Saúde: Apresentação do livro “Cuidados Paliativos Pediátricos – Percursos”

Saúde: Apresentação do livro “Cuidados Paliativos Pediátricos – Percursos”

No próximo sábado, dia 19 de março, vai ser apresentado o livro “Cuidados Paliativos Pediátricos – Percursos”, do professor Lincoln Justo da Silva, em coautoria com a Dra. Maria José Ferrão (Filósofa) e a Doutora Marta Brites (Bioeticista).

Nesta apresentação está prevista uma homenagem à Dra. Jacinta Fernandes, à qual o autor dedica o primeiro capítulo deste livro, inspirado no seu percurso pessoal e profissional desenvolvido nas terras de Miranda.

A apresentação da obra dedicada aos cuidados de saúde está agendada para as 15h00, na Biblioteca Municipal António Maria Mourinho, em Miranda do Douro.

«Ao abordarmos alguns aspetos dos cuidados paliativos iremos mostrar que, para além do imprescindível imperativo científico, existe uma outra dimensão da medicina e a possibilidade da descoberta de uma humanidade que nos faz sermos pessoas e seres únicos, portadores de uma individualidade desde o momento em que nascemos até ao momento em que a morte nos acontece. E é neste horizonte tão vasto quanto a imaginação pode abarcar que os cuidados paliativos encontram um lugar e uma missão. Neste enquadramento, este livro convida o leitor a percorrer connosco esta viagem. Quantas vezes o menos pode mais?» – escreve o professor Lincoln Justo da Silva.

HA

Solidariedade: Mirandeses mobilizam-se no apoio à Ucrânia

Solidariedade: Mirandeses mobilizam-se no apoio à Ucrânia


A sociedade civil de Miranda do Douro está a mobilizar-se na angariação, triagem e embalamento de produtos alimentares e outros bens, um trabalho totalmente voluntário com o objetivo de apoiar a população ucraniana.

O refeitório do pavilhão multiusos, em Miranda do Douro, cedido pela autarquia, é o centro de toda a logística da campanha de apoio à Ucrânia. Aí chegam os bens doados por pessoas singulares, famílias, comerciantes, empresas, associações e pela paróquia de Miranda do Douro.

De acordo com Pedro Silva, voluntário, a mobilização da sociedade civil em Miranda do Douro está a ser extraordinária.

“Criou-se uma onda de solidariedade entre pessoas, famílias, comerciantes e empresas de Miranda do Douro, nesta campaanha de ajuda à Ucrânia”, disse.

Segundo o voluntário, a autarquia de Miranda do Douro tem um papel importante ao disponibilizar o transporte e um espaço físico para proceder à triagem e embalamento dos muitos produtos já doados.

“Nos primeiros dias desta campanha, houve uma grande adesão de voluntários para realizar a triagem e embalamento dos bens”, informou.

Entre os bens mais solicitados estão os medicamentos, o material médico, mantas térmicas, sacos-cama, roupa interior, produtos de higiéne para bebé, produtos alimentares para bebé, enlatados e bolachas.

O envio dos produtos para os centros de acolhimento de refugiados, na fronteira da Polónia com a Ucrânia, está a ser coordenado com a embaixada da Ucrânia, em Portugal.

Pedro Silva informou ainda que as tarefas de triagem e embalamento dos produtos se dirigem a toda a população e basta aparecer no refeitório no mini-auditório, em Miranda do Douro ou contatar os voluntários: Raúl Silva – 968 016 439, Didier – 933 946 127 e Rui Valdemar- 910034273.

De acordo com a organização, o município de Miranda do Douro e algumas famílias locais disponibilizaram-se também para acolher famílias de refugiados ucranianos, sendo que até ao momento uma família ucraniana já chegou e está instalada em Miranda do Douro.

Recorde-se que a Rússia iniciou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 726 mortos e mais de 1.170 feridos, incluindo algumas dezenas de crianças, e provocou a fuga de cerca de 4,8 milhões de pessoas, entre as quais três milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

HA

Voleibol: Miranda do Douro volta a ser o local de estágio de Portugal e de Espanha

Voleibol: Miranda do Douro volta a ser o local de estágio de Portugal e de Espanha

Miranda do Douro volta a ser o local escolhido para a realização de um estágio das seleções de Portugal e de Espanha de voleibol, sub-20, que vai decorrer nos dias 18, 19 e 20 de março, no pavilhão multiusos.

Portugal e Espanha vão realizar 3 jogos de preparação, no pavilhão multiusos de Miranda do Douro, nos dias 18, 19 e 20 de Março.

A seleção portuguesa de voleibol sub-20 chegou a Miranda do Douro no dia 16 de março para realizar um estágio de cinco dias, até 20 de março, com o objetivo de preparar a participação na fase de apuramento para o Europeu Sub-20 masculinos.

O campeonato da Europa sub-20 vai ser disputado de 8 a 10 de abril, em Viana do Castelo.

Neste estágio em Miranda do Douro, a Selecção Nacional de Sub-20 Masculinos, orientada por Nuno Pereira, vai realizar 3 jogos de preparação com a sua congénere espanhola, no pavilhão multiusos de Miranda do Douro, nos dias 18, 19 e 20 de Março.

Horário dos jogos:

Sexta-feira, 18 março
18h00 – PORTUGAL x Espanha, no Pavilhão Multiusos de Miranda do Douro

Sábado, 19 março
18h00 – PORTUGAL x Espanha, no Pavilhão Multiusos de Miranda do Douro

Domingo, 20 março
10h00 – PORTUGAL x Espanha, no Pavilhão Multiusos de Miranda do Douro

De acordo com o selecionador nacional, Nuno Pereira, a maioria dos jovens jogadores portugueses já disputam o campeonato da primeira divisão em Portugal.

Sobre as expetativas nacionais para os jogos de apuramento para o campeonato europeu sub-20, Nuno Pereira, adiantou que Portugal tem expetativas muitas altas e quer estar na fase final campeonato da Europa.

“Esta seleção sub-20 gosta de grandes desafios. Quanto maior é o desafio, maior é a nossa ambição para participar nas grandes competições”, disse.

Relativamente ao regresso a Miranda do Douro, o selecionador nacional sublinhou que os atletas são muito bem acolhidos e dispõem de excelentes condições para a realização do estágio.

Por sua vez, o vice-presidente do município de Miranda do Douro, Nuno Rodrigues, referiu que esta nova estadia das seleções de voleibol de Portugal e de Espanha tem um triplo objetivo: descentralizar os eventos desportivos para o interior do país, incutir o gosto pela modalidade nas crianças e jovens da região e continuar a promover o concelho de Miranda do Douro, quer em Portugal quer na vizinha Espanha.

Sobre a estadia das seleções, o autarca adiantou que o município de Miranda do Douro assume os encargos do alojamento, do transporte e a alimentação dos atletas.

Recorde-se que em dezembro de 2021, Miranda do Douro já tinha sido o local escolhido para o estágio das seleções sub-18 de Portugal e de Espanha.

HA

Ambiente: APA diz que é preciso apostar na eficiência e poupança de água

Ambiente: APA diz que é preciso apostar na eficiência e poupança de água

O vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) defendeu que é necessário apostar cada vez mais na eficiência e poupança de água, através de sistemas mais eficientes e com a reutilização de águas para usos não potáveis.

“Temos de ser mais eficientes, apostar na eficiência, quer nos centros urbanos, quer na agricultura. Na agricultura, se há sistemas muito eficientes, também os há com perdas de mais de 40 a 50% de água”, alertou.

No final de uma reunião da Subcomissão Regional da Zona Centro da Comissão de Gestão de Albufeiras, que a APA promoveu durante em Coimbra, Pimenta Machado sublinhou que há ainda um grande caminho a percorrer em matéria de eficiência e poupança de água.

“Devemos apostar na reutilização de águas das ETAR [estações de tratamento de águas residuais] para usos não potáveis. Não faz sentido nenhum usarmos a água que bebemos para lavar o caixote do lixo ou para regar um jardim público: devemos apostar nas origens alternativas”, apontou.

Aos jornalistas, o vice-presidente da APA referiu que durante a tarde foi deixado um apelo aos municípios, no sentido de promoverem campanhas para a poupança de água ou ainda para apostarem em sistemas de rega inteligentes em jardins públicos.

“Pedimos também para se reduzir ao mínimo a lavagem de ruas e equipamentos, e para utilizarem as águas das ETAR, para usos não potáveis, como a rega de jardins, a lavagem de ruas e de equipamentos”, informou.

De acordo com Pimenta Machado, foi também suspensa a possibilidade de se poderem fazer novas captações de água subterrâneas, acrescentando que 66% do território nacional está em seca extrema, 29% em seca severa e 5% em seca moderada.

“As chuvas dos últimos dias permitiram recuperar níveis nas albufeiras e humidade nos solos, mais a norte e no centro, enquanto a sul do Tejo a recuperação foi muito residual”, revelou.

Na região Centro, na Aguieira, no Mondego, o nível da albufeira “está abaixo do nível dos últimos anos, tem menos 1,7 metros”, enquanto a Barragem das Fronhas tem “menos 4,7 metros de água do que devia ter”.

“A Aguieira está a recuperar, mas vamos manter a medida tomada a 01 de fevereiro, de forma a chegarmos a maio e termos a Aguieira na quota 124, para assegurar aquilo que é a campanha de rega, mas também o consumo humano na Figueira da Foz e das duas grandes empresas. Estamos otimistas que vamos conseguir”, sustentou.

Pimenta Machado evidenciou que nos casos das barragens da Aguieira, Raiva e Fronhas “o compromisso é de salvaguardar água para consumo humano”.

“Queremos guardar água em todos os sistemas para garantir dois anos de água para consumo humano, esse é o nosso compromisso, é esse o uso prioritário, não pode faltar água às populações. Este é o uso prioritário e todas as medidas que tomámos são para dar essa segurança, em todas as regiões”, concluiu.

Os meses de janeiro e fevereiro deste ano “foram os mais secos de sempre, desde que há registo”.

Fonte: Lusa

Opinião: Inepta deputação

Opinião: Inepta deputação

Com a entrada em vigor da lei 69/2021, de 20 de Outubro, a partir de 1 de Janeiro de 2022, passou a ser possível, em todas as Juntas de Freguesia, a opção para os Presidentes de Junta poderem exercer o seu mandato em regime de meio tempo, sendo esses custos suportados pelo Orçamento do Estado, ou seja, os Presidentes de Junta, que optarem por esta solução, passam a auferir vencimento.


A mesma lei estatui que o Presidente de Junta pode delegar o exercício do Regime em questão noutro membro da Junta de Freguesia. Nesse sentido, essa delegação terá de ser aprovada em reunião de Junta, elaborada a respectiva acta e enviada para a Direcção Geral das Autarquias Locais (DGAL).


Até aqui parece tudo dentro da normalidade. Mas puro engano. Quando o legislador decidiu elaborar a Proposta de Lei, em questão, antes da sua
aprovação, pela Assembleia da República, publicação e entrada em vigor, deveria ter esclarecido as seguintes questões:

A primeira questão que deveria ter sido aclarada juridicamente, era a seguinte: podem os funcionários públicos acumular o meio tempo, com as funções públicas que desempenham, ou têm de ficar em Comissão extraordinária de serviço?

Têm sido várias as opiniões sobre este tema, uns a dizer que sim, que podem acumular (como por exemplo, parecer da ANAFRE), outros a dizer que não.

Não sendo eu da área do direito e utilizando o principio da prudência, chamo à atenção para o parecer do Conselho Consultivo da Procuradoria Geral da
República 12/2015, que diz o seguinte: “o exercício do cargo de eleito em regime de tempo inteiro ou meio tempo não pode ser acumulado com um
emprego público sujeito ao regime estabelecido no artigo 21.º da LGTFP, já que as referidas funções não assumem natureza esporádica ou pontual sendo configuradas como atividade pública de índole profissional”.

(…)


Sem prejuízo, o exercício do mandato autárquico em regime de meio tempo por parte de trabalhadora com contrato de trabalho em funções públicas cabe na previsão do n.º 2 do artigo 22.º do EEL (aplicável ao caso conforme o artigo 11.º da Lei n.º 11/96, de 18.04), que estatui:

«Os funcionários e agentes do Estado, de quaisquer pessoas colectivas de direito público e de empresas públicas ou nacionalizadas que exerçam as funções de presidente de câmara municipal ou de vereador em regime de permanência ou de meio tempo consideram-se em comissão extraordinária de serviço público». Ou seja, o trabalhador pode exercer o seu mandato autárquico em regime de meio tempo, desde que o faça em comissão extraordinária de serviço público, tendo, para tal, de suspender o seu contrato na origem na mesma proporção (meio tempo).

A segunda questão que deveria ter ficado esclarecida é a seguinte: quem já trabalha e desconta para a segurança social, se optar por este regime de meio tempo, tem de voltar a descontar para a segurança social? Ou como já desconta não precisa. Aqui a confusão tem sido ainda maior, uma vez que nem os próprios centros regionais de segurança social se entendem. Cada um tem a sua opinião. Aplica-se e o principio de que as opiniões são como as cerejas, cada um tem a sua.


Para se evitar toda esta confusão, deveria o legislador – vulgo Deputados – ter, antes de votar a presente alteração legislativa, pensado (coisa cada vez mais rara na Deputação), nas implicações que decorriam da presente alteração legislativa. Deveriam ter feito uma espécie de tabela e aclarado todas estas questões, a bem da segurança jurídica, a bem da democracia e a bem de todos os autarcas de freguesia, democraticamente eleitos, que dão o seu melhor em prol da sua população e que não mereciam estar metidos nesta embrulhada jurídica.


Da minha parte, independentemente das opções que sejam tomadas, apenas desejo que, o mais breve possível, estas questões fiquem esclarecidas e que a democracia possa seguir com naturalidade.


Fernando Vaz das Neves
(Deputado Municipal na Assembleia Municipal de Miranda do Douro)

Música: Palaçoulo vai acolher o primeiro dos “Concertos de Primavera”

Música: Palaçoulo vai acolher o primeiro dos “Concertos de Primavera”

A Igreja paroquial de Palaçoulo vai acolher no Domingo, dia 20 de março, às 16h00, o primeiro dos “Concertos de Primavera”, uma iniciativa do município de Miranda do Douro, cujo propósito é descentralizar a atividade cultural e levá-la às aldeias do concelho de Miranda do Douro.

Após o sucesso dos concertos realizados no decorrer dos meses de inverno, o Município de Miranda do Douro vai apresentar agora os “Concertos de Primavera”.

O primeiro deste ciclo de concertos vai ser protagonizado pelo grupo Ensemble de Sopros Mie Miranda, no próximo Domingo, dia 20 de março, às 16h00, na igreja paroquial de Palaçoulo.

A Mie Miranda é uma das várias associações culturais do concelho de Miranda do Douro.

Atualmente, a associação tem dois grupos: o “Beche i Chiba” mais vocacionado para a animação de rua; e o grupo “Ensemble de Sopros Mie Miranda” que realiza concertos.

Esta associação cultural foi criada em 2018 por um grupo de amigos músicos, com a missão de organizar eventos culturais na cidade e no concelho de Miranda do Douro e simultaneamente incutir na população o gosto pela cultura, pela arte, o interesse pela música e o desenvolvimento do talento musical.

Sobre o concerto do próximo Domingo, Pedro Velho, presidente da Mie Miranda – Associação cultural, adiantou que vão executar várias peças musicais, clássicas, ligadas ao cinema e que transmitam a alegria da mudança de estação com a chegada da Primavera.

HA

Miranda do Douro: Boston College digitaliza “Livro de Missas” único do século XVII

Miranda do Douro: Boston College digitaliza “Livro de Missas” único do século XVII

O único exemplar sobrevivente do “Livro de Missas, Magnificas e Motetes”, de Diego de Bruceña, impresso há 400 anos e descoberto na Concatedral de Miranda do Douro, está a ser digitalizado pelo Boston College, antecedendo a interpretação em concerto.

Para o musicólogo Michael Noone, responsável pelo Departamento de Música da universidade norte-americana – uma das principais academias na investigação da música antiga e do período barroco, a nível mundial – esta coletânea da polifonia sacra da Renascença constitui “um grande tesouro da história da música da Península Ibérica”.

Dos 40 exemplares do “Livro de Missas, Magnificas e Motetes”, de Diego de Bruceña, impressos em 1620 pela casa de Susana Muñoz, só está comprovada a existência do exemplar descoberto em 2015, em Miranda do Douro, tendo por isso despertado desde logo a curiosidade da comunidade musicológica internacional.

“Até essa data [2015], pensava-se que todas as composições de Bruceña estavam perdidas para sempre, mas a excecional descoberta deste exemplar permitiu recuperar grande parte [da sua obra] de música sacra, do início do século XVII”, disse a diretora do Museu Terra de Miranda, Celina Pinto.

O livro tem uma capa de madeira com 92 centímetros de largura e 60 de altura, e foi impresso na cidade de Salamanca, Espanha, pela “prodigiosa gravadora de música sacra Susana Muñoz”.

Esta “empreendedora mulher de negócios, através de sucessivos casamentos estratégicos, com figuras-chave da florescente atividade tipográfica de Salamanca”, como Antonio Pérez e Artus Taberniel, manteve uma atividade constante entre 1602 e 1625, tendo impresso mais de 120 títulos de música sacra, um número recorde em relação a qualquer outra empresa ibérica, na Era Moderna, segundo os investigadores.

O exemplar sobrevivente tem 210 páginas, tendo sido identificada a perda de 80 o que impõe um trabalho minucioso de reconstituição musicológica, de modo a suprimir as partes musicais em falta.

As obras aqui recolhidas, segundo os investigadores, apresentam texturas sonoras complexas, em termos melódicos e rítmicos, características da polifonia ibérica tardia, podendo congregar até 11 vozes.

A proximidade de Susana Muñoz a Pérez e Taberniel, e à importância da tradição flamenga da impressão, é “mais um aspeto que vem sublinhar a importante relação cultural entre Antuérpia e Miranda do Douro, mas é também um testemunho profundo da riquíssima vida musical da catedral no século XVII”, sublinhou a diretora do museu.

O objetivo do minucioso processo de estudo e digitalização a que o “Livro de Missas…” está agora a ser submetido, tem por objetivo a sua disponibilização à comunidade científica, assim como a músicos, intérpretes e público em geral.

O trabalho de digitalização está a ser coordenado pelo musicólogo e regente Michael Noone, responsável máximo pelo departamento de música do Boston College, instituição de origem jesuita, com mais de 150 anos de história.

“Dos 40 livros impressos em 1620 e que foram distribuídos por várias catedrais europeias, não há conhecimento, até ao momento, que mais algum exemplar deste Missal de Diego de Bruceña, tenha sobrevivido”, explicou o investigador, especializado em música do Renascimento.

Michael Noone teve o primeiro contacto com o livro há cerca de três anos, quando visitou pela primeira vez a cidade de Miranda do Douro, por causa da obra em causa, e depressa percebeu que estava perante “uma pérola” da música sacra europeia.

“Esta era a peça que faltava de um conjunto de livros de música sacra impressos por Susana Muñoz, no início do século XVII”, disse agora o investigador, em nova visita.

A digitalização em curso obedece a critérios “de alta-definição”, sendo “tiradas cerca de uma centena de fotos a cada página do livro”.

De acordo com o investigador, o trabalho tem de ser concretizado no Museu da Terra de Miranda, já que era praticamente impossível deslocar este livro para Boston “dada a sua fragilidade”.

“Agora vamos proceder à colocação destas 100 fotos por página na internet para que a obra – este grande tesouro da história da música da Península Ibérica – esteja ao alcance de todos”, vincou Michael Noone.

O livro, segundo o especialista, diz muito sobre a “alta cultura musical” praticada há 400 anos na região fronteiriça de Espanha, entre Zamora, Salamanca e Miranda do Douro.

“Apesar de incompleto, é muito fácil interpretar as peças musicais escritas nas 210 páginas que resistiram à passagem do tempo”, frisou o musicólogo, numa alusão à natureza da polifonia e ao processo de sobreposição das suas linhas melódicas proeminentes.

Compositor sacro dos séculos XVI e XVII, Diego de Bruceña terá gozado de grande fama no seu tempo, embora a perda de grande parte das suas obras o tenha votado ao esquecimento.

Registos da época colocam-no como mestre da capela da catedral de Orense e de Oviedo, numa primeira fase, culminando o seu percurso em Zamora, a partir de 1608, depois de uma passagem breve por Burgos. Das suas obras são destacados motetes como “Lauda Jerusalem Dominum” e “De Profundis”.

A descoberta deste “Livro de Missas, Magnificas e Motetes” resgata assim o seu nome e a sua obra, como a comunidade musicológica destaca.

No próximo dia 02 de abril, um conjunto de obras deste único exemplar do livro de Bruceña serão interpretadas em Londres pelo agrupamento The Renaissance Singers of London, dirigido por David Allinson, especializado no repertório da Música Antiga.

Terminado o trabalho de digitalização, a Concatedral de Miranda do Douro acolherá igualmente, e pela primeira vez, um conjunto de concertos com base neste livro de 400 anos, para dar a conhecer uma expressão sofisticada da polifonia do seu tempo.

O trabalho dos especialistas da universidade de Boston decorre em colaboração com a Concatedral e o Museu da Terra de Miranda.

Fonte: Lusa

Dia Internacional da Mulher: «Sou a primeira mulher a integrar a equipa executiva do município de Vimioso» – Carina Lopes

Dia Internacional da Mulher: «Sou a primeira mulher a integrar a equipa executiva do município de Vimioso» – Carina Lopes

Carina Machado Lopes é professora, casada e mãe de dois filhos. Natural de Argozelo, licenciou-se em línguas e exerceu a docência ao longo de 15 anos. O entusiasmo pelo saber fê-la iniciar e concluir um mestrado sobre a importância da cultura no desenvolvimento local. Esta investigação despertou-lhe o interesse por uma participação política mais ativa. Nas eleições autárquicas de setembro de 2021 foi convidada para integrar a lista do PSD. Com a vitória, foi eleita a primeira mulher vereadora da Câmara Municipal de Vimioso.

Carina Lopes é vereadora da Câmara Municipal de Vimioso (HA)

Terra de Miranda – Notícias: Celebrou-se a 8 de março, o Dia Internacional da Mulher, para celebrar as conquistas das mulheres nos contextos culturais, sócioeconómicos e políticos. Carina Lopes Machado é a primeira mulher a integrar uma equipa executiva da Câmara Municipal de Vimioso. Como podem as mulheres assumir, cada vez mais, cargos de responsabilidade e liderança política?

Carina Machado Lopes: Por razões culturais, a predominância de homens na política foi sempre uma constante. Recentemente, a lei da paridade foi um grande contributo para que eu e outras mulheres tivéssemos mais oportunidades de assumir responsabilidades políticas e governativas.

T.M.N.: Quando diz que a predominância dos homens na política se deve a uma questão cultural, refere-se a quê?

C.M.L.: Significa que nós as mulheres sempre tivemos o trabalho acrescido do casamento, da maternidade, da educação dos filhos, da lida da casa, etc., e isso acabava por ocupar muito do nosso tempo. Ao passo que os homens sempre tiveram mais disponibilidade para se dedicarem à carreira profissional e à política. Mas hoje em dia, a realidade está a mudar. Veja-se, por exemplo que, atualmente no ensino superior há mais mulheres do que homens.

T.M.N.: Assumiu o cargo de vereadora na Câmara Municipal de Vimioso em outubro de 2021. Passados 5 meses, o que mudou na sua vida?

C.M.L.: Antes, eu era professora e o volume de trabalho é similar ao que realizo agora como autarca. A grande diferença é que agora passo um pouco mais de tempo fora de casa, por força dos constantes compromissos, reuniões, atividades e eventos promovidos pelo município de Vimioso.

T.M.N.: Tendo adquirido formação e experiência profissional na área do ensino, o que a motivou a enveredar pela política?

C.M.L.: Sou da opinião que a política precisa, cada vez mais, de pessoas com vontade de trabalhar. Há dez anos que sou militante do partido social-democrata (PSD) e sempre me interessei pela política. É verdade que o meu percurso foi na área do ensino, onde concluí duas licenciaturas em português-francês e português-espanhol. Iniciei depois um mestrado em cultura, com a preocupação de relacionar a área cultural com a política. Pensei que se um dia viesse a trabalhar numa autarquia gostaria de trabalhar na área cultural. Daí que o tema da minha tese de mestrado seja a “Importância da cultura no desenvolvimento local”. Ou seja, como é que cultura pode desenvolver os territórios?

T.M.N.: E investigou os concelhos de Vimioso, Miranda do Douro e Bragança?

C.M.L.: Sim, são três concelhos que conheço bem. Concluí que é precisamente através da cultura que se desenvolvem territórios de baixa densidade populacional. Nestas localidades, quase não há indústrias, o despovoamento é contínuo e só há uma maneira de dar a conhecer a região: é através dos aspetos culturais que nos caraterizam e diferenciam. Há que divulgar o território e a sua cultura. E a cultura inclui a gastronomia, o património, as tradições, os usos e costumes, etc.

T.M.N.: O que mais se destaca culturalmente nestes três concelhos?

C.M.L.: Nos concelhos de Vimioso, Miranda do Douro e Bragança há um património imenso. E há também inúmeras festas e eventos. No concelho de Vimioso verifiquei que a grande lacuna era a deficiente divulgação das atividades e promoção do património. E dou o exemplo das Termas de Vimioso. Este complexo termal é único no distrito de Bragança! Mas só por si, não dá suficiente projeção e visibilidade ao concelho. E porquê? Porque não podemos divulgar as termas isoladamente. Quem vem às termas, também quer ir almoçar a um restaurante, quer saber que unidades hoteleiras existem em Vimioso e quer saber ainda que outras atividades e eventos estão a acontecer no concelho.

T.M.N.: Vimioso tem pouca oferta hoteleira?

C.M.L.: Sim, essa é outra lacuna. Gostaríamos, por exemplo, de organizar excursões para os visitantes usufruírem das termas e do concelho.  Mas a oferta de camas é reduzida, pelo que precisamos de um investidor para construir um hotel com maior capacidade de alojamento em Vimioso.

T.M.N.: O turismo é importante para estes concelhos?

C.M.L.: Sim, o turismo é muito importante para esta região. Porque a nossa principal necessidade é a afluência e a fixação de pessoas neste território. Daí que a maior fatia do investimento deva ser na área cultural, com o objetivo de despertar o interesse das pessoas e atrair gente e investimento para o nosso concelho.

T.M.N.: Miranda do Douro é um bom exemplo na atração de turistas?

C.M.L.: Sim, surpreendentemente! Em 2018, verifiquei que Miranda do Douro tinha mais turistas do que a capital de distrito, Bragança. E porquê? Por causa das campanhas de divulgação. Quando se visita uma cidade ou uma localidade, é importante dar a conhecer às pessoas o que aí existe: o castelo, o museu, o restaurante, o hotel, o cinema, o teatro, os pauliteiros, os gaiteiros, a catedral, as termas, etc. Isso não significa que os turistas estejam interessados em visitar tudo. Mas é importante informá-los sobre as várias possibilidades e os horários de funcionamento. Em Vimioso, por exemplo, constatei que as termas e outros equipamentos não estão abertos aos fim-de-semana e isso é contraproducente.

T.M.N.: Ao longo destes dois anos de pandemia, a proibição dos eventos culturais criou nas pessoas um vazio?

C.M.L.: Sim e isso é bem revelador da importância que a cultura tem na vida das pessoas. Recorrentemente ouvíamos dizer: que falta me faz o cinema! Que falta me faz o teatro! O futebol! As caminhadas! Etc. E quando é que os restaurantes têm mais afluência de pessoas? Quando há eventos, atividades e espetáculos. Por essa razão se diz que a cultura é o motor da atividade económica.

T.M.N.: Quando lhe surgiu a oportunidade de participar mais ativamente na política local?

C.M.L.: Foi através de um convite, inesperado, do Dr. Jorge Fidalgo, presidente da Câmara Municipal de Vimioso. E aceitei porque me senti preparada para o cargo, dado que tenho formação nas áreas da educação e da cultura, os pelouros que estão sob a minha responsabilidade. Para além disso, vi neste convite uma oportunidade para crescer profissionalmente, para conhecer uma nova realidade e novas pessoas e sobretudo para fazer algo pelo meu concelho.

T.M.N.: Carina Machado Lopes é casada e mãe de dois filhos. Com a sua entrada na política local, que contributo gostaria de dar para que os mais novos possam ter melhores condições de vida, no concelho de Vimioso?

C.M.L.: Fiz o primeiro discurso político na minha aldeia, em Argozelo, no decorrer da campanha eleitoral. E nesse discurso disse que a minha prioridade são as crianças e os jovens. Nesta região despovoada e envelhecida damos muita atenção às pessoas idosas. E ainda bem! Mas não podemos esquecer os mais novos. Temos que proporcionar-lhes condições, atividades e oportunidades para que cresçam e aprendam com entusiasmo e responsabilidade. Nesta faixa etária, o acesso à cultura também é muito importante. Por essa razão, o município de Vimioso esforça-se por proporcionar-lhes as melhores condições. Dou o exemplo do projeto “O cientista vai à escola”, que vai ser financiado pelo município de Vimioso, com o objetivo de proporcionar inovadoras oportunidades de aprendizagem.

T.M.N.: A distância geográfica do concelho é uma desvantagem?

C.M.L.: Sim, é outro obstáculo. Nós gostaríamos de oferecer às crianças e jovens do concelho outras possibilidades formativas, como aulas de música, de ballet ou de inglês. Contudo, temos dificuldade em contratar professores e profissionais que se disponibilizem a vir lecionar a Vimioso, duas horas por semana. Para complicar a situação, os alunos não vivem todos em Vimioso mas estão dispersos pelas aldeias do concelho.

T.M.N.: Que outros apoios presta a autarquia à juventude?

C.M.L.: A Câmara Municipal de Vimioso apoia os alunos que estudam no ensino superior, com o pagamento das propinas. Também os alunos que estudam no secundário noutras localidades, o município comparticipa com um apoio no transporte. Relativamente ao ensino secundário, sublinho que continuamos a exigir ao governo a implementação dos 10º, 11º e 12º anos, no agrupamento de escolas de Vimioso, que atualmente tem 237 alunos. Mais uma vez lembro que a partir do 9º ano, os nossos jovens são obrigados a ir estudar para outras localidades. E muitos deles acabam por desistir de estudar, pela impossibilidade de pagar as despesas do alojamento, da alimentação e do transporte. Enfim, sem os serviços básicos de educação e de saúde, não há nenhum município que consiga desenvolver-se.

T.M.N: Que mensagem gostaria de enviar às mulheres para que assumam mais responsabilidades e cargos de liderança na sociedade e na política?

C.M.L.: Na minha opinião, as mulheres sempre assumiram a liderança no dia-a-dia. E fazem-no muito bem. Dou o exemplo de duas mulheres, aqui no concelho de Vimioso, que são presidentes de Junta freguesia e são muito competentes. O mais importante é ser justa e fazer o bem o trabalho. Se assim procedermos, estou certa que vamos desempenhar o trabalho tão bem ou até melhor do que os homens.


Perfil

Carina Machado Lopes nasceu a 25 de março de 1982. É casada e mãe de 2 filhos.

É a atual vereadora, em regime de permanência, na Câmara Municipal de Vimioso.

Desde 2005, exerceu a docência em vários estabelecimentos de ensino: na Escola EB 2,3 de Arco de Baúlhe, no Instituto do Emprego e Formação Profissional-Bragança, no Lancaster College, no Instituto Politécnico de Bragança (IPB) e no Ministério da Educação.

Em 2006, licenciou-se em ensino de Português e Francês, pela Universidade do Minho.

Em 2009, concluiu outra licenciatura em Línguas e Literaturas Europeias.

Em 2018, apresentou a Dissertação de Mestrado em Comunicação, Arte e Cultura, dedicado ao tema: “A cultura nas estratégias de desenvolvimento local no distrito de Bragança”, tendo obtido 16 Valores, pela Universidade do Minho.

Atualmente é doutoranda em Ciências da Cultura, na UTAD.

Vimioso: Palombar anilha quase 900 aves de 56 espécies diferentes

Vimioso: Palombar anilha quase 900 aves de 56 espécies diferentes

Quase 900 aves de 56 espécies diferentes foram anilhadas pela organização não governamental Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural, na região de Trás-os-Montes.

Desde que foi criada, em março de 2020, realizaram-se nesta Estação de Anilhagem de Esforço Constante (EAEC), localizada na aldeia de Vila Chã da Ribeira (concelho de Vimioso), 38 sessões de anilhagem científica, durante campanhas que decorreram nos anos de 2020, 2021 e 2022 e no âmbito das quais foram anilhadas 898 aves de 56 espécies de avifauna.

Nesta estação, foram também já dinamizadas várias atividades de sensibilização e educação ambiental, bem como de formação dedicada à anilhagem científica.

A EAEC de Vila Chã da Ribeira está inserida na Zona de Proteção Especial (ZPE) e na Zona Especial de Conservação (ZEC) Rios Sabor e Maçãs da Rede Natura 2000 e encontra-se situada numa área com grande diversidade de avifauna e com habitats essenciais à sua conservação. 

Esta estação ambiental tem como principal objetivo contribuir para o estudo científico das aves que vivem na região.

A organização Palombar informa que quem pretenda saber mais sobre a Estação de Anilhagem de Esforço Constante de Vila Chã da Ribeira estão pode consultar a seguinte ligação:

https://www.palombar.pt/pt/projetos/estacao-de-anilhagem-2020/

HA

Mogadouro: Museu do Território

Mogadouro: Museu do Território começa a ganhar forma

No passado dia 25 de fevereiro foi assinado um protocolo ente o Município de Mogadouro e o Instituto Politécnico de Bragança (IPB), com o objetivo de criar um novo espaço museológico na vila mogadourense, inspirador e de (re)descoberta do legado cultural material e imaterial, tradições, usos e costumes do território.

“Trata-se de um passo importante para elaborar um projeto museológico do futuro Museu do Território e da Memória. Para o efeito, assinámos um protocolo com o Instituto Politécnico de Bragança (IPB), no passado mês de fevereiro, para dar andamento à iniciativa”, explicou o presidente da Câmara de Mogadouro, António Pimentel.

O autarca mogadourense informou que o imóvel que vai acolher o futuro museu, localizado na zona histórica da vila, junto ao castelo templário, igreja matriz e capela da misericórdia, foi doado por um particular, em 2002, ao município. O espaço será sediado no edifício denominado por “Casa do Doutor Alves”.

“Desde a doação do imóvel, em 2002, que se estabeleceram contatos com a Direção Regional de Cultura do Norte (DRC-N) para elaboração de um projeto para recuperação do imóvel e a sua musealização, só que o mesmo ficou parado no tempo, principalmente nos últimos oito anos”, vincou o autarca social-democrata.

O Museu do Território e da Memória tem como objetivo proporcionar a reflexão sobre a etnografia, arqueologia e história do concelho de Mogadouro e sobre todo o espólio já existente na atual Sala Museu de Arqueologia, que assenta em várias eras cronológicas que vão desde pré-história até ao período romano.

Ambas as entidades intervenientes neste projeto de cooperação, foram representadas na cerimónia pelos seus presidentes, António Pimentel pelo Município de Mogadouro e Orlando Rodrigues pelo IPB.

O IPB já tem no terreno uma museóloga, que começou a delinear o projeto do futuro Museu do Território e da Memória e que pretende ser “inovador” na sua conceção, privilegiando uma componente tecnológica.

“Entendo hoje a museologia como um compromisso social. Começamos pelo estudo da comunidade e, compreendendo o acervo já reunido e conservado pelo município, [pretende-se] acrescentar outras narrativas que sejam complementares à história local. Neste âmbito a comunidade é convocada a ter uma palavra na elaboração deste projeto para se sentir participante neste processo”, explicou a museóloga Emília Nogueiro.

Na opinião desta especialista, há um conceito “inovador” na forma como este museu está a ser pensado para responder às necessidades da comunidade “com um conceito de museologia critica”.

“A autarquia de Mogadouro é inovadora ao privilegiar o projeto museológico em detrimento do projeto arquitetónico, antecipando os serviços técnicos do museólogo em detrimento do projeto arquitetónico, o que vai permitir um maior envolvimento com a comunidade para que esta possa participar na configuração da narrativa do museu”, explicou Emília Nogueiro.

O protocolo de musealização do futuro espaço, em Mogadouro, tem um custo de cerca de 23 mil euros.

De acordo com o município de Mogadouro, o conteúdo deste projeto vai ao encontro do programa e objetivos definidos pela Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN) e pretende ser um ponto de interesse e atração de visitantes e turistas.

Fonte: Lusa