeal José Tolentino Mendonça afirmado que o desporto tem a capacidade de ser “profecia”.
“O desporto pode ser uma profecia para a própria sociedade, na medida em que se apresenta como um espaço de respeito, de aceitação e de inclusão”, escreve, numa intervenção enviada à Agência ECCLESIA.
O organismo responsável da Santa Se pela relação entre a Igreja e o mundo do desporto, vê com “satisfação” a 18ª edição da ‘Clericus Cup’, apresentada hoje em Lamego, que vai acolher o torneio de futsal para padres portugueses entre 7 e 9 de julho.
Citando a constituição pastoral ‘Gaudium et Spes’ (1965), D. José Tolentino Mendonça recorda que o desporto é um “dos emergentes sinais dos tempos”.
“A prática desportiva toma-se, assim, um primeiro sinal evidente desse reconhecimento do desporto pela Igreja, quer como meio de evangelização, quer como meio de alcançar a necessária integridade do próprio presbítero”, acrescenta.
Aos organizadores e participantes, o cardeal português deixa dois desafios: “Que façam deste evento um momento de fraternidade e enriquecimento pastoral” e “que sejam um modelo desportivo”.
Em pleno ano jubilar, o prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação augura que este evento seja um “modo de testemunhar aos outros a alegria, que deve caraterizar um presbítero ou um diácono, e a esperança, que é uma fonte sempre nova”.
Esta quarta-feira, a organização deu o pontapé de saída da ‘Clericus Cup’ 2025 com um jogo solidário.
Uma equipa constituída por padres e seminaristas e outra por trabalhadores do município de Lamego estiveram frente a frente, numa partida que “rendeu 500 euros” para “as casas de acolhimento da Santa Casa da Misericórdia de Lamego”, disse à Agência ECCLESIA o padre Diogo Martinho, membro da organização.
O resultado foi um empate a 5 e cada golo valia 50 euros.
Bragança-Miranda: D. Nuno Almeida pede «celebrações litúrgicas coerentes» com a vida pessoal
O bispo de Bragança-Miranda pediu que a liturgia que os cristãos celebram integre “coerentemente” um testemunho “pessoal e comunitário, ao serviço dos pobres e marginalizados” e alertou contra a “superficialidade” e comportamentos contraditórios”.
“Uma boa pastoral litúrgica ajuda a purificar a celebração de deficiências, da rotina, da superficialidade e de comportamentos contraditórios com a fé, que muitas vezes, podem afastar crentes e não crentes. A pastoral litúrgica é fundamentalmente educativa, pois a sua tarefa principal é formar o povo no sentido do próprio Deus e do sagrado; introduzir os cristãos no espírito da celebração; criar um sentido de Igreja; ensinar a participar melhor na oração comunitária; ajudar a compreender as diversas celebrações”, afirmou D. Nuno Almeida, no início das Jornadas de Pastoral Litúrgica, na diocese de Bragança-Miranda.
O responsável pediu que cada Unidade Pastoral, exista uma equipa de Pastoral Litúrgica que deverá “ocupar-se com a preparação das celebrações, a realização das celebrações, a educação litúrgica da comunidade, a formação litúrgica dos membros da própria equipa”.
“Em cada paróquia, é urgente que exista coordenador da Pastoral Litúrgica, que faz parte da Equipa Pastoral Paroquial e do Conselho da Unidade Pastoral”, pediu.
D. Nuno Almeida assinalou ser central a “busca do sentido mais verdadeiro da liturgia cristã”.
“É necessária uma aprendizagem permanente na liturgia que é dada pela arte de celebrar bem por parte de quem preside e de todos os participam na celebração. A liturgia educa para a liturgia: fazer bem aquilo que se faz é o primeiro ato educativo”, destacou.
O bispo de Bragança-Miranda sublinhou ser preciso uma “formação permanente para a liturgia”, dirigidas à diferente composição da assembleia, “de tipo mistagógico e não meramente didático ou escolar”.
“Nunca é demais recordar que a pastoral litúrgica deve promover a dignidade e beleza, harmonia, proporção e elegância em tudo o que se diz, faz e canta, tendo como base uma espiritualidade de adoração do Mistério, são os requisitos de fundo para uma celebração de qualidade”, sublinhou.
O responsável pediu que a celebração seja guiada pela “sabedoria celebrativa” a fim de que se realize com “dignidade e beleza e abra o coração à contemplação, ao encanto e ao deslumbramento do mistério celebrado”, respeitando “as normas litúrgicas”.
Ao iniciar as primeiras Jornadas de Pastoral Litúrgica da diocese de Bragança-Miranda, D. Nuno Almeida recordou a “finalidade” desta área da pastoral que deve proporcionar uma “participação ativa, plena, consciente e frutuosa dos fiéis na celebração cristã”, traduzindo a “centralidade teológica e espiritual da Eucaristia” numa “experiência celebrativa, pessoal e comunitária, de excelência”.
“A pastoral litúrgica é um saber fazer, uma arte de conduzir os cristãos para uma vivência mais profunda do mistério da salvação, mediante a participação consciente, ativa e frutuosa, a que têm direito, nas celebrações litúrgicas, em virtude do batismo”, assinalou.
Nuno Almeida quis ainda saudar a presença de D. José Cordeiro, que foi bispo da diocese de Bragança, e assinalou que em breve, no calendário das atividades diocesanas se vão seguir as Jornadas de Pastoral Profética e de Pastoral Social, organizadas pelas respetivas Comissões Diocesanas.
“Esperamos que não sejam somente mais um evento, mas caminho que queremos percorrer juntos”, traduziu.
O bispo de Bragança-Miranda referiu ainda que a primeira fase de obras para a Casa Pastoral Diocesana está concluída mas que para dar seguimento ao projeto são necessário “recursos financeiros”.
“ Para podermos recomeçar estas obras da Casa Pastoral Diocesana, de todos e aberta a todos, na hospitalidade, na espiritualidade e formação, precisamos de muitos e generosos benfeitores”, indicou.
Ambiente: GNR deteve 27 suspeitos de incêndio florestal
Entre 16 e 29 de junho, a Guarda Nacional Republicana (GNR) deteve 27 pessoas por crimes de incêndio florestal, 23 das quais em flagrante delito, registando ainda 108 autos de contraordenação por falta de limpeza de terrenos rurais e florestais.
A Guarda Nacional Republicana (GNR) indicou que entre 16 a 29 de junho, foram elaborados “108 autos de contraordenação na rede secundária das faixas de gestão de combustível, detetados 1.594 crimes de incêndio florestal e detidas 27 pessoas, das quais 23 em flagrante delito, tendo sido ainda identificadas 384 pessoas”.
“Relativamente à realização de queimas e queimadas, foram elaborados 174 autos de contraordenação por queimas e 48 autos de contraordenação por realização de queimadas”, acrescentou a GNR.
De acordo com dados no período homólogo de 2024, de fevereiro até ao fim de junho, a GNR detetou 997 crimes de incêndio florestal, deteve 21 pessoas e identificou 229 suspeitos.
A força de segurança tem em curso, desde 16 de fevereiro, a campanha Floresta Segura 2025, com ações de sensibilização, fiscalização, vigilância e deteção de incêndios rurais, investigação de causas dos crimes de incêndio florestal e validação das áreas ardidas.
A iniciativa visa “prevenir, detetar, combater os incêndios rurais e reprimir atividades ilícitas, procurando garantir a segurança das populações e a preservação do património florestal”, acrescenta-se.
Até 30 de abril, a GNR sinalizou em todo país, 10.417 situações relativamente à falta de gestão de combustível em terrenos rurais e florestais, indicou a força de segurança.
A gestão de combustíveis visa reduzir material vegetal e lenhoso de modo a dificultar a propagação e intensidade do fogo, à volta das habitações e aglomerados populacionais em espaço rural, com a maioria das sinalizações nos distritos de Leiria (2.606), Bragança (1.162), Santarém (941), Coimbra (818) e Viseu (798).
Os 10.417 terrenos sinalizados este ano superaram os 10.256 registados até 31 de maio no ano passado, mas estão abaixo dos 14.319 em 2023, 10.989 em 2022, 14.545 em 2021, 24.227 em 2020 e 31.582 em 2019.
“No âmbito da prevenção, foram realizadas 4.189 ações de sensibilização tendo alcançado 85.073 pessoas com o objetivo da adoção de medidas de autoproteção e uso correto do fogo, por parte das comunidades”, tendo ainda sido adotado um plano de monitorização, sensibilização e fiscalização, informou a GNR.
A força de segurança referiu que “a proteção de pessoas e bens, no âmbito dos incêndios rurais, continua a assumir-se como uma das prioridades estratégicas da GNR”, salientando que “as queimas e queimadas são das principais causas de incêndios” e que a realização de queimadas, queima de amontoados e fogueiras “é interdita sempre que se verifique um nível de perigo de incêndio rural ‘muito elevado’ ou ‘máximo’”, dependendo de autorização ou comunicação prévia noutros períodos.
O Serviço de Proteção da Natureza e Ambiente (Sepna) da GNR, que tem a seu cargo a proteção ambiental e dos animais, gere a Linha SOS Ambiente e Território (808200520), destinada a receber denúncia de infrações ou esclarecimento de dúvidas.
Legalmente, o prazo para a limpeza de terrenos decorre até 30 de abril, mas o Governo prolongou até 31 de maio, devido às condições atmosféricas, e posteriormente por mais 15 dias, até 15 de junho, como pediram as associações do setor.
As infrações à gestão de combustível constituem contraordenações puníveis com coima, de 140 a 5.000 euros para pessoa singular, e de 1.500 a 60.000 euros, no caso de pessoas coletivas.
Uva: Festa assinala a recuperação todos os pombais tradicionais
No sábado, dia 5 de julho, a aldeia de Uva acolhe a terceira edição da “Festa dos Pombais”, um evento cultural organizado pela Palombar, que visa promover o património arquitetónico desta aldeia do concelho de Vimioso, onde existem mais de 40 pombais tradicionais, agora totalmente recuperados.
“O nome da festa é inspirado nestes icónicos edifícios, que fazem parte do património arquitetónico e comunitário, ligados à conservação da natureza e que queremos dar a conhecer, através desta festa que simultaneamente dinamiza a aldeia, nas vertentes cultural, económica a socialmente”, explica a organização do evento,
O programa da festa inclui visitas guiadas aos pombais, teatro, oficinas para crianças, espetáculos musicais e um mercado tradicional, com artesanato e gastronomia.
No ano em que completa um quarto de século (25 anos), a organização não governamental de ambiente Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural avança que vão ser recuperados todos os pombais tradicionais existentes na aldeia de Uva.
“Nos campos de trabalho voluntário internacionais agendados para este mês de julho vai ser concluída a recuperação de todos os pombais da aldeia. Este feito é um marco histórico na conservação do património rural vernacular edificado em Portugal. Além do seu valor patrimonial e sociocultural, estes edifícios cumprem uma função ecológica de promoção da biodiversidade e conservação de espécies ameaçadas, como a águia-de-Bonelli (Aquila fasciata).”, indica a Palombar.
Anualmente, a Festa dos Pombais é organizada pela União de Freguesias de Algoso, Campo de Víboras e Uva e pela Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural, em colaboração com o Município de Vimioso e o apoio da Comissão de Festas de Uva 2025/2026.
Destaques do programa:
Passeio interpretativo e visita guiada aos pombais tradicionais
Vamos percorrer a aldeia de Uva e os seus pombais tradicionais e visitar o "Pombal aberto", o qual permite descobrir o seu interior e mostrar ao detalhe o valor único deste património e a sua função social, cultural e ecológica. A visita será guiada por um técnico especializado da Palombar.
TERRA LIVRE (concerto)
Os Terra Livre lançaram o seu primeiro álbum, "Seeds, Roots, Flowers and Fruits", no princípio de 2019, contando com a participação de Manu Chao e outros ilustres. Uma viagem eclética que parte da World Music para descobrir aquilo a que soa a "Música da Terra". A banda portuguesa dá voz ao movimento ecologista emergente, um movimento espontâneo e natural, sem fronteiras nem líderes, que se manifesta localmente e à escala mundial. Cantando a consciência, a diversidade e a pluralidade a uma só voz, Terra Livre casa simplicidade e psicodelismo, mestiçagem e misticismo, ecologia e ativismo, e cristaliza em música os ensejos. DE L PRAINO À ESTRELA (concerto)
Um projeto de Julieta Silva e Suzana Ruano, duas músicas que se cruzaram no grupo Las Çarandas e que têm partilhado muitos palcos ao longo dos últimos anos. DE L PRAINO À ESTRELA é o ponto de encontro do trabalho a solo das duas músicas dedicado às raízes musicais de cada uma: a Suzana traz a Lhéngua e as cantigas do Planalto Mirandês e a Julieta as da Serra da Estrela e fazem com que se fundam em palco, cruzando os universos culturais das duas geografias.
CADERNO DE DARWIN (workshop de natureza e animação teatral)
O Caderno de Darwin é um Workshop e Animação Teatral com circuito de (re)interpretação da Natureza, através do humor, da expressão plástica, dramática e corporal dinamizados pela associação A Quinta Oficina.
COLUMBA LIVIA SP. DOMESTICA: AGENTE CRÍTICO DE DESCODIFICAÇÃO DE POLÍTICAS ESPACIAIS (conversa pública de apresentação do projeto e vídeo)
Este é um projeto de investigação e criação que propõe um olhar indisciplinar sobre o pombo como agente crítico e interface metabólico de descodificação de dinâmicas espaciais, socioculturais e geopolíticas. Ao longo da história, a relação entre humanos e pombos oscilou entre a veneração e a marginalização. De mensageiros a símbolos de resistência, de espécies-sentinela a praga urbana, os pombos desafiam categorizações rígidas entre domesticado e selvagem, útil e descartável, centro e periferia. O projeto mapeia e ativa ligações transterritoriais entre áreas periféricas rurais e centros urbanos, repensando a interação entre humanos e columbídeos para lá das narrativas convencionais.
De 3 a 12 de julho, Miranda do Douro celebra os 480 anos de elevação da cidade, com a Semana da Cultura Mirandesa, que consiste num programa diversificado de atividades, que começa com a gravação do programa “Terra Nossa”, o Dia da Cidade a 10 de julho e encerra com um espetáculo no Largo do Castelo.
Em 1545, o rei de Portugal, D. João III solicitou a criação de uma diocese no nordeste do país e escolheu a então vila de Miranda do Douro, para ser a sede do novo bispado. O Papa, Paulo III, acedeu ao pedido do rei português e foi assim, que por carta régia de 10 de Julho de 1545, o rei D. João III fez simultaneamente de Miranda do Douro uma cidade.
Volvidos 480 anos, a cidade de Miranda do Douro comemora este feito com um programa de atividades culturais, que se estendem ao longo de 10 dias e incluem a apresentação de livros, concertos musicais, desfile de pendões, homenagens, entre outras iniciativas.
A presidente da Câmara Municipal de Miranda do Douro, Helena Barril, explicou que a Semana da Cultura Mirandesa tem por finalidade criar uma programação para engrandecer o Dia da Cidade, feriado municipal, que se assinala anualmente, a 10 de julho.
«Entre as várias atividades programadas, estão claro está, referências à cultura mirandesa, como o “Desfile dos Pendões”, a apresentação de livros como o “Abecedário Mirandês” e a homenagem a personalidades do concelho. Este ano, o município de Miranda do Douro vai homenagear um antigo funcionário municipal, Eduardo Paulo e a professora, Teresa Subtil. O senhor Eduardo Paulo destacou-se pelo seu trabalho e dedicação, ao longo de várias décadas, ao município de Miranda do Douro. Por sua vez, a professora Teresa Subtil sobressaiu pelo desempenho no ensino, na dedicação aos seus alunos e pelo seu contributo no grupo escolar de danças mistas. Mais recentemente, Teresa Subtil tem-se dedicado à escrita de poesia e tornou-se uma referência na literatura mirandesa”, informou a autarca.
No dia 10 de julho, Dia da Cidade, a comemoração inicia-se às 10h00, com a concentração na praça Dom João III, para o hastear da Bandeira Nacional e o canto do Hino, acompanhados pela Banda Filarmónica Mirandesa. De seguida, no salão nobre da Câmara Municipal, vão ser homenageadas as duas personalidades do concelho de Miranda do Douro, Eduardo Paulo e Teresa Subtil.
Na tarde de 10 de julho, estão programadas duas apresentações de livros: do “Abecedário Mirandês”, da autoria de Ana Afonso, Rui Ricardo e Carlos Ferreira; e das obras do jornalista e escritor, José Rodrigues dos Santos. As comemorações do Dia da Cidade encerram ao serão, na concatedral de Miranda do Douro, com o concerto “O amor bruxo”, do grupo Ópera na Academia e na Cidade.
Nos dias 11 e 12 de julho, os destaques na cidade são a apresentação da obra “Diocese de Bragança – Miranda, as mais belas Igrejas” e o espetáculo “Bezes uito ne l’anfenito”.
Rabanales (Espanha): Trabalhadoras transfronteiriças ganham mais do que em Portugal
A Residência San Salvador, localizada na aldeia de Rabanales, na província de Zamora (Espanha) conta com a colaboração de várias trabalhadoras portuguesas, que neste trabalho diário transfronteiriço, destacam os maiores salários praticados em Espanha, a facilidade das viagens e da comunicação.
A diretora da Residência San Salvador, Maria Soriano, informou que a colaboração de trabalhadoras transfronteiriças começou desde a abertura da instituição, em 2007.
“A região de Aliste, onde está situado Rabanales, está mais próximo de Portugal do que da cidade de Zamora, pelo que, por vezes, é mais fácil contratar pessoas portuguesas do que espanholas”, disse.
À semelhança do que acontece noutras instituições, a Residência San Salvador, em Rabanales, também enfrenta a dificuldade em contratar trabalhadores, nomeadamente auxiliares.
“Temos muita falta de pessoal e ninguém quer vir trabalhar para Rabanales. O salário mínimo na Espanha é de 1184 €/mês, Para trabalhar no cuidado aos idosos é necessária formação, que é dada em formato online e presencial”, informou.
Sobre a mais-valia das trabalhadoras portuguesas, a diretora da Residência San Salvador destacou, desde logo, a capacidade linguística.
“As portuguesas e os portugueses aprendem facilmente o castelhano. É impressionante! Para além disso, destaco a responsabilidade e o profissionalismo“, destacou.
A fisioterapeuta Arlete Martins, natural de Plaaçoulo, no concelho de Miranda do Douro, trabalha na Residência San Salvador, em Rabanales (Espanha), desde 2014.
Como trabalhadora transfronteiriça, acorda diariamente às 7h00, para fazer a viagem de 44 quilómetros, entre Palaçoulo (Portugal) até Rabanales (Espanha). Em 2020 e 2021, aquando da pandemia, com o encerramento das fronteiras terrestres, viu-se obrigada a uma maior deslocação dada a obrigatoriedade de entrar em Espanha, pela fronteira de Quintanilha.
Entre as vantagens e desvantagens de ser-se trabalhadora transfronteiriça, Arlete Martins, referiu que em Espanha o salário mensal é maior. “A maior desvantagem são os perigos na estrada, sobretudo devido à passagem de animais selvagens, como os corços”, indicou a fisioterapeuta portuguesa.
“Para trabalhar em Espanha é obrigatório adquirir o Número de Identificação de Estrangeiro (NIE)”, indicou.
Sobre a comunicação em espanhol, a fisioterapeuta portuguesa referiu que ao longo dos 11 anos na residência sénior, a língua nunca foi um problema.
Por sua vez, a enfermeira, Ana Gonçalves, é natural de aldeia de Sacoias, no concelho de Bragança.
Começou a trabalhar em junho, na Residência San Salvador, o que a obriga a percorrer diariamente cerca de 50 quilómetros até Rabanales (Espanha). Dado que anteriormente trabalhava também num lar de idosos, em Izeda, as deslocações não são um problema.
Sobre a diferença horária entre Portugal e Espanha, Ana Gonçalves, referiu que tem que acordar mais cedo, mas por outro lado, também termina o trabalho mais cedo.
“Aqui em Espanha, se terminar a jornada de trabalho às 15h00, isso significa que em Portugal ainda são só as 14h00. Esta diferença horária permite-me aproveitar melhor o resto do dia para fazer outras atividades”, disse.
Questionada sobre a comunicação com os utentes e colegas na residência sénior, a enfermeira portuguesa, indicou que dada a proximidade geográfica a Espanha, a língua nunca foi um problema e comunica fluentemente em castelhano.
Entre as vantagens de ser-se trabalhadora transfronteiriça, Ana Gonçalves, indicou desde logo o maior salário que aufere em Espanha, comparativamente com Portugal, assim como a valorização da profissão.
“Aqui, na Residência San Salvador, o meu trabalho e responsabilidades estão mais de acordo com a minha profissão de enfermeira. O cuidado às pessoas idosas é um trabalho exigente, mas também é muito gratificante”, disse.
Miranda do Douro: Centro de apoio ao empreendedorismo e inovação social
Foi apresentado a 30 de junho, em Miranda do Douro, um projeto de desenvolvimento dos territórios de baixa densidade populacional, com a criação de um ecossistema de apoio ao empreendedorismo e à inovação social em zonas rurais.
A iniciativa RIHU – Rural Impact Hub é promovida pela associação Rural Move através do programa “Centros Para o Empreendedorismo de Impacto”, promovido pela Portugal Inovação Social, sendo financiada pela União Europeia (UE) e pelo Norte 2030.
Para a presidente da Câmara de Miranda do Douro, Helena Barril, o RIHU pode marcar um ponto de viragem porque se está a passar da teoria à prática em matéria de empreendedorismo social e interioridade.
“Durante anos falou-se muito sobre o problema da interioridade. Agora, estamos finalmente a criar soluções. O município de Miranda do Douro estará sempre ao lado de quem quer construir um território mais dinâmico, inclusivo e sustentável”, salientou a autarca que é citada em comunicado.
Segundo a Rural Move, entidade promotora desta iniciativa, mais do que uma incubadora de ideias, o RIHU quer ser uma ferramenta prática de desenvolvimento local.
“O projeto, com sede em Miranda do Douro, no distrito de Bragança, tem como objetivo ligar todo o território rural, envolvendo empreendedores, associações, instituições de ensino, investidores e líderes comunitários”, indicou esta entidade coordenadora do RIHU.
Andréa Barbosa, gestora desta comunidade RIHU, defende uma estrutura centralizada, sendo que projeto aposta num modelo descentralizado.
“Vamos às freguesias, falamos com as juntas, com as associações, com quem vive e conhece o território e perceber quais são os desafios e os problemas que estes enfrentam”, indicou.
Já o coordenador do projeto, João Almeida, reforçou que “podem dizer que Miranda do Douro está no interior, na periferia, no ponto mais oriental de Portugal, mas com este projeto vai ser o epicentro da inovação social e do empreendedorismo com impacto em contexto rural”.
Esta iniciativa integra para já 35 entidades locais, regionais, nacionais e da vizinha Espanha, entre as quais à Universidade de Trás-os- Montes e Alto Douro, Instituto Politécnico de Bragança, município do Fundão, incubadoras de inovação social de Alfândega da Fé, Tâmega e Sousa, Bragança, Nelas e Vila Real, entre outras entidades ligadas à economia social.
Este tipo de estruturas estão presentes em todo o país como ferramenta de desenvolvimento territorial e de resolução dos problemas sociais existentes, num total de 38 centros.
Esta iniciativa tem como investidores sociais o município de Miranda do Douro, a Movhera e a Caixa de Crédito Agrícola do Douro e Sabor.
Economia: Ministro apela ao aproveitamento dos fundos comunitários
O ministro da Economia e da Coesão Territorial, Castro Almeida, apelou ao “esforço patriótico” de todos os agentes para garantir a máxima execução dos fundos comunitários.
O Portugal 2030 é o Acordo de Parceria estabelecido entre Portugal e a Comissão Europeia, que fixa os grandes objetivos estratégicos para aplicação, entre 2021 e 2027, do montante global de 23 mil M€.
A sua programação é feita em torno de cinco objetivos estratégicos da União Europeia: uma Europa mais inteligente, mais verde, mais conectada, mais social e mais próxima dos cidadãos.
Castro Almeida falava no encerramento do Congresso da Região de Aveiro, perante representantes de autarquias e de várias entidades públicas, reconhecendo que a Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro “já se encontra a executar o pacote financeiro significativo de fundos europeus do programa Centro 2030”.
O programa Portugal 2030 é concretizado através de 12 programas, que atribuem os apoios com base na região onde são desenvolvidos ou na área de atividade onde se inserem.
O Portugal 2030 é implementado através de 12 programas: quatro de âmbito temático – Pessoas 2030, dedicado à Demografia, qualificações e inclusão; COMPETE 2030, dedicado à Inovação e transição digital; Sustentável 2030, dedicado à Ação climática e sustentabilidade e Mar 2030; cinco Regionais, correspondentes às NUTS II do Continente – Norte 2030, Centro 2030, Lisboa 2030, Alentejo 2030 e Algarve 2030; dois das Regiões Autónomas – Açores 2030 e Madeira 2030; e o PAT 2030 – Programa de Assistência Técnica. A estes acrescem os Programas de Cooperação Territorial Europeia em que Portugal participa.
Referindo “a importância de executar depressa e bem os fundos” à disposição, Castro Almeida salientou que “o Estado Português tem um conjunto de metas de execução muito ambiciosa, já este ano”.
“Isso implica que todos – os promotores, as autoridades de Estado, os organismos intermédios, os auditores – estejam bem cientes do seu papel neste compromisso coletivo de não desperdiçarmos um único euro à nossa disposição”.
Elogiando a capacidade exportadora da região de Aveiro e o seu dinamismo económico, Castro Almeida disse que “é importante continuar a colocar o foco no crescimento das exportações e na diversificação de mercadorias como forma de atingir esse objetivo”.
“O Estado deve apostar decididamente nas exportações de bens e serviços, apontando para um valor acima dos 50%, a chegar próximo dos 55%, o que é um objetivo muitíssimo ambicioso, dado que estamos atualmente com 46,5%”, indicou.
É a vocação exportadora da região de Aveiro, conforme referiu, “que faz dela a segunda comunidade intermunicipal do território nacional, logo a seguir à Grande Lisboa, no índice sintético de desenvolvimento regional”.
Meteorologia: Máximos históricos de temperatura em junho
Cerca de um terço das estações meteorológicas de Portugal continental ultrapassaram ou igualaram, no fim de semana de 28 e 29 de junho, os anteriores registos históricos de temperatura máxima, no mês de junho, segundo o IPMA.
No Domingo, dia 29 de junho, foi atingido em Mora, Évora, um novo extremo absoluto para o mês de junho em Portugal continental, com a estação meteorológica a marcar 46,6° centígrados.
O anterior extremo era de 44,9º, registado em Alcácer do Sal no dia 17 de junho de 2017, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
As 31 estações em que foram alcançados ou ultrapassados máximos foram, além de Mora, Alvega com 46º (último máximo era de 45,4), seguido de Alvalade, Coruche, Tomar, Pegões, Avis, Mértola, Santarém, Amareleja, Reguengos, Beja, Proença a Nova, Zebreira, Alcoutim, Estremoz, nelas, Chaves, Cabeceira de Bastos, Moimenta da Beira, Arouca, cabril, Zambujeira, Vila Real, Viseu, Pampilhosa da Serra, Vinhais, Lamas de Mouro, Foía e Montalegre, que alcançou os 34,4 graus (anterior máximo tinha sido de 34º em 20 de junho de 2003.
Na estação de Portalegre foi também ultrapassado, a 29 de junho, o anterior máximo absoluto da temperatura mínima do ar, em junho, com 31,5º.
De acordo com os dados do IPMA, cerca de 82% das estações meteorológicas registaram valores de temperatura máxima do ar superiores a 35°C e cerca de 37% das estações meteorológicas alcançaram valores de temperatura máxima do ar superiores a 40°C.
Esta análise é feita a partir da rede do IPMA, composta por 90 estações meteorológicas automáticas no continente.
Entre 27 e 30 de junho, vários distritos estiveram em aviso vermelho, o mais elevado devido às altas temperaturas, motivadas por uma massa uma massa de ar proveniente do norte de África, favorável a uma situação meteorológica de tempo muito quente e seco.
Os distritos em causa foram os de Lisboa, Setúbal, Santarém, Évora, Beja, Castelo Branco e Portalegre.
«A cooperação transfronteiriça começa com pequenas atividades, com um torneio desportivo, um sarau cultural ou uma feira comercial» – David Carrión
Para assinalar os 40 anos de adesão conjunta de Espanha e Portugal à União Europeia, o jornal Terra de Miranda – Notícias foi até Alcanices (Espanha), entrevistar o jovem alcaide, David Gallardo Carrión, que seguindo o exemplo do seu avô, Tomás Carrión, decidiu dedicar-se à política para desenvolver esta localidade fronteiriça, célebre pela assinatura do Tratado em 1297.
Terra de Miranda Notícias.: David Gallardo Carrión, nasceu em 2 de novembro de 1985. É licenciado em Administração e Direção de Empresas (UNIR), concluiu uma pós-graduação em Análise Económica do Direito e Políticas Públicas e um mestrado em Ciências Empresariais (USAL). No âmbito do ensino, licenciou-se e concluiu uma pós-graducação como professor do ensino secundário. Quando decidiu dedicar-se à política.?
David Gallardo Carrión: O meu avô, Tomás Carrión, foi alcaide de Alcanices entre os anos 1968 até 1979. E depois entre 1983 e 2013, ano do seu falecimento. Inspirado pelo exemplo do meu avô e porque o acompanhei de perto nos últimos anos, nasceu também em mim esta vontade de dedicar-me à política. Entre 2013 e 2023, apercebi-me de que Alcanices estagnou e decidi candidatar-me a alcaide, obtendo uma grande vitória, com 75% dos votos.
T.M.N.: A 17 de julho de 2023 foi eleito alcaide do Ajuntamento de Alcanices. Quais são as tarefas e responsabilidades de um alcaide?
D. G. C.: Em primeiro lugar, é importante dizer que um alcaide de uma pequena união de freguesias como é a de Alcanices, não é remunerado. Sobre as responsabilidades e tarefas de um alcaide é a gestão do dia-a-dia da união de freguesias, ter as contas organizadas, gerir bem o orçamento e não ter dívidas. Outra responsabilidade é estar atento e responder às necessidades dos mais mil habitantes da união de freguesias, que é constituída pela vila de Alcanices e pelas aldeias de Alcorcilho, Vivinera e Santa Ana.
T.M.N.: Quais são as mais valias e os desafios de Alcanices? Quais são as principais atividades económicas desta localidade fronteiriça?
D. G. C.: Alcanices é uma vila que dispõe de todos os serviços públicos na educação, na saúde e na administração pública. No ensino, por exemplo, uma criança pode estudar em Alcanices desde a creche até ao final do secundário, ou seja, até ao ingresso na universidade. As atividades económicas mais desenvolvidas em Alcanices são desde logo o comércio e os serviços, dado que é uma localidade fronteiriça. A agricultura e a pecuária continuam a ter importância, no entanto há cada vez menos pessoas a dedicarem-se à agropecuária. O atual executivo da união de freguesias pretende desenvolver a zona industrial e desde que iniciámos o trabalho já foram vendidas oito parcelas das 18 disponíveis. Aí, também queremos instalar um centro de inspeção técnica de veículos.
T.M.N.: Porquê a dificuldade em atrair os jovens para a agricultura e a pecuária?
D. G. C.: Em Alcanices, ainda há dois ou três jovens que se dedicam à agropecuária, graças à tradição familiar. Estou convencido de que só quem nasce num ambiente agrícola e de criação de gado, é capaz de dedicar-se a estas atividades, porque é um trabalho duro e escravo, isto é, ocupa-te 365 dias por ano. Para além disso, são atividades económicas que dependem das condições meteorológicas, o que faz com que haja anos difíceis e outros mais rentáveis. Outra razão para a dificuldade em incentivar os jovens a dedicarem-se à agropecuária é o elevado custo do investimento para montar uma exploração, com os terenos, maquinaria e outras despesas.
T.M.N.: Simultaneamente, David Carrión é também presidente do grupo de Ação Local “Associación para el Desarrollo de Aliste, Tábara y Alba” (Adata). Que associação é esta? E qual é a sua missão?
D. G. C.: A associação Adata tem por missão apoiar pequenos empresários a candidatarem-se a fundos europeus para desenvolverem os seus negócios. Atualmente, para as regiões de Alista, Tábara e Alba estão destinados dois milhões e oitocentos mil euros, que já estão atribuídos, alguns dos quais a 60%.
T.M.N.: A provincia de Zamora e o distrito de Bragança têm muito em comum, como expressões linguísticas, culturais, etnográficas e também sofrem dos mesmos problemas como o despovoamento. O que está a fazer o Ajuntamento de Alcanices para repovoar as localidades?
D. G. C.: Em 2025, a vila de Alcanices foi a localidade da província de Zamora que mais aumentou a população, com a chegada de 58 novos habitantes, a maioria imigrantes vindos de países da América do Sul, como a Colômbia e a Venezuela. Estes novos habitantes trabalham na restauração, nos lares de idosos e na assistência ao domicílio. Na minha perspectiva, este afluxo de gente também é um indicador de que Alcanices está a desenvolver-se económica e socialmente.
T.M.N.: À semelhança do que acontece no município de Vimioso também apoiam a natalidade?
D. G. C.: Sim, para apoiar a natalidade atribuímos 200 euros por criança nascida em Alcanices. É uma pequena ajuda que serve de complemento aos apoios dos governos regional e provincial. Mas mais importante do que o dinheiro, o Ajuntamento de Alcanices pretende oferecer às famílias todos os serviços essenciais para a sua qualidade de vida, no ensino, na educação e na administração pública. Alcañices, graças a Deus, é uma vila com vida, com, movimento e com oportunidades de trabalho. Atualmente, há falta de trabalhadores para a limpeza da floresta e na construção civil. Outro problema que temos é a falta de habitação.
T.M.N.: Que importância têm as associações locais?
D.G. C.: Em Alcanices há várias associações que dinamizam a vida desportiva, recreativa e cultural. Indico, por exemplo, a Associação Cultural de Amigos de Alcanices ou a Associação de Gigantilhas que organizam atividades na localidade ou representam a localidade fora de portas.
T.M.N.: No passado dia 29 de mayo, Alcanices acolheu o fórum “Praças da Europa”, para celebrar os 40 anos da assinatura de adesão de Espanha e Portugal à Unión Europea. Entre os dois países já não há fronteiras físicas e as relações estão mais próximas entre espanhóis e portugueses. O que falta fazer para incrementar as relaçóes transfronteiriças? Entre Alcanices e Vimioso, por exemplo?
D. G. C.: Entre as localidades fronteiriças como com Avelanoso e São Martinho de Angueira sempre houve boas relações e a prova é a grande quantidade de casamentos entre espanhóis e portugueses. Inclusive a minha mãe é portuguesa, sendo natural de Algoso, no concelho de Vimioso. Para desenvolver as relações transfronteiriças creio que o caminho começa por realizar pequenas iniciativas em conjunto, como um torneio desportivo, um sarau cultural ou uma feira comercial.
T.M.N.: Seria possível realizar uma feira anual conjunta, entre Alcanices e Vimioso, para dar a conhecer a gastronomia, os produtos locais, as tradições e a música?
D: G. C.: No passado recente, através da associação Adata já organizámos uma feira denominada “Contrabando”, destacando os produtos que antigamente se transacionavam entre Espanha e Portugal. Atualmente, concordo que a gastronomia e os produtos locais são duas das principais atrações turísticas, quer do lado espanhol, quer do lado português. Portanto, é uma ideia que merece uma reflexão conjunta entre as localidades de Espanha e Portugal.
T.M.N.: E que cooperação se poderia realizar no âmbito da cultura?
D: G. C.: Dou o exemplo de que todos os anos, na Festa de Nossa Senhora da Assunção, em Alcanices, tem como convidados os pauliteiros de São Martinho de Angueira. No mesmo sentido, a Escola de Música Etnográfica Manteos e Monteras também têm tido uma grande aceitação em Portugal.
T.M.N.: A vila de Alcanices ficou conhecida pela assinatura do tratado de Alcanices, em 1297, entre o rei de Castela, Fernando IV e o rei de Portugal, Dom Dinis. Este legado histórico tem sido bem aproveitado para promover o turismo local?
D: G. C.: Não, a importância histórica de Alcanices não estava a ser bem aproveitada. Por essa razão, já está em marcha um projeto para instalar no posto de turismo, um centro interpretativo do Tratado de Alcanices. Outra iniciativa que estamos a preparar são os 730 anos da assinatura do Tratado de Alcanices, que se celebram em 2027. Para tal e em colaboração, com a Fundação Rei Afonso Henriques, estamos a planear uma série de atividades que vão desde estudos universitários, em Espanha e Portugal, sobre o Tratado de Alcanices. E à semelhança do que aconteceu em 1997, pretendemos voltar a convidar o Rei de Espanha e o Presidente de República de Portugal para a cerimónia comemorativa. Todas estas iniciativas visam aproveitar esta enorme riqueza histórica e cultural de Alcanices.
T.M.N.: O que há mais para visitar em Alcanices?
D: G. C.: Ainda no âmbito cultural, os locais de maior interesse em Alcanices, são o claustro do Concento de São Francisco e a antiga muralha, onde está situada a torre do Relógio, considerada o símbolo de Alcanices. No verão, sobretudo no mês de agosto, há muitas atividades culturais e concertos, para todas as idades. Antes, nos dias 1, 2 e 3 de julho celebram-se as festas de Nossa Senhora da Saúde.
T.M.N.: Já está em construção a futura auto-estrada A11 – Duero, que vai ligar Portugal à cidade de Zamora. Atualmente, a vila de Alcanices é um ponto de passagem com muito trânsito, sobretudo de camiões. A auto-estrada é um bom ou mau investimento para Alcanices?
D: G. C.: Do ponto de vista da segurança, a auto-estrada é uma necessidade, dado que a atual estrada nacional 122, que liga a fronteira de Quintanilha até Zamora, é um perigo pela grande quantidade de acidentes rodoviários aí ocorridos e de mortes. Outro problema é a passagem contínua de camiões pelo centro de Alcañices, o que causa ruído e poluição. Desde a abetura do túnel do Marão, em 2016, a quantidade de camiões que passam por Alcanices aumentou exponencialmente. Outra vantagem da autoestrada é a facilidade e rapidez em chegar a Alcaníces, vindos de outras localidades para deesfrutar da natureza, da gastronomia e da qualidade de vida do meio rural.
T.M.N.: Mas a auto-estrada também poderá afastar gente de Alcanices?
D: G. C.: Sim, da perspectiva económica, a autoestrada provavelmente vai afastar automobilistas de Alcanices e portanto causará um decréscimo nos negócios. Ainda assim, sublinho que Alcanices é uma localidade fronteiriça que vive muito do comércio local, sobretudo com Portugal. Em suma, a autoestrada traz prós e contras e portanto teremos que trabalhar para encontrar respostas para minimizar as contrariedades. Ainda assim, prevê-se que a construção da auto estrada A11 – Duero demore 10 anos, ou seja, só em 2035 estará concluída.