De 3 a 12 de julho, Miranda do Douro celebra os 480 anos de elevação da cidade, com a Semana da Cultura Mirandesa, que consiste num programa diversificado de atividades, que começa com a gravação do programa “Terra Nossa”, o Dia da Cidade a 10 de julho e encerra com um espetáculo no Largo do Castelo.
Em 1545, o rei de Portugal, D. João III solicitou a criação de uma diocese no nordeste do país e escolheu a então vila de Miranda do Douro, para ser a sede do novo bispado. O Papa, Paulo III, acedeu ao pedido do rei português e foi assim, que por carta régia de 10 de Julho de 1545, o rei D. João III fez simultaneamente de Miranda do Douro uma cidade.
Volvidos 480 anos, a cidade de Miranda do Douro comemora este feito com um programa de atividades culturais, que se estendem ao longo de 10 dias e incluem a apresentação de livros, concertos musicais, desfile de pendões, homenagens, entre outras iniciativas.
A presidente da Câmara Municipal de Miranda do Douro, Helena Barril, explicou que a Semana da Cultura Mirandesa tem por finalidade criar uma programação para engrandecer o Dia da Cidade, feriado municipal, que se assinala anualmente, a 10 de julho.
«Entre as várias atividades programadas, estão claro está, referências à cultura mirandesa, como o “Desfile dos Pendões”, a apresentação de livros como o “Abecedário Mirandês” e a homenagem a personalidades do concelho. Este ano, o município de Miranda do Douro vai homenagear um antigo funcionário municipal, Eduardo Paulo e a professora, Teresa Subtil. O senhor Eduardo Paulo destacou-se pelo seu trabalho e dedicação, ao longo de várias décadas, ao município de Miranda do Douro. Por sua vez, a professora Teresa Subtil sobressaiu pelo desempenho no ensino, na dedicação aos seus alunos e pelo seu contributo no grupo escolar de danças mistas. Mais recentemente, Teresa Subtil tem-se dedicado à escrita de poesia e tornou-se uma referência na literatura mirandesa”, informou a autarca.
No dia 10 de julho, Dia da Cidade, a comemoração inicia-se às 10h00, com a concentração na praça Dom João III, para o hastear da Bandeira Nacional e o canto do Hino, acompanhados pela Banda Filarmónica Mirandesa. De seguida, no salão nobre da Câmara Municipal, vão ser homenageadas as duas personalidades do concelho de Miranda do Douro, Eduardo Paulo e Teresa Subtil.
Na tarde de 10 de julho, estão programadas duas apresentações de livros: do “Abecedário Mirandês”, da autoria de Ana Afonso, Rui Ricardo e Carlos Ferreira; e das obras do jornalista e escritor, José Rodrigues dos Santos. As comemorações do Dia da Cidade encerram ao serão, na concatedral de Miranda do Douro, com o concerto “O amor bruxo”, do grupo Ópera na Academia e na Cidade.
Nos dias 11 e 12 de julho, os destaques na cidade são a apresentação da obra “Diocese de Bragança – Miranda, as mais belas Igrejas” e o espetáculo “Bezes uito ne l’anfenito”.
Rabanales (Espanha): Trabalhadoras transfronteiriças ganham mais do que em Portugal
A Residência San Salvador, localizada na aldeia de Rabanales, na província de Zamora (Espanha) conta com a colaboração de várias trabalhadoras portuguesas, que neste trabalho diário transfronteiriço, destacam os maiores salários praticados em Espanha, a facilidade das viagens e da comunicação.
A diretora da Residência San Salvador, Maria Soriano, informou que a colaboração de trabalhadoras transfronteiriças começou desde a abertura da instituição, em 2007.
“A região de Aliste, onde está situado Rabanales, está mais próximo de Portugal do que da cidade de Zamora, pelo que, por vezes, é mais fácil contratar pessoas portuguesas do que espanholas”, disse.
À semelhança do que acontece noutras instituições, a Residência San Salvador, em Rabanales, também enfrenta a dificuldade em contratar trabalhadores, nomeadamente auxiliares.
“Temos muita falta de pessoal e ninguém quer vir trabalhar para Rabanales. O salário mínimo na Espanha é de 1184 €/mês, Para trabalhar no cuidado aos idosos é necessária formação, que é dada em formato online e presencial”, informou.
Sobre a mais-valia das trabalhadoras portuguesas, a diretora da Residência San Salvador destacou, desde logo, a capacidade linguística.
“As portuguesas e os portugueses aprendem facilmente o castelhano. É impressionante! Para além disso, destaco a responsabilidade e o profissionalismo“, destacou.
A fisioterapeuta Arlete Martins, natural de Plaaçoulo, no concelho de Miranda do Douro, trabalha na Residência San Salvador, em Rabanales (Espanha), desde 2014.
Como trabalhadora transfronteiriça, acorda diariamente às 7h00, para fazer a viagem de 44 quilómetros, entre Palaçoulo (Portugal) até Rabanales (Espanha). Em 2020 e 2021, aquando da pandemia, com o encerramento das fronteiras terrestres, viu-se obrigada a uma maior deslocação dada a obrigatoriedade de entrar em Espanha, pela fronteira de Quintanilha.
Entre as vantagens e desvantagens de ser-se trabalhadora transfronteiriça, Arlete Martins, referiu que em Espanha o salário mensal é maior. “A maior desvantagem são os perigos na estrada, sobretudo devido à passagem de animais selvagens, como os corços”, indicou a fisioterapeuta portuguesa.
“Para trabalhar em Espanha é obrigatório adquirir o Número de Identificação de Estrangeiro (NIE)”, indicou.
Sobre a comunicação em espanhol, a fisioterapeuta portuguesa referiu que ao longo dos 11 anos na residência sénior, a língua nunca foi um problema.
Por sua vez, a enfermeira, Ana Gonçalves, é natural de aldeia de Sacoias, no concelho de Bragança.
Começou a trabalhar em junho, na Residência San Salvador, o que a obriga a percorrer diariamente cerca de 50 quilómetros até Rabanales (Espanha). Dado que anteriormente trabalhava também num lar de idosos, em Izeda, as deslocações não são um problema.
Sobre a diferença horária entre Portugal e Espanha, Ana Gonçalves, referiu que tem que acordar mais cedo, mas por outro lado, também termina o trabalho mais cedo.
“Aqui em Espanha, se terminar a jornada de trabalho às 15h00, isso significa que em Portugal ainda são só as 14h00. Esta diferença horária permite-me aproveitar melhor o resto do dia para fazer outras atividades”, disse.
Questionada sobre a comunicação com os utentes e colegas na residência sénior, a enfermeira portuguesa, indicou que dada a proximidade geográfica a Espanha, a língua nunca foi um problema e comunica fluentemente em castelhano.
Entre as vantagens de ser-se trabalhadora transfronteiriça, Ana Gonçalves, indicou desde logo o maior salário que aufere em Espanha, comparativamente com Portugal, assim como a valorização da profissão.
“Aqui, na Residência San Salvador, o meu trabalho e responsabilidades estão mais de acordo com a minha profissão de enfermeira. O cuidado às pessoas idosas é um trabalho exigente, mas também é muito gratificante”, disse.
Miranda do Douro: Centro de apoio ao empreendedorismo e inovação social
Foi apresentado a 30 de junho, em Miranda do Douro, um projeto de desenvolvimento dos territórios de baixa densidade populacional, com a criação de um ecossistema de apoio ao empreendedorismo e à inovação social em zonas rurais.
A iniciativa RIHU – Rural Impact Hub é promovida pela associação Rural Move através do programa “Centros Para o Empreendedorismo de Impacto”, promovido pela Portugal Inovação Social, sendo financiada pela União Europeia (UE) e pelo Norte 2030.
Para a presidente da Câmara de Miranda do Douro, Helena Barril, o RIHU pode marcar um ponto de viragem porque se está a passar da teoria à prática em matéria de empreendedorismo social e interioridade.
“Durante anos falou-se muito sobre o problema da interioridade. Agora, estamos finalmente a criar soluções. O município de Miranda do Douro estará sempre ao lado de quem quer construir um território mais dinâmico, inclusivo e sustentável”, salientou a autarca que é citada em comunicado.
Segundo a Rural Move, entidade promotora desta iniciativa, mais do que uma incubadora de ideias, o RIHU quer ser uma ferramenta prática de desenvolvimento local.
“O projeto, com sede em Miranda do Douro, no distrito de Bragança, tem como objetivo ligar todo o território rural, envolvendo empreendedores, associações, instituições de ensino, investidores e líderes comunitários”, indicou esta entidade coordenadora do RIHU.
Andréa Barbosa, gestora desta comunidade RIHU, defende uma estrutura centralizada, sendo que projeto aposta num modelo descentralizado.
“Vamos às freguesias, falamos com as juntas, com as associações, com quem vive e conhece o território e perceber quais são os desafios e os problemas que estes enfrentam”, indicou.
Já o coordenador do projeto, João Almeida, reforçou que “podem dizer que Miranda do Douro está no interior, na periferia, no ponto mais oriental de Portugal, mas com este projeto vai ser o epicentro da inovação social e do empreendedorismo com impacto em contexto rural”.
Esta iniciativa integra para já 35 entidades locais, regionais, nacionais e da vizinha Espanha, entre as quais à Universidade de Trás-os- Montes e Alto Douro, Instituto Politécnico de Bragança, município do Fundão, incubadoras de inovação social de Alfândega da Fé, Tâmega e Sousa, Bragança, Nelas e Vila Real, entre outras entidades ligadas à economia social.
Este tipo de estruturas estão presentes em todo o país como ferramenta de desenvolvimento territorial e de resolução dos problemas sociais existentes, num total de 38 centros.
Esta iniciativa tem como investidores sociais o município de Miranda do Douro, a Movhera e a Caixa de Crédito Agrícola do Douro e Sabor.
Economia: Ministro apela ao aproveitamento dos fundos comunitários
O ministro da Economia e da Coesão Territorial, Castro Almeida, apelou ao “esforço patriótico” de todos os agentes para garantir a máxima execução dos fundos comunitários.
O Portugal 2030 é o Acordo de Parceria estabelecido entre Portugal e a Comissão Europeia, que fixa os grandes objetivos estratégicos para aplicação, entre 2021 e 2027, do montante global de 23 mil M€.
A sua programação é feita em torno de cinco objetivos estratégicos da União Europeia: uma Europa mais inteligente, mais verde, mais conectada, mais social e mais próxima dos cidadãos.
Castro Almeida falava no encerramento do Congresso da Região de Aveiro, perante representantes de autarquias e de várias entidades públicas, reconhecendo que a Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro “já se encontra a executar o pacote financeiro significativo de fundos europeus do programa Centro 2030”.
O programa Portugal 2030 é concretizado através de 12 programas, que atribuem os apoios com base na região onde são desenvolvidos ou na área de atividade onde se inserem.
O Portugal 2030 é implementado através de 12 programas: quatro de âmbito temático – Pessoas 2030, dedicado à Demografia, qualificações e inclusão; COMPETE 2030, dedicado à Inovação e transição digital; Sustentável 2030, dedicado à Ação climática e sustentabilidade e Mar 2030; cinco Regionais, correspondentes às NUTS II do Continente – Norte 2030, Centro 2030, Lisboa 2030, Alentejo 2030 e Algarve 2030; dois das Regiões Autónomas – Açores 2030 e Madeira 2030; e o PAT 2030 – Programa de Assistência Técnica. A estes acrescem os Programas de Cooperação Territorial Europeia em que Portugal participa.
Referindo “a importância de executar depressa e bem os fundos” à disposição, Castro Almeida salientou que “o Estado Português tem um conjunto de metas de execução muito ambiciosa, já este ano”.
“Isso implica que todos – os promotores, as autoridades de Estado, os organismos intermédios, os auditores – estejam bem cientes do seu papel neste compromisso coletivo de não desperdiçarmos um único euro à nossa disposição”.
Elogiando a capacidade exportadora da região de Aveiro e o seu dinamismo económico, Castro Almeida disse que “é importante continuar a colocar o foco no crescimento das exportações e na diversificação de mercadorias como forma de atingir esse objetivo”.
“O Estado deve apostar decididamente nas exportações de bens e serviços, apontando para um valor acima dos 50%, a chegar próximo dos 55%, o que é um objetivo muitíssimo ambicioso, dado que estamos atualmente com 46,5%”, indicou.
É a vocação exportadora da região de Aveiro, conforme referiu, “que faz dela a segunda comunidade intermunicipal do território nacional, logo a seguir à Grande Lisboa, no índice sintético de desenvolvimento regional”.
Meteorologia: Máximos históricos de temperatura em junho
Cerca de um terço das estações meteorológicas de Portugal continental ultrapassaram ou igualaram, no fim de semana de 28 e 29 de junho, os anteriores registos históricos de temperatura máxima, no mês de junho, segundo o IPMA.
No Domingo, dia 29 de junho, foi atingido em Mora, Évora, um novo extremo absoluto para o mês de junho em Portugal continental, com a estação meteorológica a marcar 46,6° centígrados.
O anterior extremo era de 44,9º, registado em Alcácer do Sal no dia 17 de junho de 2017, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
As 31 estações em que foram alcançados ou ultrapassados máximos foram, além de Mora, Alvega com 46º (último máximo era de 45,4), seguido de Alvalade, Coruche, Tomar, Pegões, Avis, Mértola, Santarém, Amareleja, Reguengos, Beja, Proença a Nova, Zebreira, Alcoutim, Estremoz, nelas, Chaves, Cabeceira de Bastos, Moimenta da Beira, Arouca, cabril, Zambujeira, Vila Real, Viseu, Pampilhosa da Serra, Vinhais, Lamas de Mouro, Foía e Montalegre, que alcançou os 34,4 graus (anterior máximo tinha sido de 34º em 20 de junho de 2003.
Na estação de Portalegre foi também ultrapassado, a 29 de junho, o anterior máximo absoluto da temperatura mínima do ar, em junho, com 31,5º.
De acordo com os dados do IPMA, cerca de 82% das estações meteorológicas registaram valores de temperatura máxima do ar superiores a 35°C e cerca de 37% das estações meteorológicas alcançaram valores de temperatura máxima do ar superiores a 40°C.
Esta análise é feita a partir da rede do IPMA, composta por 90 estações meteorológicas automáticas no continente.
Entre 27 e 30 de junho, vários distritos estiveram em aviso vermelho, o mais elevado devido às altas temperaturas, motivadas por uma massa uma massa de ar proveniente do norte de África, favorável a uma situação meteorológica de tempo muito quente e seco.
Os distritos em causa foram os de Lisboa, Setúbal, Santarém, Évora, Beja, Castelo Branco e Portalegre.
«A cooperação transfronteiriça começa com pequenas atividades, com um torneio desportivo, um sarau cultural ou uma feira comercial» – David Carrión
Para assinalar os 40 anos de adesão conjunta de Espanha e Portugal à União Europeia, o jornal Terra de Miranda – Notícias foi até Alcanices (Espanha), entrevistar o jovem alcaide, David Gallardo Carrión, que seguindo o exemplo do seu avô, Tomás Carrión, decidiu dedicar-se à política para desenvolver esta localidade fronteiriça, célebre pela assinatura do Tratado em 1297.
Terra de Miranda Notícias.: David Gallardo Carrión, nasceu em 2 de novembro de 1985. É licenciado em Administração e Direção de Empresas (UNIR), concluiu uma pós-graduação em Análise Económica do Direito e Políticas Públicas e um mestrado em Ciências Empresariais (USAL). No âmbito do ensino, licenciou-se e concluiu uma pós-graducação como professor do ensino secundário. Quando decidiu dedicar-se à política.?
David Gallardo Carrión: O meu avô, Tomás Carrión, foi alcaide de Alcanices entre os anos 1968 até 1979. E depois entre 1983 e 2013, ano do seu falecimento. Inspirado pelo exemplo do meu avô e porque o acompanhei de perto nos últimos anos, nasceu também em mim esta vontade de dedicar-me à política. Entre 2013 e 2023, apercebi-me de que Alcanices estagnou e decidi candidatar-me a alcaide, obtendo uma grande vitória, com 75% dos votos.
T.M.N.: A 17 de julho de 2023 foi eleito alcaide do Ajuntamento de Alcanices. Quais são as tarefas e responsabilidades de um alcaide?
D. G. C.: Em primeiro lugar, é importante dizer que um alcaide de uma pequena união de freguesias como é a de Alcanices, não é remunerado. Sobre as responsabilidades e tarefas de um alcaide é a gestão do dia-a-dia da união de freguesias, ter as contas organizadas, gerir bem o orçamento e não ter dívidas. Outra responsabilidade é estar atento e responder às necessidades dos mais mil habitantes da união de freguesias, que é constituída pela vila de Alcanices e pelas aldeias de Alcorcilho, Vivinera e Santa Ana.
T.M.N.: Quais são as mais valias e os desafios de Alcanices? Quais são as principais atividades económicas desta localidade fronteiriça?
D. G. C.: Alcanices é uma vila que dispõe de todos os serviços públicos na educação, na saúde e na administração pública. No ensino, por exemplo, uma criança pode estudar em Alcanices desde a creche até ao final do secundário, ou seja, até ao ingresso na universidade. As atividades económicas mais desenvolvidas em Alcanices são desde logo o comércio e os serviços, dado que é uma localidade fronteiriça. A agricultura e a pecuária continuam a ter importância, no entanto há cada vez menos pessoas a dedicarem-se à agropecuária. O atual executivo da união de freguesias pretende desenvolver a zona industrial e desde que iniciámos o trabalho já foram vendidas oito parcelas das 18 disponíveis. Aí, também queremos instalar um centro de inspeção técnica de veículos.
T.M.N.: Porquê a dificuldade em atrair os jovens para a agricultura e a pecuária?
D. G. C.: Em Alcanices, ainda há dois ou três jovens que se dedicam à agropecuária, graças à tradição familiar. Estou convencido de que só quem nasce num ambiente agrícola e de criação de gado, é capaz de dedicar-se a estas atividades, porque é um trabalho duro e escravo, isto é, ocupa-te 365 dias por ano. Para além disso, são atividades económicas que dependem das condições meteorológicas, o que faz com que haja anos difíceis e outros mais rentáveis. Outra razão para a dificuldade em incentivar os jovens a dedicarem-se à agropecuária é o elevado custo do investimento para montar uma exploração, com os terenos, maquinaria e outras despesas.
T.M.N.: Simultaneamente, David Carrión é também presidente do grupo de Ação Local “Associación para el Desarrollo de Aliste, Tábara y Alba” (Adata). Que associação é esta? E qual é a sua missão?
D. G. C.: A associação Adata tem por missão apoiar pequenos empresários a candidatarem-se a fundos europeus para desenvolverem os seus negócios. Atualmente, para as regiões de Alista, Tábara e Alba estão destinados dois milhões e oitocentos mil euros, que já estão atribuídos, alguns dos quais a 60%.
T.M.N.: A provincia de Zamora e o distrito de Bragança têm muito em comum, como expressões linguísticas, culturais, etnográficas e também sofrem dos mesmos problemas como o despovoamento. O que está a fazer o Ajuntamento de Alcanices para repovoar as localidades?
D. G. C.: Em 2025, a vila de Alcanices foi a localidade da província de Zamora que mais aumentou a população, com a chegada de 58 novos habitantes, a maioria imigrantes vindos de países da América do Sul, como a Colômbia e a Venezuela. Estes novos habitantes trabalham na restauração, nos lares de idosos e na assistência ao domicílio. Na minha perspectiva, este afluxo de gente também é um indicador de que Alcanices está a desenvolver-se económica e socialmente.
T.M.N.: À semelhança do que acontece no município de Vimioso também apoiam a natalidade?
D. G. C.: Sim, para apoiar a natalidade atribuímos 200 euros por criança nascida em Alcanices. É uma pequena ajuda que serve de complemento aos apoios dos governos regional e provincial. Mas mais importante do que o dinheiro, o Ajuntamento de Alcanices pretende oferecer às famílias todos os serviços essenciais para a sua qualidade de vida, no ensino, na educação e na administração pública. Alcañices, graças a Deus, é uma vila com vida, com, movimento e com oportunidades de trabalho. Atualmente, há falta de trabalhadores para a limpeza da floresta e na construção civil. Outro problema que temos é a falta de habitação.
T.M.N.: Que importância têm as associações locais?
D.G. C.: Em Alcanices há várias associações que dinamizam a vida desportiva, recreativa e cultural. Indico, por exemplo, a Associação Cultural de Amigos de Alcanices ou a Associação de Gigantilhas que organizam atividades na localidade ou representam a localidade fora de portas.
T.M.N.: No passado dia 29 de mayo, Alcanices acolheu o fórum “Praças da Europa”, para celebrar os 40 anos da assinatura de adesão de Espanha e Portugal à Unión Europea. Entre os dois países já não há fronteiras físicas e as relações estão mais próximas entre espanhóis e portugueses. O que falta fazer para incrementar as relaçóes transfronteiriças? Entre Alcanices e Vimioso, por exemplo?
D. G. C.: Entre as localidades fronteiriças como com Avelanoso e São Martinho de Angueira sempre houve boas relações e a prova é a grande quantidade de casamentos entre espanhóis e portugueses. Inclusive a minha mãe é portuguesa, sendo natural de Algoso, no concelho de Vimioso. Para desenvolver as relações transfronteiriças creio que o caminho começa por realizar pequenas iniciativas em conjunto, como um torneio desportivo, um sarau cultural ou uma feira comercial.
T.M.N.: Seria possível realizar uma feira anual conjunta, entre Alcanices e Vimioso, para dar a conhecer a gastronomia, os produtos locais, as tradições e a música?
D: G. C.: No passado recente, através da associação Adata já organizámos uma feira denominada “Contrabando”, destacando os produtos que antigamente se transacionavam entre Espanha e Portugal. Atualmente, concordo que a gastronomia e os produtos locais são duas das principais atrações turísticas, quer do lado espanhol, quer do lado português. Portanto, é uma ideia que merece uma reflexão conjunta entre as localidades de Espanha e Portugal.
T.M.N.: E que cooperação se poderia realizar no âmbito da cultura?
D: G. C.: Dou o exemplo de que todos os anos, na Festa de Nossa Senhora da Assunção, em Alcanices, tem como convidados os pauliteiros de São Martinho de Angueira. No mesmo sentido, a Escola de Música Etnográfica Manteos e Monteras também têm tido uma grande aceitação em Portugal.
T.M.N.: A vila de Alcanices ficou conhecida pela assinatura do tratado de Alcanices, em 1297, entre o rei de Castela, Fernando IV e o rei de Portugal, Dom Dinis. Este legado histórico tem sido bem aproveitado para promover o turismo local?
D: G. C.: Não, a importância histórica de Alcanices não estava a ser bem aproveitada. Por essa razão, já está em marcha um projeto para instalar no posto de turismo, um centro interpretativo do Tratado de Alcanices. Outra iniciativa que estamos a preparar são os 730 anos da assinatura do Tratado de Alcanices, que se celebram em 2027. Para tal e em colaboração, com a Fundação Rei Afonso Henriques, estamos a planear uma série de atividades que vão desde estudos universitários, em Espanha e Portugal, sobre o Tratado de Alcanices. E à semelhança do que aconteceu em 1997, pretendemos voltar a convidar o Rei de Espanha e o Presidente de República de Portugal para a cerimónia comemorativa. Todas estas iniciativas visam aproveitar esta enorme riqueza histórica e cultural de Alcanices.
T.M.N.: O que há mais para visitar em Alcanices?
D: G. C.: Ainda no âmbito cultural, os locais de maior interesse em Alcanices, são o claustro do Concento de São Francisco e a antiga muralha, onde está situada a torre do Relógio, considerada o símbolo de Alcanices. No verão, sobretudo no mês de agosto, há muitas atividades culturais e concertos, para todas as idades. Antes, nos dias 1, 2 e 3 de julho celebram-se as festas de Nossa Senhora da Saúde.
T.M.N.: Já está em construção a futura auto-estrada A11 – Duero, que vai ligar Portugal à cidade de Zamora. Atualmente, a vila de Alcanices é um ponto de passagem com muito trânsito, sobretudo de camiões. A auto-estrada é um bom ou mau investimento para Alcanices?
D: G. C.: Do ponto de vista da segurança, a auto-estrada é uma necessidade, dado que a atual estrada nacional 122, que liga a fronteira de Quintanilha até Zamora, é um perigo pela grande quantidade de acidentes rodoviários aí ocorridos e de mortes. Outro problema é a passagem contínua de camiões pelo centro de Alcañices, o que causa ruído e poluição. Desde a abetura do túnel do Marão, em 2016, a quantidade de camiões que passam por Alcanices aumentou exponencialmente. Outra vantagem da autoestrada é a facilidade e rapidez em chegar a Alcaníces, vindos de outras localidades para deesfrutar da natureza, da gastronomia e da qualidade de vida do meio rural.
T.M.N.: Mas a auto-estrada também poderá afastar gente de Alcanices?
D: G. C.: Sim, da perspectiva económica, a autoestrada provavelmente vai afastar automobilistas de Alcanices e portanto causará um decréscimo nos negócios. Ainda assim, sublinho que Alcanices é uma localidade fronteiriça que vive muito do comércio local, sobretudo com Portugal. Em suma, a autoestrada traz prós e contras e portanto teremos que trabalhar para encontrar respostas para minimizar as contrariedades. Ainda assim, prevê-se que a construção da auto estrada A11 – Duero demore 10 anos, ou seja, só em 2035 estará concluída.
A Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes (CIM-TTM) promoveu no dia 24 de junho, o Seminário Internacional – Património Industrial em Trás-os-Montes, uma iniciativa que visa valorizar e divulgar a riqueza do património industrial da região, como motor de desenvolvimento sustentável e identitário.
O evento decorreu na Casa da Seda, em Bragança, onde se reuniram especialistas nacionais e internacionais, representantes institucionais e agentes locais.
A iniciativa insere-se no projeto “IN GENIOS Duero Douro”, uma estratégia transfronteiriça que pretende reforçar a cooperação entre Portugal e Espanha, promovendo o turismo sustentável a partir do património cultural e industrial comum.
Neste encontro, os temas em destaque foram: a “A Indústria da Seda em Trás-os-Montes”, reavivando assim a memória e a importância deste setor na região; e a “A Microprodução de Energia na Casa da Seda – A 1.ª Central Hidroelétrica de Abastecimento a Bragança”.
Anteriormente, a 23 de julho de 2024, o Centro Interpretativo das Minas de Argozelo foi o local de apresentação do projeto transfronteiriço “In_Genius_Duero_Douro”. Na altura, os intervenientes, portugueses e espanhóis, realçaram que este projeto visa inventariar e promover o património industrial existente nos dois lados da fronteira, como é o caso das antigas minas de estanho e volfrâmio, na vila de Argozelo.
Em Trás-os-Montes também referenciado o Complexo Agroindustrial do Cachão, no concelho de Mirandela.
Do lado espanhol, Joaquim Garcia, coordenador do projeto explicou que, numa primeira fase, vai proceder-se à identificação do património industrial existente na região autónoma de Castela e Leão (Espanha) e nos nove concelhos da Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes (CIM-TTM).
Questionado sobre que património industrial existe em Castela e Leão e em Trás-os-Montes, o coordenador do In_Genius_Duero_Douro deu como exemplos, os antigos moinhos de água, as linhas ferroviárias e as minas.
Joaquim Garcia sublinhou a importância do caráter transfronteiriço deste projeto, que tem como objetivo definir uma estratégia comum de valorização do património industrial, que impulsione a economia destas duas regiões.
O responsável espanhol acrescentou que no desenvolvimento do projeto é importante envolver os agentes locais, que possam beneficiar com o turismo dito industrial.
O projeto transfronteiriço “In_Genius_Duero_Douro” é cofinanciado pela União Europeia (UE) através do programa “Interreg VI A Espanha – Portugal (POCTEP) 2021-2027”.
Neste projeto participam instituições espanholas. como a Fundación Santa Maria La Real del Património Histórico, a Junta de Castela e Leão, a Direção General de Património Cultural, a Associação Ibérica dos Municípios Ribeirinhos do Douro (AIMRD), AEICE e o Ajuntamento de Zamora.
Do lado português, estão envolvidas a Comunidade Intermunicipal Terras de Trás-os-Montes (CIM-TTM), Instituto Politécnico de Bragança (IPB), Turismo Porto e Norte, o Ministério da Cultura e o Instituto do Património e Cultura.
Vai ser implementada em Portugal, a primeira edição do programa de empreendedorismo “Entama”, através de uma iniciativa da EDP, que tem por finalidade apoiar o lançamento e consolidação de pequenos projetos empresariais, nas regiões de Trás-os-Montes e no Minho.
O Entama – designação que se inspira numa palavra de origem asturiana que significa ‘dar início a algo’ – pretende ser um motor de transformação das comunidades locais, através da promoção do empreendedorismo, alinhado com valores como a valorização dos recursos locais, o turismo sustentável, novos serviços locais, soluções inovadoras e a transição energética.
Segundo o programa “ENTAMA”, o período de candidaturas foi prolongado até 18 de julho e os apoios podem chegar até 20 mil euros por projeto.
“Inspirado no sucesso do programa lançado pela EDP em Espanha – que este ano chegou à sua sexta edição – o ‘ENTAMA” vai ser replicado em Portugal com o mesmo objetivo: estimular a economia local, fomentar a criação de emprego, promover a igualdade de oportunidades e contribuir para a fixação da população em áreas de menor densidade populacional”, indica a EDP.
Promover a igualdade de oportunidades é outro dos objetivos do programa, que visa assim contribuir para reforçar o empreendedorismo e a inclusão de mulheres no mercado de trabalho.
Segundo a elétrica, além do apoio financeiro, o “Entama” disponibiliza uma plataforma ‘online’ que permitirá aos candidatos submeter as suas propostas, aceder a recursos e estabelecer parcerias com outros empreendedores locais – que, em Espanha, levam o nome de “entamadores” – promovendo uma comunidade ativa de inovação e colaboração.
Criado pela EDP em Espanha, o Entama já impulsionou 56 projetos com mais de 600 mil euros de investimento em regiões como as Astúrias e Cádis, em áreas como o turismo sustentável, a valorização de produtos locais e a gestão de resíduos. Projetos como o comboio turístico em Brañagallones ou a Agrolinera para resíduos lácteos são exemplos do impacto positivo da iniciativa.
Barragens: Associação de Municípios do Baixo Sabor reclama 9,2 milhões de euros de rendas em atraso
A Associação de Municípios dos Baixo Sabor (AMBS) exortou a EDP e a Movhera, a pagarem mais de mais de 9,2 milhões de euros de rendas em atraso, devidas aos quatro municípios que integram este território transmontano.
“Hoje temos a certeza que estas rendas são devidas aos nossos territórios. O que queremos acima de tudo a que a lei seja cumprida de uma vez por todas”, disse o presidente da AMBS, Eduardo Tavares, que lidera o município de Alfândega da Fé.
Em conferência de impressa, os autarcas de Alfândega da Fé, Mogadouro, Torre de Moncorvo e Macedo de Cavaleiros, no distrito de Bragança, reclamaram “os mais de 9,2 milhões de euros de obrigações legais e contratuais não cumpridas há anos, referentes a rendas e medidas compensatórias” pela construção do aproveitamento hidroelétrico do Baixo Sabor.
“O parecer da Procuradoria-Geral da Republica (PGR), recebido a 19 de junho de 2025, valida assim a interpretação jurídica defendida pela AMBS, ao reconhecer que a fórmula de cálculo das compensações prevista no decreto-lei em vigor, e nos protocolos assinados com a EDP, permanece aplicável. Ou seja, o decreto-lei está vigente”, defendeu Eduardo Tavares.
Segundo adiantou, este parecer da PGR “já foi homologado pela senhora ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, e agora a posição oficial do Governo está vinculada a este documento”.
Os autarcas esperam agora que “a tutela mande executar os respetivos despachos normativos que são exigidos nesta situação”, disse o presidente da Câmara de Alfândega da Fé.
Os quatro autarcas do Baixo Sabor estabeleceram o final do mês de julho como prazo limite para que a ministra Maria da Graça Carvalho produza os despachos que regularizam esta situação, garantindo que, caso o reclamado não seja cumprido, vão esgotar todos aos recursos previstos na lei.
De acordo com o também presidente da AMBS, esta decisão representa, “a partir de agora, a interpretação e posição oficiais do Estado e da Administração Pública, pelo que cabe ao atual Governo fazer repor o mais rápido possível o pagamento das rendas”.
“Com o parecer da PGR, aquilo que era nossa convicção é hoje uma certeza. Os nossos territórios têm sido duramente prejudicados com a complacência do Estado e dos sucessivos governos”, vincou Eduardo Tavares.
Os autarcas do Baixo Sabor reiteram que estes montantes “são essenciais para executar projetos do Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável dos Lagos do Sabor, fundamentais para combater a desertificação e criar condições de fixação de população através do turismo, da mobilidade e do apoio ao empreendedorismo local”.
Segundo a AMDS, “com base no processo nº 6/24 e através do parecer n.º 24/2024, homologado há dias pela ministra do Ambiente e Energia, por via do despacho 188/MAEN/2025, a PGR veio dar razão aos argumentos legais que estão na base da posição dos municípios de Alfândega da Fé, Macedo de Cavaleiros, Mogadouro e Torre de Moncorvo no diferendo que os opõe à EDP – Energias de Portugal e à Movhera, que desde de 2020 é a concessionária do aproveitamento hidroelétrico do Baixo Sabor”.
A associação refere ainda que esta decisão “surge depois de anos de negociações sem sucesso com as entidades concessionárias e vai agora abrir caminho à reposição da justiça nos territórios com explorações hidroelétricas”.
A albufeira do Baixo Sabor estende-se ao longo de 60 quilómetros, desde a zona da barragem até cerca de 5,6 quilómetros a jusante da confluência do rio Maçãs com o rio Sabor, ocupando áreas dos concelhos de Torre de Moncorvo, Alfândega da Fé, Mogadouro e Macedo de Cavaleiros.
Ensino: Matriculas do 5º ano decorrem até 11 de julho
As matrículas dos alunos que em setembro vão para o 5.º ano de escolaridade decorrem de 1 a 11 de julho.
A renovação da matrícula na transição para o 5.º ano é obrigatória e pode ser feita ‘online’ no Portal das Matrículas ou presencialmente nas escolas.
Além do 5.º ano, entre 1 e 11 de julho devem também inscrever-se os alunos que transitaram para o 2.º, 3.º ou 4.º anos de escolaridade, mas apenas no caso de mudarem de escola ou encarregado de educação.
Se não houver alterações, a renovação é automática.
Entre 15 e 22 de julho realizam-se as matrículas dos alunos que vão para os 10.º e 12.º anos de escolaridade.